março 12, 2015

Hot Young Bloods (filme, 2014)


País: Coréia do Sul
Gênero: Drama
Duração: 121 min.
Gênero: Drama, Adolescência

Direção e Roteiro: Lee Yeon-Woo
Produção: Kim Jin-Sub
Direção de Fotografia: Lee Jung-In, Kim Dong-Chun

Elenco: Park Bo-yeong, Lee Jong-suk, Lee Se-yeong, Kim Yeong-kwang, Kwon Hae-hyo, Kim Hee-won.

Resumo

Hot Young Bloods conta a estória de um grupo de adolescentes, em meio a uma existência pacata, na província de Heongseong, no início da década de oitenta.



Comentário

Hot Young Bloods retrata um dos períodos mais cruciais de nossas vidas, a passagem da adolescência para a idade adulta. Estamos na década de oitenta, em uma pequena cidade da província de Heongseong, e os estudantes da escola pública local têm pouco a fazer além de frequentar as aulas, ir ao cinema, e passear de bicicleta pela região. Ao contrário da geração atual, completamente envolvida pela tecnologia, os jovens de Hot Young Bloods vivem uma época ainda muito ingênua, e suas maiores preocupações são os primeiros amores, e um futuro profissional incerto. 


Young-sook (Park Bo-young) é a líder da gangue de garotas da escola e, apesar de sua figura delicada, consegue intimidar os colegas de ambos os sexos. Gwang-sik (Kim Young-kwang) é o chefe da gangue de rapazes da escola rival, e considera Young-sook sua namorada, embora esta o trate como um mero camarada. Young-sook curte uma paixão secreta (e antiga) pelo colega Joong-gil (Lee Jong-suk). Joong-gil era o melhor amigo de Young-sook na infância, mas agora procura ignorá-la, especialmente por ser alvo constante de bulling do brigão Gwang-sik. Joong-gil é um garoto sem grandes objetivos na vida, fora o de seduzir o maior número possível de garotas na escola. Ele realmente se considera o maior conquistador da cidade, e fica especialmente entusiasmado com a aparição de uma nova aluna em sua escola, So-hee (Lee Se-yeong), uma garota muito bonita, mas um tanto arisca.



Hot Young Bloods, de autoria do cineasta Lee Yeon-Woo (Running Turtle, 2009) tem um enredo que caberia muito bem em uma série de TV, mas como roteiro de filme, carece de uma “liga” que una os eventos da trama. Além do mais, o cineasta/roteirista demora demais para revelar os problemas pessoais dos protagonistas (traumas do passado, sofrimentos secretos atuais), que são essenciais para que o espectador possa compreender e se solidarizar com os mesmos. Quando finalmente entendemos os motivos para a rebeldia e solidão de Young-sook, ou a superficialidade emocional de Joong-gil, é quase tarde demais para empatizar com eles, como eles mereceriam.



Mas, apesar destas falhas cruciais no roteiro, Hot Young Bloods é um filme que merece ser visto e apreciado, ao menos pelas belas atuações do elenco jovem. E ao contrário do que se poderia pensar, não é Lee Jong-suk o grande destaque do filme, mas sim a jovem revelação Park Bo-young. A cada novo trabalho da atriz, fica mais claro seu talento diferenciado. Da delicada Soon-yi de A Werewolf Boy (2012) à rebelde Young-sook de Hot Young Bloods, Park Bo-young impressiona por sua maturidade, e pela paixão que imprime aos seus personagens. É um talento nato, que não se adquire em nenhuma escola de interpretação. E ela tem tido a oportunidade de atuar ao lado de outros atores jovens e talentosos, como é o caso de Lee Jong-suk e Kim Young-kwang (Plus Nine Boys). Aliás, quem ainda não pôde ver este filme, mas acompanhou os dois atores no recente drama Pinocchio (2014), terá a oportunidade de ver uma divertida inversão de poderes, com o pobre Lee Jong-suk sofrendo horrores nas mãos do malvado Kim Young-kwang. Apesar da choradeira e dos olhos roxos, é um prazer ver esta dupla junta mais uma vez!



