agosto 04, 2014

A Werewolf Boy (filme, 2012)


País: Coréia do Sul
Gênero: drama, romance, fantasia
Duração: 125 min.

Direção e Roteiro: Jo Seong-hee
Direção de Fotografia: Choi Sang-muk

Elenco: Park Bo-Young, Song Joong-Ki, Jang Yeong-nam, Kim Hyang-Gi, Yoo Yeon-seok, Lee Yeong-ran.

Resumo

Uma viúva e suas duas filhas se mudam para uma casa no interior. A filha mais velha, Soon-yi, estuda em casa, por ter uma saúde frágil. Certa noite, ela ouve um barulho estranho e ao sair na rua, se assusta ao ver uma criatura estranha. No dia seguinte, a família encontra um rapaz com aparência selvagem, que não fala e comporta-se como um pequeno animal acuado. Elas resolvem cuidar do rapaz, até que possam encontrar um lar para ele. Soon-yi, uma adolescente solitária, acaba apegando-se ao misterioso jovem.


Comentário

Jo Seong-hee é um jovem diretor que pavimentou sua recente carreira com participações em importantes festivais internacionais de cinema, como Cannes, Vancouver, ou Londres. Seu primeiro filme foi o média-metragem Don´t Step Out of the House (2009), selecionado para os festivais de Cannes e Vancouver. A seguir veio End of Animal (2010), um longa-metragem, que passou por meia dúzia de festivais, incluindo o Festival de Cinema Digital de Seul. A consagração do diretor Jo veio com a fantasia romântica A Werewolf Boy, que arrematou prêmios no PaekSang Arts Awards, e no KOFRA Film Awards (2013). Com este currículo, o diretor Jo pode vangloriar-se de ter a simpatia tanto do público como da crítica. E é verdade que Jo Seong-hee é um ótimo diretor, com um olhar cinematográfico invejável e, muito importante, grande sensibilidade para orientar seus atores. Entre um diretor cheio de floreios, preocupado com ângulos inovadores, e um que dê prioridade à atuação, fico sempre com o segundo. É claro que o ideal é uma direção bem estudada combinada a atuações convincentes, como é o caso de A Werewolf Boy. Entretanto, o filme peca no roteiro, que deixa transparecer a inexperiência de seu autor. É por isso que a maioria dos cineastas autorais têm parceiros roteiristas, que os apoiam na hora de desenvolver e lapidar suas estórias. Assistindo a A Werewolf Boy (ou seus filmes anteriores), fica clara a obsessão de Jo Seong-hee pelo cinema fantástico, e pelo cineasta norte-americano Tim Burton. Nas primeiras cenas de A Werewolf Boy já fica óbvio para o espectador familiarizado com a obra de Tim Burton, a semelhança com um de seus filmes mais famosos, Edward Scissorhands (1990). É claro que Tim Burton tão pouco foi original, tendo bebido de fontes literárias clássicas como Frankenstein, ou a Bela e a Fera. Na verdade, o ponto fraco de A Werewolf Boy é seu terceiro ato, com uma tentativa pouco convincente de explicar algo que ficaria muito melhor resguardado como um mistério – afinal, estamos falando de uma fantasia... E já que o diretor inspirou-se na obra-prima que é o filme Edward Scissorhands, poderia ter usado o mesmo recurso de Tim Burton e ter esclarecido a origem do menino lobo em uma única cena (como na belíssima abertura do filme de Burton).


Nem por isso o sucesso de A Werewolf Boy deve ser desmerecido... Filmes inteligentes e mais ‘artísticos’ voltados ao público adolescente são raros, em qualquer parte do mundo. E filmes com personagens femininos marcantes são mais raros ainda... A jovem Soon-yi é um personagem maravilhoso, que a atriz Park Bo-Young teve a sorte de interpretar, e de forma brilhante. Apesar de sua pouca experiência como atriz, Park Bo-Young (Hot Young Bloods) interpreta a sofrida Soon-yi com delicadeza e maturidade impressionantes. O elenco secundário também merece elogios, com destaque para a sempre divertida Jang Yeong-nam (Righteous Ties), e para Kim Hyang-Gi (Thread of Lies), uma atriz- mirim já reconhecida e premiada por seus trabalhos no cinema e na TV.

Finalmente, temos o menino lobo, ou melhor, jovem lobo, Song Joong-Ki (Nice Guy). A Werewolf Boy foi a marcante despedida do ator antes de afastar-se temporariamente para cumprir seus dois anos de serviço militar obrigatório. Song Joong-Ki não poderia ter escolhido melhor projeto para deixar como lembrança nos corações e mentes de suas fãs. Não é tarefa fácil, mesmo para um grande ator, expressar-se apenas através do olhar e de gestos, mas Song Joong-Ki dá conta do recado, e muito bem. É espantoso que, com suas feições delicadas, sua tez pálida e olhar melancólico, Song Joong-Ki consiga alternar momentos de fragilidade, com outros de pura fúria animal.

Destaque também para a fotografia do filme, que combina brilhantemente os tons de sépia do cenário, com as cores quentes do figurino dos personagens.
Aguardo ansiosamente pelo próximo projeto do diretor Jo, o filme Detective Hong Gil-dong, com outro ótimo ator, Lee Je-hoon (Architecture 101), e que deve estrear em 2015.

2 comentários:

  1. Estava para assistir esse filme há algum tempo, mas sempre adiava porque tenho um pouco de birra com os filme voltados para o público adolescente. Mas depois de seu comentário corri para ver. E tive uma grata surpresa, realmente, o filme brinca o imaginário fantástico de Burton e uma linguagem cinematográfica bem peculiar, porém, apesar de brincar com o bizarro, nunca perde a ternura (como diria Che). Algo que me incomodou bastante foi o final e as pontas soltas do roteiro, nada se esclarece, parece que assistiu algo em vão, dá aquele sentimento de inquietação e uma curiosidade irritante de saber qual poderia ser o desfecho.
    De qualquer maneira, obrigada pela dica.
    E continue fazendo o maravilhoso trabalho na resenha dos projetos.

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    Respostas
    1. Que bom que você gostou do filme!
      Muito obrigada por compartilhar suas impressões sobre o filme, e de forma tão bem elaborada...
      agradeço também os elogios, e espero que continue visitando e deixando suas opiniões no blog.
      bjs,
      Sam.

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