dezembro 17, 2015

Os Dramas Coreanos que Marcaram 2015 (Parte 1)


Para o bem ou para o mal, 2015 foi um ano dos mais prolíficos na TV coreana, tanto em termos de dramas como de programas de variedades. Para quem curte ver seus ídolos na vida cotidiana (The Return of Superman, We Got Married...), ou tendo sua resistência/paciência testada até os últimos limites (Three Meals a Day, Law of the Jungle...) 2015 foi um ano excepcional. E para quem aprecia a dramaturgia de alta qualidade da TV coreana, não faltaram boas estórias.

Divorce Lawyer in Love (SBS, 16 episódios), com Yeon Woo-jin, Jo Yeo-jeong.

O ano começou bem, com esta comédia romântica despretenciosa, mas muito agradável. Yeon Woo-jin e Jo Yeo-jeong é um casal de advogados que vive uma verdadeira montanha russa de emoções: do desprezo ao ódio, da redescoberta à amizade e, finalmente, ao amor. Um dos casais mais “quentes” da temporada. Leia a review completa aqui: Divorce Lawyer in Love


Ex-Girlfriends’ Club (tvN, 12 episódios), com Song Ji-hyo, Byun Yo-han.

Mais um projeto bacana do canal tvN, Ex-Girlfriends’ Club infelizmente não fez tanto sucesso quanto outros dramas do gênero na emissora (e acabou tendo sua duração reduzida). Pessoalmente, foi um dos meus dramas favoritos do ano... Do elenco ao roteiro, da trilha sonora à direção, O Clube das Ex-Namoradas tem tudo para agradar aos fãs de dramas mais irreverentes, marca registrada da tvN. Nunca fui uma grande fã de Song Ji-hyo (fiquei com trauma da sua vilã chatérrima no drama Goong), mas achei que ela esteve perfeita no papel de Soo-jin, a produtora de cinema apaixonada pelo trabalho, e romântica incorrigível. Byun Yo-han, por outro lado, me conquistou desde o primeiro instante em que o vi, em sua primeira participação na TV, no belo drama Misaeng (tvN, 2014). Vindo do teatro e cinema, Byun Yo-han impressiona por sua atuação camaleônica: de executivo ambicioso e namorador em Misaeng, a herói guerreiro em Six Flying Dragons (SBS, 2015), Byun Yo-han é uma das grandes revelações do cinema e TV coreanos, e tem um grande futuro pela frente como ator.


Oh My Ghostess (tvN, 16 episódios), com Park Bo-young, Cho Jeong-seok, Kim Seul-gi.

Outro drama da tvN na lista dos melhores do ano, Oh My Ghostess é quase bom demais para acreditar. Fazia tempo que eu não vibrava tanto com um romance como o de Park Bo-young e Cho Jeong-seok (King 2 Heart). Encarnando (literalmente) uma jovem possuída por um fantasma que só pensa em sexo, Park Bo-young só prova o quanto fazem falta mais atrizes de calibre nos dramas coreanos. Por mais que as adolescentes idolatrem a leva de artistas pop transmutadas em atrizes da noite para o dia, a volta de Park Bo-young à TV é como um oásis no deserto das boas atuações nas comédias românticas. 


The Time We Were Not In Love (SBS, 16 episódios), com Ha Ji-won e Lee Jin-wook.

Não há como negar que no gênero comédia romântica, a tvN ganhou de goleada dos concorrentes. Para muita gente The Time We Were Not In Love deve ter sido um dos dramas mais esperados, mas certamente foi uma das maiores decepções do ano. Francamente, os roteiristas coreanos costumam produzir material muito superior em termos de qualidade, e profundidade, que os taiwaneses e japoneses. Remake de um drama taiwanês de sucesso, The Time We Were Not In Love não soube se adaptar ao ‘clima’ dos dramas coreanos. O romance morno surgido artificialmente da longa amizade entre Ha Ji-won e Lee Jin-wook não convence por um instante sequer. Ha Ji-won nunca esteve tão linda e elegante, mas também nunca atuou tão mal – a entonação por demais aguda de sua voz, e as constantes passadas de mão no cabelo foram pequenos detalhes que me tiraram do sério!


Warm and Cozy (MBC, 16 episódios), com Kang So-ra e Yoo Yeon-seok.

Mais um drama romântico decepcionante, mas que se comparado com The Time We Were Not In Love, nem foi tão ruim assim. Pelo menos Warm and Cozy fez juz ao título, com uma ambientação aconchegante (a paradisíaca ilha Jeju) e um elenco caloroso. Mas nem mesmo o esforço de Kang So-ra e Yoo Yeon-seok, e de atores veteranos e respeitados como Lee Seong-jae e Kim Hee-jeong pôde evitar o desastre. E a culpa é toda das irmãs Hong, roteiristas tão incensadas, mas que mesmo a quatro mãos conseguem escrever mais do que diálogos constrangedores, e tramas descaradamente plagiadas. Desculpem-me o desabafo, mas está cada vez mais difícil ‘engolir’ os dramas destas senhoras, que deveriam fazer uma boa reciclagem profissional antes de nos submeter a mais um drama tão sofrível quanto este nada original Warm and Cozy – nada mais que uma longa e cara divulgação turística de Jeju.