Enfim, Hot Young Bloods é um filme agradável, que tem como crédito trazer qualidade ao cinema voltado ao público adolescente, tão carente, nos últimos anos, de boas estórias.

março 11, 2015

Mondai no Aru Restaurant (drama, 2015)


País: Japão
Gênero: Comédia, Drama, Culinária
Duração: 11 episódios
Produção: Fuji TV
Música tema: Mondai Girl, com Kyary Pamyu Pamyu

Direção: Namiki Michiko, Kato Yusuke
Roteiro: Sakamoto Yuji

Elenco: Maki Yoko, Higashide Masahiro, Nikaido Fumi, Takahata Mitsuki, Matsuoka Mayu, Usuda Asami, YOU, Suda Masaki, Yasuda Ken, Tayama Ryosei, Fukikoshi Mitsuru, Sugimoto Tetta.


Resumo

Tanaka Tamako e suas amigas resolvem abrir um simpático bistrô, na cobertura de um prédio. Mas elas terão de enfrentar a competição do empresário Ameki Taro, e seu restaurante vizinho, cujo chef é o ex-namorado de Tanaka, Monji Makato. Mais do que uma luta por mercado, é uma batalha contra o tratamento desigual e desrespeitoso que estas mulheres vêm recebendo da sociedade machista que as rodeia.



Comentário

Apesar de dar preferência aos dramas coreanos, sempre que descubro um bom drama japonês, tenho de admitir sua maior criatividade e ousadia, ao menos em termos de temática. Como o ano começou meio morno (ao menos para meu gosto) na TV coreana, fui buscar um dorama, e o tema culinário de Mondai no Aru Restaurant foi o que primeiro me chamou a atenção – realmente gosto de dramas sobre culinária, restaurantes, etc. Mas Mondai no Aru Restaurant é muito mais que um drama sobre o mundo da alta gastronomia (como Dinner, ou Pasta). O roteirista Sakamoto Yuji é conhecido por enfocar temáticas contemporâneas em seus dramas. Das complicações do casamento, em Saikou no Rikon, à dura vida das mães solteiras no Japão, em Mother, Sakamoto Yuji tem um olhar crítico e muito acurado sobre as idiossincrasias da cultura japonesa. Por isso, pode parecer estranho a primeira vista um homem escrever de forma tão contundente sobre a sociedade machista, mas Sakamoto consegue atingir todos os pontos nevrálgicos, sem concessões. Aliás, poucas vezes se viu num drama o machismo e a misoginia do homem japonês ser tratado de forma tão direta, e ao mesmo tempo, tão empática (ao menos para as mulheres). Por um lado, é uma pena que não tenha sido uma mulher a escrever uma estória tão verdadeira sobre o mundo feminino, mas, por outro lado, é bom saber que existem homens capazes de reconhecer e criticar as muitas injustiças sociais sofridas por nós, mulheres.



Mas Mondai no Aru Restaurant não é só drama, ou um mero libelo feminista - a comédia e o romance (mesmo que em doses agridoces) também estão garantidos. Além do ótimo roteiro, destacam-se em igual medida a direção, a cargo de Namiki Michiko e Kato Yusuke, e o elenco, especialmente o feminino.




Maki Yoko (Saikou no Rikon) brilha como a jovem empreendedora Tanaka Tamako, uma mulher que exala confiança e determinação. Mesmo nos momentos mais difíceis, Tanaka encontra forças para alcançar seus sonhos, e, principalmente, para vingar o assédio sofrido pela amiga e colega Fujimura Satsuki (Kikuchi Akiko), nas mãos do empresário Ameki Taro (Sugimoto Tetta, de Inpei Sousa). Para se livrar dos constantes maus tratos e humilhações dos superiores, Tanaka convida a colega Nitta Yumi (Nikaido Fumi: Melhor Atriz Iniciante no Festival de Veneza, pelo filme Himizu), o confeiteiro travesti Oshimazuki Haiji (Yasuda Ken, de Inpei Sousa) e a dona-de-casa Morimura Kyoko (Usuda Asami), para abrir um restaurante. Ela encontra um imóvel barato, no alto de um prédio de três andares, no bairro Jungumae, em Tóquio. Juntas, as amigas reformam o local abandonado, e o transformam num charmoso bistrô, que batizam de “Bistrô Fou”. 


