novembro 05, 2018

Student A (filme, 2018)




País: Coréia do Sul
Gênero: Drama Escolar
Duração: 114 min.

Direção: Lee Kyung-sub
Roteiro: Lee Kyung-sub, baseado no webtoon de Heo5Pac6

Elenco: Kim Hwan-hee, Jung Da-bin, Suho, Yoo Jae-sang, Jung Da-eun, Lee Jong-hyuk, Kim Jung-hwa.

Resumo

A vida da adolescente Mi-rae é um ciclo de eventos tristes, da perseguição escolar, aos maus tratos diários do pai alcoólatra. Seu único consolo são os jogos de videogame e a literatura.

Comentário

Basedo em webtoon do portal Naver, Student A conta, em tom de ‘semi-fábula’, a estória de uma garota extraordinária, que, desafortunadamente, vive uma vida de tristeza e solidão. A talentosíssima atriz mirim Kim Hwan-hee (The Wailling, On the Way to the Airport, The Miracle We Met) encarna Jang Mi-rae, uma garota invisível para o mundo, embora tenha muito a dizer...


Se você está cansado de ver filmes ou séries sobre o trauma do assédio escolar (o infame bullying), fique tranquilo, pois Student A aborda o tema de forma muito original, sem cair no dramalhão, ou na autocomiseração. Mesmo nos momentos mais desesperadores de sua vida, Jang Mi-rae não perde a lucidez e analisa até mesmo com certo pragmatismo sua condição social e emocional.



O palco central do drama é o ambiente escolar no qual a adolescente Jang Mi-rae passa a maior parte de seu dia, e onde vive momentos dolorosos de constrangimento e repressão. Fica claro o preconceito contra sua situação familiar, de pobreza e violência doméstica. Nem mesmo o bom comportamento, notas altas e talento para a escrita bastam para impressionar colegas e professores. O único colega a tratar Mi-rae com um mínimo de gentileza é Tae-yang (Beauty Inside), e é muito natural que ela se enamore do rapaz. O melhor refugio para Mi-rae é o ambiente tranquilo da biblioteca, onde ela pode ler e escrever suas estórias sem ser incomodada. Em casa, ela se refugia no mundo fantástico dos videogames, e os amigos virtuais são sua maior companhia.



Surpreendentemente, Mi-rae se vê fazendo sua primeira amizade, justamente com a garota mais popular da escola, Baek-hab (Jung Da-bin, Should We Kiss First). As duas compartilham o prazer especial em escrever estórias, e passam horas agradáveis trocando experiências sobre seus personagens. Baek-hab se mostra encantada com o talento literário de Mi-rae. Infelizmente, não tarda muito para que Mi-rae se decepcione ao descobrir as verdadeiras intenções de seus novos amigos, Baek-hab e Tae-yang. Deprimida e sem ter com quem conversar, ela resolve procurar um de seus amigos virtuais, a ‘Princesa Hee-na’. Mi-rae encontra Hee-na distribuindo abraços grátis em uma praça da cidade, mas a surpresa mesmo é descobrir que na verdade se trata de um belo rapaz de cabelos dourados, chamado Jae-hee (Suho, membro da boy band EXO).



Jae-hee é o ombro amigo que a garota precisa, a bússola que coloca sua vida caótica no rumo certo. Com ele Mi-rae resgata sua voz, aprendendo assim a reivindicar o direito de ser vista e apreciada por seus colegas. Se todos os problemas da garota não podem ser milagrosamente resolvidos, ao menos ela tem a oportunidade de viver sua juventude como qualquer menina normal, com as alegrias e tristezas próprias da idade. Mais do que um filme simpático, Student A é uma obra iluminada, que aquece o coração, e faz da estória corriqueira de Jang Mi-rae, um exemplo de coragem e resiliência.


setembro 17, 2018

My Mister (tvN, 16 episódios)




O genial diretor Kim Won-suk (Misaeng, Signal) volta à TV com outra produção diferenciada, o drama existencialista My Mister (My Ahjusshi). Como já comentei em outro post, não sei como ainda não convenceram este senhor a voltar-se para o cinema, - até lá, garantimos nossos dramas no mais alto nível de qualidade. Aliás, seu próximo projeto, The Chronicles of Aseudal (tvN, 2019) já é esperado com ansiedade pelos fãs da dupla de roteiristas de The Six Flying Dragons.