 
She Was Pretty (MBC, 16 episódios) com Hwang Jeong-eum, Park Seo-joon, Choi Si-won, Ko Joon-hee.

Se o canal MBC pisou na bola com Warm and Cozy, ao menos se redimiu na última temporada do ano com o simpático drama romântico She Was Pretty, da criativa roteirista Jo Seong-hee (The King of High School of Manners, tvN, 2014). Com uma atuação espetacular de Hwang Jeong-eum, e a revelação de Choi Si-won como ator cômico, She Was Pretty foi uma das melhores surpresas de 2015. Imperdível para quem gosta de romances sensíveis e calorosos.


Twenty Again (tvN, 16 episódios), com Choi Ji-woo, Lee Sang-yoon.

No mesmo clima de She Was Pretty, e misturando o drama e a comédia romântica em doses homeopáticas, a tvN nos trouxe mais uma pérola, nas mãos da talentosíssima roteirista So Hyeon-kyeong (49 Days, My Daughter Seo-yeong, Two Weeks). Para este projeto a tvN trouxe um elenco de peso: a diva Choi Ji-woo, e os atores Lee Sang-yoon (Liar Game) e Choi Won-yeong (Remember Me), como seus interesses românticos. Twenty Again é um drama de ritmo mais tranquilo, mas que nos envolve pela estória enaltecedora de uma mulher que tem uma segunda chance de ser plenamente feliz na vida. Ha No-ra é um dos personagens femininos mais bonitos da história dos dramas coreanos, e a atriz Choi Ji-woo a encarnou com brilhantismo!


Unkind Women (KBS, 24 episódios), com Kim Hye-ja, Chae Si-ra, Lee Ha-na, Kim Ji-seok, Song Jae-rim, entre outros.

Apesar de Unkind Women ser um drama familiar, foi uma das séries que mais me fez rir, com suas mulheres tresloucadas, apaixonadas, e apaixonantes... Leia meu comentário sobre este drama espetacular aqui: Unkind Women


Mask (SBS, 20 episódios), com Soo Ae, Joo Ji-hoon, Yeon Jeong-hun, Yoo In-young.

Mask começa como um melodrama clássico, pesado, quase teatral, mas conquista o espectador com seu inesperado romantismo e uma dose saudável de humor negro. Dois casais muito carismáticos dividem nossa atenção (os bonzinhos Soo Ae e Joo Ji-hoon, e os deliciosamente malévolos Yeon Jeong-hun e Yoo In-young), numa trama cheia de reviravoltas, e um desfecho a altura de tantas emoções. Imperdível!


High Society (SBS, 16 episódios), com Uee, Seong Joon, Park Hyeong-sik, Lim Ji-yeon.

Outra grande decepção do ano foi High Society, um drama que deveria mirar um público jovem, mas que enganou a todos com uma trama rasteira e piegas. High Society nos deixa uma boa lição: não basta juntar um elenco de celebridades jovens e belas, se falta estória, química, e principalmente, uma dose de auto-crítica. Com uma roteirista mediana (Ha Myeong-hee, de Can We Get Married) e um PD com mão pesada para romances (Choi Yeong-hoon, de Five Fingers), High Society só tem o mérito de deslocar toda a atenção do público para o casal secundário da trama. O romance entre Park Hyeong-sik e Lim Ji-yeon é a única luz que ilumina este drama escuro e denso, que não vai deixar saudades...


Who Are You – School 2015 (KBS, 16 episódios), com Kim So-hyeon-I, Nam Joo-hyeok e Yook Seong-jae.

Todos os anos, cada emissora apresenta seu drama escolar, com o intuito de atrair o público adolescente, mas, especialmente, de lançar novos talentos. Este ano a KBS volta com sua já famosa franquia escolar, com Who Are You – School 2015. Para inovar, adicionou-se uma dose de suspense e mistério à trama, na tentativa (não tão bem sucedida) de apimentar o drama escolar clássico. O resultado foi um tanto irregular, talvez por culpa da inexperiência da dupla de roteiristas, mas mesmo assim o drama tem seus méritos. Com um elenco adolescente pra lá de competente – capitaneado pela talentosa Kim So-hyeon-ISchool 2015 é uma produção que merece ser vista, pelo público jovem, ou por quem tenha interesse em conhecer os bons atores da nova geração...


Cheer Up! (KBS, 12 episódios), com Jung Eun-ji, Lee Won-geun, Ji Soo.

Não satisfeita em ficar apenas com sua franquia ‘School’, a KBS foi a cata de mais uma leva de jovens talentos, para produzir o drama escolar Cheer Up! Infelizmente o resultado é bem mais irregular que o de School 2015. No entanto, o público pré-adolescente deve apreciar a beleza e o talento do elenco masculino, nas figuras de Lee Won-geun e Ji Soo. Se você ainda não conhece os dois rapazes, corra atrás, pois eles já estão migrando para o primeiro time de jovens atores coreanos.


Answer Me 1988 (tvN, 20 episódios), com Park Bo-geom, Ko Gyeong-pyo, Hyeri.

A franquia de sucesso da tvN ‘Answer Me...’ volta para contar a estória de uma turma que viveu intensamente os anos 80. A tvN também encontrou uma fórmula de trazer o público adolescente (e um pouco mais antenado) para a emissora, enquanto desenvolve o talento de atores pouco conhecidos, mas de grande futuro. Como todos os produtos do canal, um drama para um público diferenciado, muito mais crítico e exigente.