Mas não foi coincidência Tanaka ter escolhido abrir seu bistrô justo em frente ao novo empreendimento do ex-chefe Ameki Taro. E além de competir com o asqueroso Ameki, ela irá aproveitar para por em pratos limpos sua relação fracassada com o sexy chef Monji Makato (Higashide Masahiro, de Goshisousan). E Tanaka consegue mais uma grande aliada na disputa com Ameki Taro, sua filha Ameki Chika (Matsuoka Mayu), uma chef de cozinha talentosa, que odeia o pai, por ter abandonado a família quando ela era criança. Completam o grupo de amigas de Tanaka, a boêmia Karasumori Nanami (YOU), e a suposta rival Kawana Airi (Takahata Mitsuki, de GTO).




Mondai no Aru Restaurant não é mais uma comédia gastronômica bobinha (embora apresente pratos lindos, de dar água na boca), e a “aspereza” de certas cenas pode às vezes chocar e incomodar, mas a humanidade das mulheres do Bistrô Fou nos faz torcer, não apenas para que consigam superar todos os preconceitos sociais, mas que possam, como diz uma das personagens “apenas viver feliz e honestamente”.

março 06, 2015

As Atrizes Poderosas do Drama Coreano


O Dia Internacional da Mulher, a ser comemorado no próximo domingo, é uma boa oportunidade para listar algumas atrizes que têm se destacado no cinema e na TV coreana, nas duas últimas décadas.

A cada nova temporada, a TV coreana tenta lançar novos talentos femininos, muitos advindos do Korean Pop, e talvez, por isso mesmo, poucas carreiras acabam vingando. É claro que muitas atrizes jovens já provaram seu talento, mas não há nada como a experiência (pessoal e profissional) para transformar uma promessa em uma presença marcante na mente da crítica e do público.


O primeiro nome da lista não poderia ser outro: Kim Seon-ah. Poucas atrizes conseguem combinar popularidade e respeito profissional em igual proporção. Kim Seung-ah (1979) consagrou-se como atriz de TV, embora tenha intercalado sua carreira, de forma regular, com o cinema. Quando penso em Kim Seon-ah, penso numa atriz sempre disposta a transformações físicas, e a papéis desafiadores. Seu primeiro grande sucesso foi o drama romântico My Name is Kim Sam-soon (MBC, 2005), quando engordou vários quilos e despiu-se de qualquer vaidade feminina, para interpretar a confeiteira Sam-soon, que se apaixona pelo chaebol Jin-heon (um inesquecível Hyun Bin). Em seguida veio When It´s At Night (MBC, 2008), um drama não tão popular, mas que é um de meus favoritos, especialmente por sua grande química com o ator Lee Dong-gun. Neste drama, ela encarava mais um papel complexo, Heo Cho-hwi, uma mulher forte, e muito passional. Cho-hwi é uma funcionária de um museu, responsável pela preservação e segurança do patrimônio histórico e cultural de seu país. Mesmo com o surgimento de um interesse romântico, na forma do sedutor Kim Bum-sang, especialista em objetos arqueológicos coreanos, ela não perde o foco no seu trabalho. É divertido ver, para variar, o protagonista suar a camisa para conquistar a mocinha. Logo em seguida vem o que considero o melhor papel, até hoje, da carreira de Seon-ah, o da caipira Shin Mi-rae. No drama The City Hall (SBS, 2009), Seon-ah é uma garota esperta, mas um tanto ingênua, que trabalha como secretária no gabinete do prefeito de uma pequena cidade litorânea. Tudo muda com a chegada de um político poderoso de Seul, o deputado Jo Gook (Cha Seung-won). É difícil encontrar um par tão perfeito como o de Kim Seon-ah e Cha Seung-won, e uma estória de amor tão bonita! Shin Mi-rae é um personagem magnífico, uma mulher simples do interior, que, desafiada pelo amor, se torna uma grande líder política. O último drama da atriz foi I Do, I Do (MBC, 2012), mais uma comédia romântica, em que ela interpreta uma empresária poderosa, que vê sua carreira abalada por uma gravidez indesejada. Em termos de roteiro, é um projeto inferior, mas a atuação de Seon-ah é, mais uma vez, impecável.

Melhor filme: S Diary (2004).
Melhor atuação: Scent of a Woman (2011).
Trivia: Seon-ah já morou nos EUA e Japão.


