Em um reino distante, chamado Illrya, um jovem duque chamado
Orsino ama a bela Lady Olívia que, no entanto, não retribui os seus
sentimentos. Após ser vítima de um trágico naufrágio, e sem recursos para
sobreviver, a jovem Viola resolve se
disfarçar para trabalhar como garoto de recados do duque Orsino. A confusão
está arranjada quando Lady Olívia se apaixona por Cesário (na verdade Viola) e
Viola por sua vez se apaixona por seu patrão, Orsino.
Essa divertida comédia romântica, Noite de Reis (Twelfth
Night, Or What You Will) surgiu da imaginação de um senhor chamado William
Shakespeare, por volta de 1601.
Desde então, e por séculos, a curiosidade e o prazer em
ler, ou assistir esta estória nunca se esgotou, e se renova a cada geração.
O famoso mangá shojo Hanazakari no kimitachi e, de Hisaya Nakajo, soube
aproveitar muito bem este tema da mudança de gênero, e deu origem a um dos
dramas de maior sucesso da TV japonesa, com uma primeira adaptação de 2007, e a
segunda de 2011. No entanto, a primeira adaptação do mangá foi produzida pela Comic
Productions Co., e veiculada em
Taiwan no ano de 2006. A mais nova versão de Hana Kimi é coreana, produzida pela
SBS TV, e intitulada To the Beautiful You.
A versão que ganhou maior fama foi a japonesa de 2007.
Com um visual e ritmo que se apega muito fielmente ao mangá, este Hana Kimi
parece ser o favorito de quem curtiu os 23 volumes dos quadrinhos originais. E
também causou um pouco de espanto e até mesmo uma pequena revolta entre estes
admiradores o fato da Fuji TV ter investido em um remake do drama após apenas
quatro anos da estréia do primeiro.
Entretanto, para quem não tem preconceitos com remakes,
ou não assistiu a primeira versão, vale a pena acompanhar o drama Hana Kimi
2011. Num ritmo um pouco menos frenético, mas sem deixar de lado o humor
característico do gênero, esta versão é simplesmente encantadora! Com um elenco
afiadíssimo, carismático (e enorme), fica difícil superar esta segunda (e última?)
versão nipônica de Hana Kimi.
Uma comédia romântica que explora com humor
irreverente as muitas confusões e desentendimentos que a situação da troca de
gênero pode gerar. Apesar da cultura pop japonesa (mangá, animê, drama) muitas
vezes expor um preconceito, ou uma visão politicamente incorreta, se preferir, com
certas minorias, no caso de Hana Kimi, a meu ver, o tema do homossexualismo foi
tratato com muita sensibilidade. Ao contrário de To the Beautiful You, que
vilaniza certos personagens desnecessariamente, Hana Kimi, apesar de toda a caricatura, consegue
quebrar muitos preconceitos, o que é muito saudável, considerando-se que o
público jovem é o alvo principal deste produto.
Hanazakarino Kimitachihe
(2006), ou Hua Yang Shao Nian Shao Nu, 15 episódios, Comic Productions Co.,
CTS TV. Estrelando Ella Chen, Wu Chun e Jiro Wang.
Hanazakari no kimitachi e (2007), Fuji TV, 12 episódios, com
Horikita Maki e Oguri Shun (Rich Man, Poor Woman).
A jovem Shin Yun-bok se disfarça de homem
para entrar na Academia Dohwaseo, e estudar artes plásticas com o famoso
artista Kim Hong-do.
You’re
Beautiful (2009), SBS TV, com Jang Geun-seok, Park Sin-hye (Cyrano Agency).
Go-mi
é uma jovem órfã, que foi criada em um convento. Quando seu irmão gêmeo que é
músico desaparece, ela se faz passar por ele como novo membro de uma boy
band de sucesso. Assim, Go-mi terá a árdua tarefa de convencer os colegas
de que é um rapaz, e de que tem talento para fazer parte da banda.
Um
drama voltado essencialmente ao público adolescente, com produção apurada, bom
elenco, mas com um dos piores roteiros do gênero.
Sungkyungwan Scandal (2010), drama histórico, romance, KBS2 TV, 20 episódios, com
Micky Yoochun (Rooftop Prince), Park Min-yeong, Song Joong-ki (Nice Guy), Yoo Ah-in.
Esta é a estória de Yunhee, uma jovem que depende apenas
de si mesma para sobreviver em um mundo que não dá oportunidades justas às
mulheres, e de três homens que ela irá encontrar: o intelectual arrogante Seonjun,
o rebelde Jaesin e o cínico Yongha. Para
estudar na escola Sungkyunkwan, Yunhee
se disfarça de homem e, junto de seus novos amigos, irá ajudar a mudar o
destino de seu país.
Hanazakari no kimitachi e (2011), Fuji TV, 11 episódios,
com Maeda Atsuko, Nakamura Aoi (Summer Rescue), Miura Shohei.
Ma Boy (2012), Tooniverse, 3 episódios, com Sun Woong,
Kim So-hyeon-I, Min-hoo.
Um drama que tinha um potencial incrível, infelizmente
desperdiçado por uma produção preguiçosa e pouco inovadora. Mesmo assim, vale fazer
uma mini-maratona (é melhor ver tudo de uma vez, ou a tentação em abandonar pela
metade será grande). Diferente das muitas estórias de garotas que se
transvestem de garotos, em Ma Boy é um jovem que se veste de garota. Hyeon-woo
sonha em ser cantor e bailarino de um grupo pop, e para se sustentar enquanto o
sucesso não vem, ele é obrigado pelo seu agente a se vestir de mulher e posar
de modelo fotográfico. No colégio interno, disfarçado de Irene, ele acaba
dividindo o quarto com uma nova aluna, Geu-rim, que por sua vez, entra na
escola só para poder ficar mais perto do seu ídolo, o cantor Tae-joon.
To the Beautiful You (2012), SBS TV, 16 episódios, com Choi
Seol-ri, Minho e Lee Hyun-woo.
A versão ‘hallyu’ de Hana Kimi transforma a estória de
uma jovem que se disfarça de homem para poder entrar na mesma escola de seu herói
esportivo, numa superprodução, que enche os olhos mais pelo brilho do que pela
originalidade ou inovação. No entanto, é mais um produto de qualidade
indiscutível da SBS TV, e é quase impossível não se envolver com este drama, mesmo
para quem já assistiu alguma das versões anteriores da estória. To the
Beautiful You tem seus bons momentos, e tem crescido muito ao longo da
temporada. Os personagens secundários de To the Beautiful You não são tão
interessantes quanto os de Hana Kimi e, por isso, resta uma responsabilidade
muito maior para o casal principal de conquistar e manter o interesse do espectador.
Não deixe de assistir To the Beautiful You, mas fica o aviso e a recomendação
para dar uma oportunidade a Hana Kimi 2011, que tem uma dose satisfatória de
romance, e o bônus (inestimável) da irreverência e questionamentos que o gênero
proporciona.