I Remember You (KBS, 16 episódios), com Seo In-guk, Jang Nara, Park Bo-geom, Choi Won-yeong.

Foi em Answer Me 1997 que Seo In-guk e Jung Eun-ji, dois cantores pop de sucesso foram revelados como atores. Mas, se Jung Eun-ji não tem tido tanta sorte como atriz, Seo In-guk tem tido um saldo muito positivo em sua carreira tespiana. I Remember You é um thriller inteligente, envolvente, e com um elenco irretocável. Mesmo assim, não teve uma audiência à altura de suas qualidades... Este realmente não foi o ano do canal KBS. Leia meu comentário sobre o drama aqui: I Remember You.


The Girl Who Sees Smells (SBS, 16 episódios), com Park Yoo-chun, Shin Se-kyeong, Namgung Min.

O canal SBS também tentou investir no que venho chamando de “thriller romântico” (Healer e Pinocchio são bons exemplos, todos muito comentados online, mas fracassos de audiência em seu país), com The Girl Who Sees Smells, mas, como a KBS e seu I Remember You, não foi bem sucedido. The Girl Who Sees Smells é um drama adorável: romântico, repleto de suspense, e com um grande (e super sexy) vilão, o ator Namgung Min. Diversão garantida!

novembro 10, 2015

The Whistleblower (filme, 2014)


País: Coréia do Sul
Gênero: Drama, Jornalismo
Duração: 113 min.

Direção: Yim Soonrye
Roteiro: Lee Choon-Hyung

Elenco: Park Han-il, Lee Kyoung-young, Yoo Yeon-seok, Park Won-sang, Song Ha-yoon, Kwon Hae-hyo, Ryoo Hyoun-kyoung.

Resumo

O Dr. Lee Jang-Hwan fica mundialmente conhecido por suas pesquisas revolucionárias com clonagem de células tronco embrionárias. O jornalista e produtor de TV Yoon Min-Cheol recebe uma informação anônima questionando os resultados das descobertas do Dr. Lee, e resolve investigar a fundo o caso.

Comentário

Foi no ano de 2005 que ocorreu um dos maiores escândalos da história da ciência moderna. O Dr. Hwang Woo-Suk, que até então era tratado como um verdadeiro herói em seu país, a Coréia do Sul, por seu trabalho pioneiro com células tronco, foi desmascarado como o artífice de uma grande fraude científica. É esta a estória que The Whistleblower conta, sob o ponto de vista do jornalista que investigou e denunciou a farsa da clonagem das células tronco do Dr. Hwang.

Se a imprensa (leia-se mídia) muitas vezes pode ser manipuladora e interesseira, por outro lado, é edificante ver o quanto seu poder é usado para o bem. O ator Park Hae-Il encarna Yoon Min-Cheol, um caso raro de jornalista que não se curva às pressões profissionais e sociais, na busca pela verdade.

Park Hae-Il (Moss, Arrow, the Ultimate Weapon) está muito confortável na pele do produtor de TV, e quem conhece o trabalho do ator sabe o quão sutil e convincente costuma ser sua interpretação, não importa o personagem que encarne. Agora o ator reencontra o diretor Yim Soonrye, com o qual trabalhou em 2001, no filme Waikiki Brothers. O roteiro está a cargo de Lee Choon-Hyung (The Client, Detective K: Secret of Virtuous Widow).

Yoon Min-Cheol é produtor de um programa de TV especializado em reportagens investigativas. Certo dia ele recebe uma ligação anônima denunciando a coleta ilegal de óvulos de mulheres, em uma clínica clandestina. Ele vai até o local e descobre que o material estava sendo encaminhado para o laboratório de um importante cientista da Universidade Nacional de Seul, o Dr. Lee Jang-Hwan (Lee Kyoung-Young, de D-Day, Misaeng). O Dr. Lee teria sido o primeiro pesquisador a clonar com sucesso células tronco embrionárias. A possibilidade, a partir daí, de proporcionar a cura de várias doenças, naturalmente, entusiasmou o público e a mídia. Com apoio governamental, e incensado pela imprensa, o Dr. Lee era o verdadeiro orgulho de seus conterrâneos na época. Por isso mesmo, Yoon Min-Cheol provoca uma verdadeira comoção quando começa a investigar e questionar os métodos de pesquisa do famoso cientista coreano. Blindado pela mídia e pelo povo, o Dr. Lee consegue transformar o jornalista Yoon em vilão. Mas ele não desiste, e vai até o fim, com o objetivo de desmascarar as falcatruas do Dr. Lee. Felizmente ele conta com a ajuda da repórter Kim Yi-Seul (a simpática Song Ha-yoon, de Sweden Laundry, Ghost) na investigação do caso.

Yoo Yeon-Seok (Warm and Cozy, A Werewolf Boy) interpreta o pesquisador Shim Min-Ho, o homem que teve a coragem de denunciar a falsa descoberta do laboratório do Dr. Lee. Yoo Yeon-Seok tem uma participação pequena, mas está muito bem no papel de um homem mais velho, casado com a colega cientista Kim Mi-Hyun (Ryoo Hyoun-kyoung), e pai da pequena Soo-Bin (Kim Soo-Ahn).