Quando penso em uma atriz coreana no estilo das grandes estrelas de Hollywood, como Julia Roberts, por exemplo, me vêm imediatamente à mente Choi Ji-woo (1975), a eterna Yoo-jin, de Winter Sonata (KBS, 2002). Mas a carreira da atriz começou muito antes, em 1995, com os dramas Happiness e War and Love. Apesar dos papéis iniciais de mocinha frágil e romântica (Stairway to Heaven), Choi Ji-woo foi amadurecendo e escolhendo personagens que casam muito melhor com sua personalidade forte. Can´t Lose (MBC, 2011), por exemplo, foi o primeiro drama a mostrar um lado mais cômico da atriz, e em perfeita sincronia com seu par romântico, o ator Yoon Sang-hyun. Do alto de seus 1,73 m, Choi Ji-woo se impõe física e emocionalmente sobre o pobre marido, o colega advogado Hyung-woo. A advogada esquentadinha Eun-jae é meu personagem favorito interpretado por ela, entre os que pude acompanhar. É uma pena que ela tenha voltado ao melodrama, com Temptation (SBS, 2014). No cinema, Choi Ji-woo participou de um projeto muito interessante, o filme Actresses (2009), como atriz e co-roteirista.

Melhor par romântico: Bae Yong-jun, em Winter Sonata.


Para ficar na mesma geração das atrizes anteriores, falemos sobre Kim Jeong-eun (1976), mais conhecida pelo drama Lovers in Paris (SBS, 2004), primeiro sucesso da incensada roteirista Kim Eun-sook (The Heirs). Meu drama favorito da atriz é Lovers (SBS, 2006), no qual ela se apaixonava dentro e fora da telinha pelo ator Lee Seo-jin (pena que o romance não sobreviveu ao drama). Apesar de alguns papéis interessantes como no drama I Am Legend, Jeong-eun não tem tido muita sorte na escolha de seus projetos, e seu talento de atriz tem sido francamente mal aproveitado. Kim Jeong-eun também se destaca como cantora, e já apresentou com grande sucesso um programa de variedades musicais, o Kim Jeong-eun´s Chocolate.

Melhor par romântico: Lee Seo-jin “forever”!
Trivia: tem o mesmo nome do falecido ditador norte coreano.


Uhm Jung-hwa (1969) surgiu como cantora pop, mas logo migrou para a carreira de atriz, intercalando papéis no cinema e na TV. Se na TV a atriz é mais conhecida por protagonizar comédias românticas (He Who Can´t Marry, Witch´s Love), é no cinema que ela tem revelado seu talento para encarnar os mais diversos personagens... De escritora neurótica no thriller Bestseller (2010) a dona de casa sonhadora, no divertidíssimo Dancing Queen, Uhm Jung-hwa, com todo seu sex appeal, consegue convencer e emocionar o espectador, a cada novo trabalho. Sou uma grande fã da atriz, por seu charme, simpatia e grande talento cênico.

Melhor par romântico: acho que ainda está por vir, mas soltou faíscas com o jovem Park Seo-joon...
Trivia: é irmã do ator UhmTae-woong (Valid Love).


Um pouco mais jovem, mas com uma carreira impressionante, é a atriz Son Ye-jin (1982). O que impressiona no currículo da atriz é a maturidade na escolha de seus projetos, tanto no cinema, quanto na TV. O resultado é o reconhecimento do público e muitos prêmios ao longo de sua curta, mas prolífica carreira. No cinema, Son Ye-jin já encarnou personagens muito mais velhos e maduros, como no clássico April Snow, ou no melodrama A Moment to Remember. É engraçado que, hoje em dia, ela tem buscado papéis que condigam mais com sua idade, como em Chilling Romance, ou Pirates. De qualquer modo, Ye-jin é uma atriz sempre disposta a novos desafios, e que já deixou sua marca em projetos inesquecíveis, como o drama Alone in Love (SBS, 2006), ou o filme My Wife Got Married (2004). Uma bela atriz, cuja carreira vale muito a pena acompanhar.

Melhor par romântico: Lee Min-ki (Chilling Romance), e Bae Yong-jun (April Snow).

Há tantas outras atrizes que eu gostaria de citar, mas fico com estas, que são uma boa referência tanto no cinema quanto na TV coreana. Esta lista deveria incluir nomes como Soo-ae (que infelizmente, vem desacelerando sua carreira nos últimos anos, mas espero que volte em breve aos dramas), Lee Soo-kyeong (Lawyers of Korea), Kong Hyo-jin (Master´s Sun), Yoon Eun-hye (das mais jovens, minha favorita, mas falta-lhe experiência no cinema) e Kim So-yeon (I Need Romance 3).
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