O PD Kim e a roteirista Park Hae-Young (Oh Hae Young Again) nos brindam com o que talvez seja o melhor drama do ano, My Mister. My Mister aborda temas que sensibilizam em especial os habitantes das metrópoles, - solidão, desemprego, pobreza, violência, são chagas que afligem os personagens desta estória -, no entanto, mesmo na tragédia eles encontram consolo e esperança, quando um estranho lhes estende a mão.

O que torna atraente esta estória tão triste e ‘pesada’ é o olhar infinitamente carinhoso da escritora sobre seus personagens. O drama nos mostra que a solidão, embora comum a toda a humanidade, é um sentimento muito complexo, com significados diferentes para cada pessoa e para cada momento de sua vida. Park Dong-hoon (Lee Seong-kyeong, Miss Korea) é um homem que sofre de uma solidão profunda e crônica, apesar de ser um profissional bem sucedido, casado, e cercado do carinho de sua mãe e irmãos. Sua condição provoca o afastamento da esposa, Kang Yoon-hee (Lee Ji-ah, Beethoven Virus, The Ghost Detective), advogada, mãe, que busca consolo nos braços do amante, Do Joon-young (Kim Young-min). Do Joon-young, ex-colega de universidade de Park Dong-hoon e agora seu superior na empresa de engenharia, sofre de um complexo de inferioridade deprimente, que o leva a usar a amante como uma reafirmação de sua masculinidade.

Sang-hoon (Park Ho-san, Lawless Lawyer) e Gi-hoon (Song Sae-byeok, Seven Years of Night) são os irmãos de Park Dong-hoon, que após uma série de infortúnios na vida, voltam a morar com a mãe, a dona-de-casa viúva Byeon Yo-soon (Ko Du-shim). Entediados e desesperançados, Sang-hoon e Gi-hoon acompanham com preocupação fanática os menores eventos cotidianos da vida do irmão, contribuindo assim com os momentos mais enternecedores do drama. O primogênito Sang-hoon é um sujeito sensível, emotivo, que não tem forças para superar a falência de seu negócio, e o consequente fracasso do casamento. Gi-hoon (ex-diretor e roteirista de cinema), por sua vez, é ainda mais lamentável, já que uma única decepção profissional o deprimiu o bastante a ponto de fazê-lo se acomodar à vida de solteirão desempregado. A reaparição da atriz Choi Yoo-ra (Nara, Your Honor), que Gi-hoon considera sua ‘nemesis’, funciona como uma espécie de terapia de choque, que o obriga a repensar seu destino.

Os irmãos Park moram há anos no mesmo bairro, e, com os antigos e fiéis amigos de infância, compartilham partidas de futebol, além de bebedeiras quase diárias. A dona do boteco frequentado por eles é Jung-hee (Oh Na-ra, Judge vs Judge), que teve o coração partido por Gyum Duk (Park hae-joon, Misaeng), que a trocou pela vida celibatária de monge budista. Jung-hee não se conforma que Gyum Duk tenha abdicado de seu amor, pela solidão eterna no alto de uma montanha. O irônico é que ela, ao viver da memória deste amor, é a mais solitária dos dois.

Mas tudo muda na vida destes personagens, com a chegada de uma garota misteriosa, Lee Ji-an (IU, Moon Lovers: Scarlet Heart Ryeo). A princípio Lee Ji-an parece uma pequena marginal, o que não deixa de ser verdade, em parte, mas a estória que a levou até este ponto crítico é tão traumática quanto comum no mundo cruel em que vivemos. Órfã, ela luta para sustentar a si mesma e a avó surda-muda, enquanto é perseguida incansavelmente por Lee Gwang-il (Jang Ki-yong, Come and Hug Me), um agiota violento, estranhamente obsecado com a garota. Quando o destino une Park Dong-hoon e Lee Ji-an, o casal reconhece um no outro aquela solidão profundamente enraizada em suas almas, e que, milagrosamente, eles conseguem transformar em reparação.