Participação especial de Park Won-sang (Last, Bubblegum) e Kwon Hae-hyo (Lie to Me), como os chefes de Park Hae-Il na estação de TV.

The Whistleblower é um drama jornalístico que conta de modo muito realista, mas envolvente, um evento importante que deixou marcas indeléveis na história da pesquisa médica mundial.

outubro 22, 2015

Bad Family (drama, 2006)


País: Coréia do Sul
Gênero: Comédia, Romance
Duração: 16 episódios
Produção: SBS TV

Direção: Yoo In-sik, Bae Tae-seop, Kang Sin-hyo
Roteiro: Lee Hee-myung, Han Eun-kyeong

Elenco: Kim Myeong-min, Nam Sang-mi, Park Jin-woo, Hyeon Yeong, Kim Hee-cheol, Im Hyeon-sik, Yeo Woon-kye, Kang Nam-gil, Geum Bo-ra, Lee Young-yoo, Kim Gyoo-cheol, Hyeong Kwan-yu, Yoo Hyeong-kwan.

Resumo

A pequena Na-rim perde toda a família em um acidente de carro e acorda no hospital, sem lembrar-se do ocorrido. O tio da garota contrata uma família de aluguel para cuidar de Na-rim, e tentar recuperar sua memória. Só que a nova família é composta por um bando de desajustados, que se mete em uma infinidade de confusões.

Comentário

Melhor do que a expectativa de um novo drama, é descobrir algum clássico ou cult do passado. O verdadeiro aficionado dos dramas coreanos curte garimpar produções antigas, seja para ver seus ídolos em início de carreira, ou apenas por apreciar boas estórias. Infelizmente, é cada vez mais complicado encontrar dramas passados, seja para baixar ou para ver online. Por isso, foi uma alegria conseguir resgatar está pérola da dramaturgia televisiva que é Bad Family. Pena que demorei tanto para ver este drama, estrelado pelo sempre fantástico Kim Myung-min (Beethoven Virus, A New Leaf, 6 Flying Dragons). Adepto do Método (de Stanislavski), Kim Myung-min costuma construir personagens atendo-se aos mínimos detalhes, do visual, ao perfil psicológico dos mesmos.


E não foi diferente em Bad Family, onde ele encarna um gangster muito diferente: calculadamente caricato, o personagem resulta surpreendentemente cômico. A verdadeira obcessão de Kim Myung-min em interpretar seus personagens com a máxima veracidade possível é bem conhecida, e quase já lhe custou a vida. No filme Closer to Heaven, para interpretar um homem que sofre de uma doença degenerativa incurável, o ator emagreceu tanto que acabou ele mesmo seriamente doente.


Os personagens de Bad Family causam um estranhamento e até mesmo certa aversão, à primeira vista, mas à medida que nos tornamos íntimos destas figuras exóticas, nos apaixonamos totalmente por eles. E é exatamente este o ‘gancho’ do enredo do drama, a desconfiança e inimizade entre a família postiça, que se transforma aos poucos em uma relação tão ou mais profunda que a de irmãos de sangue. 




É claro que o elenco tem uma influência indiscutível no sucesso de Bad Family. Yeo Woon-kye (falecida em 2009) está impagável como a feirante Park Bok-nyeo; Geum Bo-ra (Jang Bo-ri Is Here!), é Eom Ji-sook, com seu ar esnobe, embora não tenha onde cair morta; e Nam Sang-mi (The Joseon Gunman) nunca esteve tão adorável, com seu eterno ar de moleca, no papel da briguenta Kim Yang-ah. Destaque especial para uma atriz que aparece muito pouco em dramas, mas que tem um timing maravilhoso para comédia, Hyeon Yeong (Producers), como a doce Ha Boo-kyeong. Aliás, nunca vi Kim Myeong-min tão à vontade (e divertindo-se a olhos vistos) contracenando com duas atrizes - Hyeon Yeong e Nam Sang-mi quase levam o rapaz à loucura!



No elenco masculino temos o baixinho simpático Im Hyeon-sik (Yuna´s Street), como o professor de dança de salão Jang Hang-goo; o sempre divertido Kang Nam-gil (Super Daddy Yeol), como o atrapalhado Jo Gi-dong; Park Jin-woo (Love From Today), como o mimado Ha Tae-kyeong; e Kim Hee-cheol (Granpas Over Flowers Investigation Team), é o alienado Gong-min.


As crianças roubam a cena!

A trama divertida e muito original de Bad Family foi escrita a quatro mãos por Lee Hee-myung (My Fair Lady, Rooftop Prince,The Girl Who Sees Smells) e Han Eun-kyeong. Os diretores são Yoo In-sik (Giant, Mrs Cop) e Kang Sin-hyo (The Heirs, Midas).


Um empresário e sua a família (mulher, filhos, tios e avós) sofrem um acidente de carro, enquanto passeavam no interior. A única sobrevivente da tragédia é a filha caçula, Na-rim (Lee Yeong-yoo, de The Queen´s Classroom), de apenas 9 anos de idade. O Sr. Byeon (Yoo Hyeong-kwan), o único parente vivo de Na-rim, tenta descobrir a causa do acidente, mas a sobrinha acorda no hospital sem lembrar-se de nada. Preocupado com as consequências do trauma na menina, ele resolve contratar uma família postiça, e assim, tentar resgatar aos poucos sua memória.


