País:
Coréia do Sul
Gênero:
drama, romance, fantasiaDuração: 125 min.
Direção
e Roteiro: Jo Seong-hee
Direção
de Fotografia: Choi Sang-muk
Elenco:
Park Bo-Young, Song Joong-Ki, Jang Yeong-nam, Kim Hyang-Gi, Yoo Yeon-seok, Lee
Yeong-ran.
Resumo
Uma
viúva e suas duas filhas se mudam para uma casa no interior. A filha mais
velha, Soon-yi, estuda em casa, por ter uma saúde frágil. Certa noite, ela ouve
um barulho estranho e ao sair na rua, se assusta ao ver uma criatura estranha.
No dia seguinte, a família encontra um rapaz com aparência selvagem, que não
fala e comporta-se como um pequeno animal acuado. Elas resolvem cuidar do rapaz,
até que possam encontrar um lar para ele. Soon-yi, uma adolescente solitária,
acaba apegando-se ao misterioso jovem.
Comentário
Jo
Seong-hee é um jovem diretor que pavimentou sua recente carreira com
participações em importantes festivais internacionais de cinema, como Cannes, Vancouver,
ou Londres. Seu primeiro filme foi o média-metragem Don´t Step Out of the House (2009), selecionado para os festivais
de Cannes e Vancouver. A seguir veio End of
Animal (2010), um longa-metragem, que passou por meia dúzia de festivais,
incluindo o Festival de Cinema Digital de Seul. A consagração do diretor Jo
veio com a fantasia romântica A Werewolf
Boy, que arrematou prêmios no PaekSang Arts Awards, e no KOFRA Film Awards (2013).
Com este currículo, o diretor Jo pode vangloriar-se de ter a simpatia tanto do
público como da crítica. E é verdade que Jo Seong-hee é um ótimo diretor, com um
olhar cinematográfico invejável e, muito importante, grande sensibilidade para
orientar seus atores. Entre um diretor cheio de floreios, preocupado com
ângulos inovadores, e um que dê prioridade à atuação, fico sempre com o
segundo. É claro que o ideal é uma direção bem estudada combinada a atuações
convincentes, como é o caso de A Werewolf
Boy. Entretanto, o filme peca no roteiro, que deixa transparecer a
inexperiência de seu autor. É por isso que a maioria dos cineastas autorais têm
parceiros roteiristas, que os apoiam na hora de desenvolver e lapidar suas
estórias. Assistindo a A Werewolf Boy
(ou seus filmes anteriores), fica clara a obsessão de Jo Seong-hee pelo cinema
fantástico, e pelo cineasta norte-americano Tim Burton. Nas primeiras cenas de A Werewolf Boy já fica óbvio para o
espectador familiarizado com a obra de Tim Burton, a semelhança com um de seus
filmes mais famosos, Edward Scissorhands
(1990). É claro que Tim Burton tão pouco foi original, tendo bebido de fontes
literárias clássicas como Frankenstein,
ou a Bela e a Fera. Na verdade, o
ponto fraco de A Werewolf Boy é seu
terceiro ato, com uma tentativa pouco convincente de explicar algo que ficaria
muito melhor resguardado como um mistério – afinal, estamos falando de uma
fantasia... E já que o diretor inspirou-se na obra-prima que é o filme Edward Scissorhands, poderia ter
usado o mesmo recurso de Tim Burton e ter esclarecido a origem do menino lobo
em uma única cena (como na belíssima abertura do filme de Burton).
Nem
por isso o sucesso de A Werewolf Boy
deve ser desmerecido... Filmes inteligentes e mais ‘artísticos’ voltados ao
público adolescente são raros, em qualquer parte do mundo. E filmes com
personagens femininos marcantes são mais raros ainda... A jovem Soon-yi é um
personagem maravilhoso, que a atriz Park Bo-Young teve a sorte de interpretar,
e de forma brilhante. Apesar de sua pouca experiência como atriz, Park Bo-Young
(Hot Young Bloods) interpreta a
sofrida Soon-yi com delicadeza e maturidade impressionantes. O elenco
secundário também merece elogios, com destaque para a sempre divertida Jang
Yeong-nam (Righteous Ties), e para Kim
Hyang-Gi (Thread of Lies), uma atriz-
mirim já reconhecida e premiada por seus trabalhos no cinema e na TV.
Finalmente,
temos o menino lobo, ou melhor, jovem lobo, Song Joong-Ki (Nice Guy). A Werewolf Boy foi a marcante despedida do ator antes de afastar-se
temporariamente para cumprir seus dois anos de serviço militar obrigatório. Song
Joong-Ki não poderia ter escolhido melhor projeto para deixar como lembrança nos
corações e mentes de suas fãs. Não é tarefa fácil, mesmo para um grande ator,
expressar-se apenas através do olhar e de gestos, mas Song Joong-Ki dá conta do
recado, e muito bem. É espantoso que, com suas feições delicadas, sua tez
pálida e olhar melancólico, Song Joong-Ki consiga alternar momentos de fragilidade,
com outros de pura fúria animal.
Destaque
também para a fotografia do filme, que combina brilhantemente os tons de sépia do
cenário, com as cores quentes do figurino dos personagens.
Aguardo
ansiosamente pelo próximo projeto do diretor Jo, o filme Detective Hong Gil-dong, com outro ótimo ator, Lee Je-hoon (Architecture 101), e que deve estrear em
2015.
Estava para assistir esse filme há algum tempo, mas sempre adiava porque tenho um pouco de birra com os filme voltados para o público adolescente. Mas depois de seu comentário corri para ver. E tive uma grata surpresa, realmente, o filme brinca o imaginário fantástico de Burton e uma linguagem cinematográfica bem peculiar, porém, apesar de brincar com o bizarro, nunca perde a ternura (como diria Che). Algo que me incomodou bastante foi o final e as pontas soltas do roteiro, nada se esclarece, parece que assistiu algo em vão, dá aquele sentimento de inquietação e uma curiosidade irritante de saber qual poderia ser o desfecho.
ResponderExcluirDe qualquer maneira, obrigada pela dica.
E continue fazendo o maravilhoso trabalho na resenha dos projetos.
Que bom que você gostou do filme!
ExcluirMuito obrigada por compartilhar suas impressões sobre o filme, e de forma tão bem elaborada...
agradeço também os elogios, e espero que continue visitando e deixando suas opiniões no blog.
bjs,
Sam.