Palmas para o roteiro brilhante, a direção sensível, sem ser invasiva, e, especialmente, para o elenco de My Mister. Lee Seong-kyeong, entre tantos papeis importantes na TV (Miss Korea, Golden Time) e no cinema (Paju, A Hard Day), chega ao auge como ator, ao interpretar um personagem tão complexo e carismático como Park Dong-hoon. IU bem que poderia usar seu nome de batismo, Lee Ji-eun, para descolar-se como atriz de sua bem sucedida carreira de cantora pop. Este drama foi um enorme passo na carreira desta jovem, para retirar de vez seu rótulo de celebridade pop, e inseri-la na lista das melhores atrizes de sua geração. Outra alegria que este drama nos proporcionou foi ver a volta cautelosa, mas marcante da atriz Lee Ji-ah, depois de anos de ostracismo forçado (por um casamento infeliz). Mais difícil ainda é descrever em palavras o prazer de ver esta dupla de veteranos do cinema, Park Ho-san e Song Sae-byeok, dando um show de interpretação, com um frescor e um desprendimento mais do que bem vindos na telinha. Pois é por estórias maravilhosas como estas, que nos deixam lembranças tão queridas, que aguardamos com expectativa a cada nova temporada. Sendo assim, até a próxima...

julho 02, 2018

My Husband Oh Jak-doo (drama, 2018)




País: Coréia do Sul
Gênero: Romance
Duração: 24 episódios
Produção: MBC TV
Direção: Baek Ho-min
Roteiro: Yoo Yoon-kyung

Elenco: Uee, Kim Kang-woo, Jung Sang-hoon, Han Sun-hwa

Resumo

Uma produtora de TV sobe uma montanha para filmar um documentário e volta casada com um caipira que irá mudar seus conceitos de vida.

Comentário

Uma comédia romântica adulta como há muito eu não via, que reflete com seriedade, ainda que sem perder o bom humor, sobre as alegrias e tristezas da vida em casal.

Quando foi anunciado o elenco do drama, fiquei chateada por meu querido Kim Kang-woo, grande ator, ter como par romântico a ex-cantora pop Uee, cuja fama está muito acima de suas atuações irregulares. Felizmente meu temor foi afastado já no primeiro episódio, ao ver que eles formavam um casal simplesmente encantador. Se Uee e Kim Kang-woo formam um casal tão improvável quanto o da ficção, é visível seu prazer em interpretar os personagens, e viver intensamente esta bonita estória de amor.

Han Seung-joo (Uee, High Society, Manhole) é uma produtora de programas de variedade para a TV, mas seu sonho é ser uma respeitada documentarista. Quando surge a proposta de trabalhar em um documentário sobre um artesão que vive isolado no interior, ela agarra a oportunidade com unhas e dentes. Han Seung-joo trabalha incansavelmente desde muito jovem, e com muito sacrifício pagou seus estudos e comprou sua casa. Ela nunca pôde depender da mãe viúva e do irmão mais jovem, muito pelo contrário, os dois se aproveitam sem vergonha de suas economias. Apesar de seu espírito independente, Seung-joo sente certa inveja de suas duas melhores amigas, ambas casadas, por terem apoio financeiro e emocional de seus maridos nos momentos difíceis. Quando Seung-joo começa a receber ameaças de morte e a ser perseguida por um estranho, ela entra em pânico, mas não tem a quem a proteja do perigo.

Oh Hyuk aprendeu com o avô a produzir artesanalmente o Gayageum, um instrumento musical de cordas típico de seu país. Os gayageum fabricados por Oh Hyuk, que levam o selo de qualidade de seu avô são tão apreciados quanto cobiçados pelos músicos do país. Uma das poucas instrumentistas a ter o privilégio de tocar um gayageum fabricado por Oh Hyuk é Jang Eu-jo (Han Sun-hwa, Radiant Office), que foi seu primeiro amor de infância. Com a morte do avô, Oh Hyuk isolou-se do mundo e nunca mais foi visto em pessoa.
Tendo em mãos apenas o endereço do vilarejo mais próximo de onde o recluso artesão estaria vivendo, Han Seung-joo tenta encontrá-lo para poder produzir o documentário de seus sonhos. Ao subir a montanha, ela encontra apenas uma cabana rústica, e seu morador, Oh Jak-doo (Kim Kang-woo, de Goodbye Mr. Black, Marriage Blue), um caipira que vive de colher ervas nativas, que vende no mercado público local. Decepcionada, ela volta a Seul, tentando planejar uma nova estratégia para encontrar Oh Hyuk. Quando Seung-joo reencontra por acaso o caipira Oh Jak-doo, convence o rapaz a forjar um casamento e ir morar com ela para protegê-la do suspeito que a está ameaçando. Uma relação que começa com um contrato formal acaba se transformando em uma extraordinária estória de amor.