Oh Dal-gun (Kim Myung-min) é um gangster que, entre muitos negócios, dirige uma agência que fornece convidados falsos para casamentos e funerais. O Sr. Byeon contrata Oh Dal-gun para recrutar um grupo de pessoas que possam se fazer passar, convincentemente, pela família perdida de Na-rim. A esperança é que Na-rim recupere aos poucos a lembrança da família e das circunstâncias do acidente de carro. Acontece que o Sr. Byeon não sabe que Oh Dal-gun é um capanga que servia a um mafioso de Busan, até ser expulso da gangue. Oh Dal-gun recruta pessoas através de chantagem sobre a cobrança de suas dívidas com agiotas, formando assim, a família falsa que irá conviver com a pequena Na-rim. Embora Na-rim não se lembre das feições dos parentes, obviamente fica desconfiada de sua “nova” família.


Bad Family talvez seja a família mais disfuncional e maluca já vista, mas também é muito divertida e, por incrível que pareça, enternecedora. Bad Family combina romance, comédia e drama familiar na dose certa. Para quem sente falta de roteiros mais ousados e criativos, é uma ótima pedida!

setembro 20, 2015

As Garotas Que Amavam Demais...


... nos dramas coreanos.

Foi enquanto assistia recentemente Bad Family (2006), uma pérola da dramaturgia televisiva coreana, que me dei conta de um fenômeno raro e pouco estudado, o da personagem secundária que se apaixona pelo protagonista... Mas não estou falando das rivais clássicas das protagonistas, mas daquelas que geram a simpatia do público, por seu amor não correspondido.

As discussões acaloradas sobre o amor não correspondido (‘one sided love’) dos personagens secundários por suas protagonistas são frequentes nos fóruns e blogs, mas pouco se fala das garotas que se apaixonam pelos heróis dos dramas... Duas situações costumam acontecer com elas nestes casos: ficarem sozinhas, ou ganharem um romance de consolo, nos minutos finais da estória.

É compreensível que as fãs de dramas se interessem muito mais por aquele personagem secundário masculino tão ou mais bonito que o protagonista, e se preocupem muito menos com a potencial rival da mocinha da trama. É simplesmente natural se identificar com a protagonista e torcer por ela. No entanto, para quem já assistiu um bom número de dramas, outros aspectos começam a chamar a atenção... Além disso, um bom drama não é feito apenas de protagonistas sedutores, mas de coadjuvantes interessantes, que contribuam com o desenvolvimento da estória de forma positiva.

Não existem tantas personagens coadjuvantes que sejam simpáticas à audiência, a não ser que sejam amigas da protagonista, ou façam parte da família do herói do drama. O habitual é a rivalidade explícita pelo amor do mocinho, com todo tipo de tramoia envolvido nesta conquista.

Se a coadjuvante merece ou não – numa realidade alternativa – acabar nos braços do seu amado, depende muito da empatia do personagem, mas também do carisma da atriz. Vamos a alguns exemplos (não há como evitar os spoilers, portanto, cuidado!)...


Em Bad Family, temos Ha Boo-kyeong, uma mulher jovem, bonita, super feminina, que, por azar, se apaixona por um bandido. O ditado de que os opostos se atraem não se aplica nesta estória. O gangster Oh Dal-gun (Kim Myeong-min) sente-se mais atraído por Yang-ah (Nam Sang-mi), uma garota de temperamento forte como o seu. Mas é impossível não simpatizar com a charmosa Boo-kyeong, já que seu amor é sincero, embora tão equivocado. As cenas entre Boo-kyeong e o bruto Dal-gun são engraçadas, mas ao mesmo tempo incrivelmente ternas. Um (quase) casal inesquecível.

É difícil competir com a própria irmã pelo primeiro amor...

Outra situação que me sensibiliza muito é a do primeiro amor... King of High School e Gap Dong são dois dramas que trazem adolescentes vivendo intensamente o primeiro amor, mas infelizmente o mesmo não é correspondido. King of High School fala do romance escolar... Normal, não é mesmo, se enamorar do melhor atleta (e o mais bonito, óbvio) da escola?! Felizmente, é mais fácil superar este sentimento e encontrar outro amor juvenil. Mas quando a adolescente se apaixona por um homem mais velho... Aí a coisa é bem mais complicada, já que os sentimentos de amor e proteção paterna costumam se misturar de modo perigoso.
 

Em Gap Dong (tvN, 2014), a paixonite de Ma Ji-wool (Kim Ji-won) pelo policial Ha Moo-yeom (Yoon Sang-hyun) coloca em risco muito mais do que uma simples desilusão amorosa.

Muitas mulheres já tiveram o coração partido por Lee Joon-ki... Ou melhor, por seus personagens heroicos nos dramas. Duas jovens belíssimas sofreram demais por Joon-ki (em sua fase atual de dramas sageuk), tanto em The Joseon Gunman como em The Scholar Who Walks The Night (MBC, 2015).


As espectadoras que perceberam a boa química entre Joon-ki-shi e sua coadjuvante em The Joseon Gunman, a atriz Jeon Hye-bin, podem consolar-se ao saber que a amizade do casal na vida real tem se fortalecido desde então (apesar de ele negar qualquer envolvimento amoroso). Já na ficção, ele escolheu Nam Sang-mi.


