Ano:
2011
Produção:
KBS
Gênero:
Drama, Thriller
Duração:
8 episódios
Direção:
Kim Yong-soo-I (Equator Man)
Roteiro:
Park Yeon-seon (Alone in Love)
Elenco:
Kim
Sang-kyeong, psiquiatra Kim Yo-han
Baek
Seong-hyeon, aluno Park Moo-yeol
Kim
Yeong-kwang, aluno Jo Yeong-jae
Lee
Soo-hyeok, aluno Yoon Soo
Hong
Jong-hyeon, aluno Lee Jae-gyoo
Esom,
aluna Yoon Eun-seong
Kim
Woo-bin, aluno Kang Mir
Seong
Joon, aluno Choi Chi-hoon
Jeong
Seok-won, professor Yoon Jong-il
Resumo
A
Escola de Ensino Médio Susin, apelidada de "Escola Prisão", é um
colégio de elite frequentado pelos melhores estudantes do país. Suas notas
exemplares são resultado de uma pressão constante, e um sistema extremamente
rigoroso, ao ponto de os alunos evitarem qualquer atividade além do estudo. É
nesta atmosfera sufocante que sete estudantes e um professor permanecem na
escola durante o período de férias de inverno, com a presença
adicional de um psiquiatra chamado Kim Yo Han, forçado a se abrigar com eles
após envolver-se em um acidente de carro. Enquanto celebram a véspera de Natal
isolados do mundo, os alunos descobrem que cartas anônimas enviadas a cada um
deles não foi resultado de uma brincadeira inocente; há um assassino entre eles.
Resta apenas uma pergunta: Os monstros são criados, ou já nascem
monstros?
Comentário
Primeiro,
estabelecido que se trata de um suspense, é altamente recomendável evitar ‘spoilers’
ou descrições mais detalhadas da estória, sob o risco de estragar o prazer e as
surpresas que acompanham este drama.
O
que vale a pena ressaltar é a qualidade excepcional do roteiro e da direção, o elenco
pequeno, mas obviamente escolhido ‘a dedo’, e a trilha musical de extremo bom
gosto. O que desejar mais de um drama especial?
Confesso
que a maioria dos dramas especiais coreanos que assisti até hoje foram decepcionantes,
para dizer o mínimo. Mas depois de ler tantos comentários entusiasmados sobre
White Christmas, pude confirmar que os elogios eram mais do que merecidos.
A
primeira coisa que chama a atenção é o cuidado com a produção – incluindo-se fotografia,
cenografia e música. Em segundo lugar, e o ponto mais delicado de qualquer
drama ou filme, a estória. É no gênero suspense (thriller) que os clichês mais
se proliferam e destroem as expectativas do espectador mais exigente, com a maior
facilidade. Felizmente, não é o caso de White Christmas, onde o drama é construído
em camadas que vão de sobrepondo e criando uma estória concisa e de
profundidade psicológica impressionante.
No
entanto, como todos sabem, a melhor das produções pode ser arruinada por um
elenco mal escolhido (‘miscasting’ é o termo inglês, muito apropriado).
Pessoalmente, não gosto muito de estórias que reúnam um elenco principal muito
grande, pois a chance da trama sair enfraquecida no processo é muito grande, e
proporcional ao número de personagens. Mas não é o caso deste drama, pois cada
personagem – especialmente os estudantes – é tratado com atenção
especial. E cada um dos atores brilha sem exceção em seu papel, coisa
raríssima neste tipo de situação.
É
claro que é natural a tendência do espectador se identificar mais com este ou
aquele personagem. E tratando-se de uma estória que se passa dentro de uma
escola, quem já passou ou ainda se encontra nesta fase da vida, certamente vai
se reconhecer em um dos personagens – o tímido, o estudioso, o gênio desligado,
o rebelde, e assim por diante.
Talvez
o personagem mais interessante e simpático – e que pode ser considerado o personagem central da trama - seja Park Moo-yeol (interpretado brilhantemente pelo jovem Baek
Seong-hyeon, do drama BIG), pois reúne várias características marcantes, como
inteligência, charme, coragem, e um toque de timidez. Ele parece ser o
personagem mais equilibrado, mais normal, embora as aparências muitas vezes
enganem, e é da natureza humana que certas fraquezas sejam expostas em momentos
de crise ou estresse.
E
este é o ponto de questionamento da estória: somos todos normais, até sermos
pressionados a agir de forma irracional? Ou somos capazes de controlar nossos
instintos mais primitivos, mesmo nas situações mais ameaçadoras? Nascemos
monstros ou a sociedade pode nos transformar em monstros? Um questionamento
intrigante, perturbador e muito difícil de ser respondido.
Mas
é o que White Christmas tenta esclarecer e, se a conclusão é correta ou não,
fica a cargo do espectador decidir. O certo é que o drama traz referências claras a
romances como O Senhor das Moscas, ou a filmes como O Silêncio dos Inocentes, que
lidam com temas psicológicos complexos.
Para
quem não tem preconceitos sonoros e gosta de música de qualquer gênero, desde
que seja boa, White Christmas é um prato cheio – vale correr atrás da trilha
musical após concluir os oito episódios eletrizantes do drama. Do rock nervoso
de AC/DC à música clássica de Mozart , da ultra pop Britney Spears ao
eletrônico elegante de Massive Attack, a mistura improvável, estranhamente, se
encaixa perfeitamente em cada cena, sem ficar ‘over’.
Não
vou me deter individualmente nos atores, pois são todos maravilhosos, e embora
muito jovens, já são bem conhecidos do público que acompanha os dramas
coreanos. Mas vale destacar a presença sempre impressionante de Kim Sang-kyeong,
que raramente dá o ar da graça na TV, por estar muito ocupado com sua carreira
cinematográfica. Recomendo assistir qualquer filme que puder com este ator –
que acaba de estrear a megaprodução The Tower, filme catástrofe, com grande
elenco.