A roteirista Yoo Yoon-kyung (Mama, My Bittersweet Life), famosa por seus melodramas lacrimosos, em My Husband Oh Jak-doo revela seu talento para a comédia, com diálogos sensíveis, inteligentes e personagens bem desenvolvidos emocionalmente. Se há uma coisa frustrante são os dramas em que o casal protagonista não conversa, ficando no flerte vazio e na provocação. O que mais me agradou neste drama foi exatamente não só a quantidade como o conteúdo do diálogo entre os protagonistas. Han Seung-joo e Oh Jak-doo tem um interesse e uma curiosidade verdadeiros sobre os sentimentos e desejos um do outro, e é um verdadeiro bálsamo ouvir suas confidências de amor. My Husband Oh Jak-doo nos ensina o quão importante é o respeito e a cumplicidade para que um relacionamento seja satisfatório e duradouro.

Enfim, um belo drama, que, é verdade, ganharia em dinamismo com menos episódios (16 a 20 bastariam), e uma direção menos burocrática. Mas com personagens secundários muito simpáticos, - as queridas amigas de Han Seung-joo, as divertidíssimas ‘tias’ de Oh Jak-doo e o CEO Eric Jo (Jung Sang-hoon, que rouba a cena), - e um casal protagonista adorável, My Husband Oh Jak-doo é, sem dúvida, uma das melhores produções do ano.

junho 14, 2018

Live (drama, 2018)




País: Coréia do Sul
Gênero: Policial, Drama
Duração: 18 episódios
Produção: tvN

Direção: Kim Kyu-tae
Roteiro: No Hee-kyung

Elenco: Jung Yu-mi, Lee Kwang-soo, Bae Sung-woo, Bae Jong-ok, Sung Dong-il, Jang Hyun-sung, Lee Eol, Lee Joo-young, Shin Dong-wook, Lee Si-um, Lee Soon-jae, Yum Hye-ran

Resumo

Live acompanha a rotina de um grupo de novatos em uma delegacia de polícia de Seul, enquanto aprendem a valorizar seu papel de guardiões da ordem social.

Comentário

No Hee-kyung (It´s Ok, This is Love, That Winter, The Wind Blows, Padam Padam, Worlds Within...) é uma roteirista que não costuma fazer concessões a temas amenos, e muito menos a sentimentos baratos, e, talvez por isso mesmo, é tão respeitada entre diretores, atores, e fãs de dramas com conteúdo.  Se as estórias da escritora emocionam, enquanto fazem o espectador refletir sobre a vida, também é verdade que é impossível sair de coração leve ao assistir qualquer um de seus dramas.

Apesar de escolher cenários diferentes para cada drama, um sentimento comum prevalece em suas estórias, o da luta do cidadão para sobreviver em uma sociedade que cobra muito e oferece pouco em troca. E em Live ela dispara com toda a carga, e em todas as direções... Live é um retrato nada bonito dos vícios do poder, do preconceito de classe, e da violência brutal contra mulheres e crianças. Decepciona um pouco ver uma sociedade tão elogiada por seus altos índices de escolaridade e avanços tecnológicos, carregar uma herança maldita que parece vir dos tempos de reinados cruéis e escravagistas.

Como acontece em muitos países, quando os jovens se veem afastados de perspectivas profissionais brilhantes, a solução é tentar a carreira pública. E é o que acontece com Han Jung-o e Yeom Sang-soo, que compartilham um passado de sacrifícios pessoais, até se encontrarem na academia de polícia. Após um treinamento militar estressante, eles são designados à mesma delegacia, em um bairro com altos índices de ocorrências policiais.

Han Jung-o (Jung Yu-mi, de Train to Busan) e Song Hye-ri (Lee Joo-young, de Believer) são as únicas mulheres na delegacia, mas nem por isso recebem tratamento diferenciado. Elas alugam um apartamento no piso superior da casa do colega recruta Yeom Sang-soo (Lee Kwang-soo, de It´s Ok, This is Love), que mora com a mãe (Yum Hye-ran, de Lawless Lawyer). Apesar da amizade sincera do trio, a competitividade é grande, já que os bons resultados geram pontos, enquanto que os fracassos podem levar à expulsão da polícia.