Em The Scholar Who Walks The Night, por outro lado, o que chamou a atenção foi a beleza impressionante da atriz Jang Hee-jin (como a gisaen Soo Hyang), e por isso mesmo, fica difícil acreditar que nosso herói a trocaria pela lindinha, mas imatura Lee Yoo-bi. Infelizmente, não sobrou para Soo Hyang nada além de amizade e gratidão de seu amado vampiro.


Por falar em se apaixonar pelo patrão (raramente uma boa ideia), Park Min-young foi mais uma a sofrer de amor não correspondido por Kim Myeong-min, no drama legal A New Leaf (MBC, 2014). Na verdade eu até torci para que ela ficasse com o gatíssimo Jin Yi-han (My Secret Hotel), mas o drama acabou abruptamente, sem dar tempo para romance de parte alguma. De qualquer modo, apesar de Park Min-young ser bem mais jovem que Kim Myeong-min, o casal combinava muito bem. Aliás, ver Kim Myeong-min envolvendo-se com sua ex-noiva Chae Jung-na (péssima atriz) foi uma das maiores decepções deste drama tão mal executado.

Seguindo no gênero legal, a comédia romântica Lawyers of Great Republic of Korea (MBC, 2008) nos apresentou um “quadrado” romântico muito interessante... Alguns espectadores podem ter achado a personagem interpretada pela bela atriz Han Eun-jung desagradável, mas certamente ela não era uma vilã no drama. Ela, aparentemente, quer se vingar do marido, reivindicando metade de sua fortuna, mas seus motivos são mais singelos do que se possa imaginar. Um drama que mostra de forma realista como o amor mais perfeito pode fracassar...

Mencionei anteriormente que uma boa atriz (num bom papel) pode conquistar o coração da audiência, e posso citar dois exemplos: Kim So-yeon, em Gourmet (SBS, 2008), e Kang So-ra em Doctor Stranger. No drama gastronômico Gourmet, Kim So-yeon se apaixona por Kim Rae-won, embora esteja noiva do irmão deste, Kwon Oh-jeong. É mais um caso clássico de atração pelo diferente, mas entendemos porque a sofisticada Joo-hee prefere o caloroso Sung-chan, ao frio chef Bong-joo. Mas também, ela não conhecia a regra de que ninguém mexe com os homens de Nam Sang-mi (a lista de conquistas da garota é grande, e de dar inveja. Repararam que ela é mencionada três vezes nesta lista?). 

Em Doctor Stranger (SBS, 2014) a fórmula que não deu certo é a seguinte: uma atriz carismática (Kang So-ra), com um enorme fã-clube, perde o amor do protagonista para uma rival muito sem sal. Foi uma verdadeira declaração de guerra à audiência feminina. No final das contas, um drama de roteiro sofrível, que gerou mais atenção do que merecia.


Tem casos em que o espectador é advertido, mesmo que indiretamente, desde o princípio, de que o casal protagonista não terá um final feliz. É o caso, por exemplo, do recente Assembly: o protagonista é casado, fim de papo! Mas acontece que ele está separado da mulher, e sua ligação com a protagonista é tão magnífica, que persiste, até o fim, a esperança de que haja uma reviravolta... Infelizmente, nestas horas, o conservadorismo impera.

Outro caso ainda mais comovente é o dos personagens que já ‘partiram desta para uma melhor’ e que, mesmo assim (ou por isso mesmo), enchem nossos corações de tristeza por seu amor impossível. 49 Days (SBS, 2011) e Oh My Ghostess são dois dramas que transformam suas personagens secundárias em heroínas trágicas... Quem não se comoveu com a ilusão de Nam Gyu-ri de que poderia vencer a morte, enquanto descobria os verdadeiros sentimentos de seu melhor amigo por ela?


Já o fantasma interpretado por Kim Seul-gi, é a versão mais divertida e romântica já criada para o clássico Cyrano de Bergerac. Oh My Ghostess é um caso único, no qual as duas protagonistas são complementares, e a encarnação quase literal de Park Bo-young como Kim Seul-gi é surpreendente e inesquecível. Mas Kim Seul-gi tem razão ao reclamar por não ter podido beijar o ator Cho Jung-seok. Que surjam oportunidades futuras para você, garota!

Ufa, na verdade eu teria mais uma meia dúzia de exemplos divertidos e dramáticos de garotas que amaram demais (e não foram correspondidas), mas já estou quase escrevendo um livro... Ficaria feliz com sugestões de vocês, de dramas que tenha marcado sua memória, por suas personagens femininas de coração partido...

setembro 07, 2015

The Berlin File (filme, 2013)


País: Coréia do Sul
Gênero: Ação, Drama
Duração: 120 min.

Direção e Roteiro: Ryoo Seung-wan
Produção: Kang Hye-Jung

Elenco: Ha Jeong-woo, Jeon Ji-hyun, Ryoo Seung-beom, Han Seok-kyu, Lee Kyoung-young, Kwak Do-won.

Resumo

Na capital alemã, Berlin, uma equipe de agentes secretos sul coreanos tenta rastrear as atividades suspeitas dos inimigos norte-coreanos, especialmente a compra no mercado negro de armas de guerra. Só que a guerra de espionagem acaba se transformando numa perseguição implacável a agentes dissidentes norte-coreanos.