Han Jung-o é uma jovem que esconde seus sentimentos por detrás de uma fachada de serenidade e pragmatismo. Mas sua maturidade surgiu à custa do convívio com a mãe, que a criou sozinha, dominada por ataques de síndrome do pânico, cobrando da filha mais do que ela talvez possa alcançar na vida. Han Jung-o sente-se atraída por um de seus superiores, o oficial Choi Myung-ho (Shin Dong-wook, Lookout, Soul Mate), não só por sua beleza e carisma, mas especialmente por sua ética profissional. Confesso que me senti traída pela expectativa de ver Shin Dong-wook em um papel mais destacado em um drama, - infelizmente, não foi desta vez. O triângulo amoroso entre Yeom Sang-soo, Han Jung-o e Choi Myung-ho, a princípio divertido, torna-se o ponto menos interessante da trama. O problema é que o caráter egocêntrico dos recrutas torna seus dramas pessoais muito menos interessantes que os de seus superiores.

Sang-soo tem uma personalidade difícil, e sua resistência em aceitar as críticas dos superiores torna seu trabalho muito mais difícil. Ele fica ainda mais nervoso quando Oh Yang-chon, o instrutor mais detestado da academia é transferido para a delegacia. Até dá para entender o desespero de Yeom Sang-soo em sair-se bem na carreira policial, depois de tantas decepções em trabalhos anteriores, mas sua coragem cega expõe a ele e aos colegas a situações cada vez mais arriscadas. Este lado autocentrado, egoísta mesmo dos personagens mais jovens me fez perder o interesse por seu destino na estória.

Oh Yang-chon (Bae Sung-woo) é um detetive de polícia incansável, mas sua dedicação é premiada com uma punição severa, quando ele se envolve em uma investigação não autorizada. Rebaixado a policial fardado, ele não tem uma recepção das mais calorosas ao chegar à delegacia de bairro. O delegado Ki Han-sol (Sung Dong-il, de It´s Ok, This is Love, Answer Me 1988), velho conhecido do detetive tenta acalmar os ânimos, mas não é fácil conter a frustração de Yang-chon, e o desprezo dos oficiais mais jovens. Para piorar, o sub delegado Eun Kyung-mo (Jang Hyun-sung, Man to Man), curte uma paixão antiga pela esposa de Yang-chon, An Jang-mi. An Jang-mi (Bae Jong-ok, Bubblegum), chefe de investigação de crimes violentos, profissional competente, mãe de um casal de adolescentes, se desdobra para resolver os problemas de trabalho e família. Cansada da falta de envolvimento do marido na rotina familiar, ela resolve pedir o divórcio. Oh Yang-chon não quer se separar, mas é forçado a sair de casa e vai morar com o pai (Lee Soon-jae, Money Flower). Yang-chon não perdoa o pai por seu passado de alcoolismo, quando costumava espancar mulher e filho. Idoso, o pai de Yang-chon cuida da esposa hospitalizada em estado vegetativo há anos. Por ironia do destino, ambos os pais da nora, An Jang-mi, encontram-se internados, inconscientes, no mesmo hospital. Apesar de tantas tragédias pessoais, são os oficiais mais velhos que nos presenteiam tanto com os necessários momentos de alívio cômico, como com belas lições de vida. Ainda mais, as atuações destes atores veteranos valorizam enormemente o texto do drama. Depois de assistir a atuação excepcional de Bae Sung-woo (The King, The Swindlers) é difícil de acreditar que este ator experiente tenha sido relegado a papeis secundários, apesar de sua carreira sólida no cinema. Carismático, com um charme bruto, mas cheio de humor cínico, Bae Sung-woo encontrou seu lugar merecido como protagonista, no papel do detetive de polícia Oh Yang-chon. É muito divertido acompanhar a relação complicada do casal Yang-chon e Jang-mi, e aprender que nunca é tarde para evoluir e amadurecer, como pais, filhos, marido e mulher.

Outro personagem que me comoveu profundamente foi Lee Sam-bo, um oficial às vésperas da aposentadoria, que ganha aos poucos o respeito de sua pupila, Song Hye-ri. Uma interpretação louvável de Lee Eol (Insadong Scandal), um ator que andava meio esquecido, e que torço para ver mais vezes no futuro.

Live tem mais o sentido de “subsistir”, do que de “viver”, ou talvez fosse mais apropriado o título “sobreviver” para este drama, que retrata de forma tão amarga as mazelas da sociedade coreana. Se o argumento da roteirista é fiel à realidade, os membros da polícia coreana são grandes heróis, mesmo que acidentais, que recebem um salário miserável, são exigidos ao máximo, mas pouco respeitados pela sociedade, enquanto arriscam a vida a cada dia... Uma realidade que está bem mais próxima do que gostaríamos, de nosso próprio país.
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