Comentário

O diretor, roteirista e produtor Ryoo Seung-wan, apesar de ainda jovem, tem uma carreira longa e prolífica como cineasta. Sem fugir do gênero de ação, mas procurando variar o cenário de seus filmes, Ryoo Seung-wan tem o privilégio de contar com a admiração e respeito tanto de público como de crítica. Fica clara na obra do cineasta a influência do cinema de ação de Hong Kong – as artes marciais e o trabalho com dublês nas sempre vertiginosas cenas de ação são prova desta influência. Em seus primeiros filmes, com o orçamento apertado, Ryoo até mesmo chegou a dividir-se entre o trabalho de diretor e ator. Logo em seguida ele pôde contar com a ajuda do irmão mais novo, o ator Ryoo Seung-beom, presença constante em seus filmes (The Injust, Ararang). Ryoo Seung-beom, por sua vez, teve sorte de poder estrelar os filmes do irmão, o que contribuiu para consolidar sua carreira de ator no cinema sul coreano.

The Berlin File é um projeto ambicioso, mas nem por isso o mais brilhante de Ryoo Seung-wan. O roteiro tem furos imensos e nem mesmo o editor mais genial conseguiria disfarçar os problemas de continuidade (especialmente no terço final do filme). Mesmo assim, para quem é fã do cineasta, ou ainda, do cinema de ação asiático em geral, The Berlin File é um filme plenamente desfrutável. Quanto à estória em si, não é mais absurda do que qualquer episódio de James Bond, só para citar um exemplo. Pelo menos a ousadia de Ryoo Seung-wan na direção, com o apoio do cinegrafista Choi Young-Hwan, garante a qualidade do espetáculo. Outro ponto positivo dos filmes de Ryoo Seung-wan é o elenco – ele sempre consegue trazer os melhores atores para seus projetos – e em The Berlin File não é diferente.


A estória é a seguinte... Em Berlin, Alemanha, uma equipe do serviço de inteligência sul coreano, liderada pelo agente Jung Jin-Soo (Han Suk-Kyu, de Eye for an Eye) vigia um hotel onde está para acontecer uma negociação entre norte-coreanos e russos, para a compra de armas de guerra. Quando os agentes invadem o quarto do hotel onde está para ser acertada a transação ilegal, o negociador norte-coreano consegue escapar, não sem antes entrar em luta corporal com Jung Jin-Soo. No entanto, um novo encontro entre os dois irá acontecer em breve. 


O norte-coreano é Pyo Jong-Sung (Ha Jeong-woo), um agente de prestigio em seu país natal, por suas grandes ações de bravura no passado. O embaixador Lee Hak-Soo (Lee Kyoung-Young), alerta o agente Pyo Jong-Sung para a chegada iminente a Berlin de Dong Myung-Soo (Ryoo Seung-Beom), vindo da Coréia do Norte. Dong Myung-Soo é filho de um poderoso militar, e sua fama de assassino cruel desperta a preocupação dos compatriotas em Berlin. Enquanto isso, Pyo Jong-Sung tem de lidar com o desaparecimento de sua esposa, Ryun Jung-Hee (Jeon Ji-hyun), que trabalha como tradutora na embaixada norte-coreana.


A beleza áspera e o charme bruto de Ha Jeong-woo (The Client) nunca foram tão bem explorados como neste filme, e, sendo assim, as mocinhas podem suspirar com seus músculos, enquanto os rapazes admiram sua coragem inabalável. Diversão garantida toda a família (acima de 18 anos).

Queen of Housewives (drama, 2009)


País: Coréia do Sul
Gênero: Drama, Comédia
Duração: 20 episódios
Produção: MBC
Título alternativo: My Wife is a Superwoman

Direção: Ko Dong-Seon, Kim Min-Sik
Roteiro: Park Ji-Eun

Elenco: Kim Nam-joo, Oh Ji-ho, Lee Hye-young, Choi Chul-ho, Yoon Sang-hyeon, Seon Woo-seon, Na Young-hee.

Resumo

Ji-ae casou-se muito jovem, e não teve interesse em seguir uma carreira profissional. Mas como seu marido, Dal-soo, não consegue parar em nenhum emprego, ela é obrigada a fazer vários ‘bicos’ para sustentar a família. Cansada de viver com pouco dinheiro, ela dá um ultimato ao marido para que consiga um emprego fixo. Determinada, Ji-ae fará de tudo para que o marido seja contratado pela Queen´s Food.

Comentário

Queen of Housewives é um drama que traz um olhar crítico, até mesmo um pouco amargo, sobre a sociedade coreana contemporânea – com ênfase nos relacionamentos entre marido e mulher. Mas, apesar da seriedade com que os conflitos matrimoniais e a feroz competição dentro do mercado de trabalho são tratados, sobra espaço para uma saudável dose de bom humor. Quem conhece a roteirista Park Ji-Eun (Unexpected You, My Love From the Star, Producers) sabe de sua habilidade em escrever diálogos afiados, cheios de ironia e humor debochado. Mas a comédia inserida nos trabalhos da escritora Park nunca é gratuita – é uma forma de abordar assuntos sérios, sem deixar o clima pesado, melodramático. É por isso que seus dramas, por mais realistas que sejam, nunca são entediantes ou depressivos para o espectador. Apesar de eu estar bem familiarizada com os dramas da escritora Park, confesso que havia hesitado em ver este seu trabalho mais antigo, Queen of Housewives. No entanto, tendo visto anteriormente o delicioso (embora longo) Unexpected You, sabia que teria de dar uma chance a Queen of Housewives, e que dificilmente iria me arrepender... Para começar, as várias sinopses do drama postadas por aí não fazem juz à estória, e até iludem o espectador em potencial a achar que vai ver um drama sobre uma dona-de-casa ambiciosa que tenta fazer o marido enriquecer a qualquer custo. Felizmente, não é nada disso, muito pelo contrário, pois se a personagem central é uma mulher de caráter forte (e às vezes um tanto agressivo, é verdade) ela é tudo menos uma criatura fútil ou pretenciosa. Kim Nam-joo é a atriz perfeita para encarnar as mulheres fortes e ao mesmo tempo sensíveis criadas pela roteirista Park – tanto que sua parceria já rendeu ao menos três belos dramas.

A direção a quatro mãos do drama é trivial, mas dá espaço à comédia, especialidade dos dois diretores, Ko Dong-Seon (Cunning Single Lady) e Kim Min-Sik (Still, Marry Me).

Em Queen of Housewives, Kim Nam-joo é Ji-ae, uma mulher que na juventude teve todos os homens a seus pés, e acabou se casando com um rapaz bonito, mas sem ambição. Dal-soo (Oh Ji-ho, de Chuno) pode parecer um marido perfeito, carinhoso com a mulher e a filha, e respeitoso com os pais. Mas, com um curso superior incompleto, e a falta de competência para manter-se no mesmo emprego por muito tempo, Dal-soo se transforma num perdedor aos olhos da mulher e demais parentes. Ji-ae tem de se virar entre uma infinidade de trabalhos temporários para sustentar a família, enquanto o marido fica em casa, jogando cartas e bebendo com os amigos. Até que um dia Ji-ae resolve dar um basta nesta situação: ela intima o marido a arrumar imediatamente um emprego, ou irá se divorciar dele. Assustado com a perspectiva da separação, ele vai a uma entrevista de emprego numa grande empresa de alimentos, a Queen´s Food. Vendo que o marido tem poucas chances de conseguir o emprego, já que a vaga é disputada com o sobrinho de um dos diretores da empresa, Ji-ae resolve ajudá-lo como pode, ou seja, fazendo lobby com as esposas dos executivos senior. Primeiro ela segue a esposa do diretor geral, a Sra. Young-sook (Na Young-hee), para conhecer seus hábitos, e conquistar sua simpatia. Young-sook, mulher do executivo mais importante da Queen´s Food, o diretor Hong-shik, é paparicada pelas esposas dos demais diretores, que sabem de sua influência sobre as decisões do marido.

Preciso abrir um parêteses para comentar a atuação sensacional de Na Young-hee - atriz que já vimos em tantos dramas, sempre no papel de mulher rica e ambiciosa, - o que se repete aqui, mas com um toque especial de exagero, o que a torna um dos personagens mais engraçados da trama.

Young-sook, a apropriada presidente do clube das esposas da empresa, sugere a Ji-ae que faça amizade com a mulher do diretor do departamento em que Dal-soo pode vir a trabalhar. Disposta a puxar o saco de quem for preciso para ajudar o marido, Ji-ae bate à porta da tal mulher, apenas para descobrir que se trata de Bong-soon (Lee Hye-young), uma amiga de adolescência, que não via há muitos anos. Acontece que Bong-soon não fica nada feliz em ver Ji-ae, pois nutre um rancor antigo por ela. Para surpresa de Ji-ae, Bong-soon não apenas se transformou numa belíssima mulher (graças aos milagres da cirurgia plástica) como se casou com o primeiro amor da amiga, Jun-hyuk (Choi Chul-ho, de The Joseon Gunman). Foi um grande prazer ver o casal fictício Lee Hye-young e Choi Chul-ho, - ambos são engraçadíssimos, e me deixaram com saudades de dois dramas inesquecíveis em que atuaram – respectivamente, Dalja´s Spring, e Still, Marry Me.

O terceiro casal da trama é o presidente da Queen´s Food, Tae-joon (Yoon Sang-hyeon, de Secret Garden) e sua esposa Eun So-hyeon (Seon Woo-seon, de Hundred Year Inheritance). Tae-joon e So-hyeon não se casaram por amor, mas por um acordo de negócios de suas famílias. Tae-joon se ressente por ter deixado a mulher que amava para seguir a imposição de seu pai, dono de um conglomerado empresarial. Eun So-hyeon tenta levar o casamento de aparências, mesmo com o desprezo constante do marido. O casal leva uma vida de frustração amorosa constante, até o dia em que So-hyeon reencontra seu primeiro amor, dos tempos de universidade, Dal-soo. E, por coincidência, Tae-joon conhece a esposa de Dal-soo, Ji-ae, e se encanta com seu charme ingênuo e sua autoconfiança.

É mais ou menos assim que estes três casais, Ji-ae e Dal-soo, Bong-soon e Jun-hyuk, So-hyeon e Tae-joon, se encontram e interferem, para o bem ou para o mal, no destino uns dos outros. Uma comédia à moda antiga, que aborda com sabedoria os problemas da vida moderna.
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