País:
Coréia do Sul
Gênero:
Policial, Drama
Duração:
18 episódios
Produção:
tvN
Direção:
Kim Kyu-tae
Roteiro:
No Hee-kyung
Elenco:
Jung Yu-mi, Lee Kwang-soo, Bae Sung-woo, Bae Jong-ok, Sung Dong-il, Jang
Hyun-sung, Lee Eol, Lee Joo-young, Shin Dong-wook, Lee Si-um, Lee Soon-jae, Yum
Hye-ran
Resumo
Live acompanha a
rotina de um grupo de novatos em uma delegacia de polícia de Seul, enquanto aprendem
a valorizar seu papel de guardiões da ordem social.
Comentário
No
Hee-kyung (It´s Ok, This is Love, That Winter, The Wind Blows, Padam Padam, Worlds Within...) é uma roteirista que não costuma fazer concessões
a temas amenos, e muito menos a sentimentos baratos, e, talvez por isso mesmo,
é tão respeitada entre diretores, atores, e fãs de dramas com conteúdo. Se as estórias da escritora emocionam,
enquanto fazem o espectador refletir sobre a vida, também é verdade que é
impossível sair de coração leve ao assistir qualquer um de seus dramas.
Apesar
de escolher cenários diferentes para cada drama, um sentimento comum prevalece
em suas estórias, o da luta do cidadão para sobreviver em uma sociedade que
cobra muito e oferece pouco em troca. E em Live
ela dispara com toda a carga, e em todas as direções... Live é um retrato nada bonito dos vícios do poder, do preconceito
de classe, e da violência brutal contra mulheres e crianças. Decepciona um
pouco ver uma sociedade tão elogiada por seus altos índices de escolaridade e
avanços tecnológicos, carregar uma herança maldita que parece vir dos tempos de
reinados cruéis e escravagistas.
Como
acontece em muitos países, quando os jovens se veem afastados de perspectivas
profissionais brilhantes, a solução é tentar a carreira pública. E é o que
acontece com Han Jung-o e Yeom Sang-soo, que compartilham um passado de
sacrifícios pessoais, até se encontrarem na academia de polícia. Após um
treinamento militar estressante, eles são designados à mesma delegacia, em um
bairro com altos índices de ocorrências policiais.
Han
Jung-o (Jung Yu-mi, de Train to Busan)
e Song Hye-ri (Lee Joo-young, de Believer)
são as únicas mulheres na delegacia, mas nem por isso recebem tratamento
diferenciado. Elas alugam um apartamento no piso superior da casa do colega
recruta Yeom Sang-soo (Lee Kwang-soo, de It´s
Ok, This is Love), que mora com a mãe (Yum Hye-ran, de Lawless Lawyer). Apesar da amizade sincera do trio, a
competitividade é grande, já que os bons resultados geram pontos, enquanto que
os fracassos podem levar à expulsão da polícia.
Han
Jung-o é uma jovem que esconde seus sentimentos por detrás de uma fachada de
serenidade e pragmatismo. Mas sua maturidade surgiu à custa do convívio com a
mãe, que a criou sozinha, dominada por ataques de síndrome do pânico, cobrando
da filha mais do que ela talvez possa alcançar na vida. Han Jung-o sente-se
atraída por um de seus superiores, o oficial Choi Myung-ho (Shin Dong-wook, Lookout, Soul Mate), não só por sua beleza e carisma, mas especialmente por
sua ética profissional. Confesso que me senti traída pela expectativa de ver Shin
Dong-wook em um papel mais destacado em um drama, - infelizmente, não foi desta
vez. O triângulo amoroso entre Yeom Sang-soo, Han Jung-o e Choi Myung-ho, a
princípio divertido, torna-se o ponto menos interessante da trama. O problema é
que o caráter egocêntrico dos recrutas torna seus dramas pessoais muito menos
interessantes que os de seus superiores.
Sang-soo
tem uma personalidade difícil, e sua resistência em aceitar as críticas dos
superiores torna seu trabalho muito mais difícil. Ele fica ainda mais nervoso
quando Oh Yang-chon, o instrutor mais detestado da academia é transferido para
a delegacia. Até dá para entender o desespero de Yeom Sang-soo em sair-se bem
na carreira policial, depois de tantas decepções em trabalhos anteriores, mas
sua coragem cega expõe a ele e aos colegas a situações cada vez mais
arriscadas. Este lado autocentrado, egoísta mesmo dos personagens mais jovens
me fez perder o interesse por seu destino na estória.
Oh
Yang-chon (Bae Sung-woo) é um detetive de polícia incansável, mas sua dedicação
é premiada com uma punição severa, quando ele se envolve em uma investigação
não autorizada. Rebaixado a policial fardado, ele não tem uma recepção das mais
calorosas ao chegar à delegacia de bairro. O delegado Ki Han-sol (Sung Dong-il,
de It´s Ok, This is Love, Answer Me 1988), velho conhecido do
detetive tenta acalmar os ânimos, mas não é fácil conter a frustração de Yang-chon,
e o desprezo dos oficiais mais jovens. Para piorar, o sub delegado Eun Kyung-mo
(Jang Hyun-sung, Man to Man), curte
uma paixão antiga pela esposa de Yang-chon, An Jang-mi. An Jang-mi (Bae Jong-ok,
Bubblegum), chefe de investigação de
crimes violentos, profissional competente, mãe de um casal de adolescentes, se
desdobra para resolver os problemas de trabalho e família. Cansada da falta de
envolvimento do marido na rotina familiar, ela resolve pedir o divórcio. Oh
Yang-chon não quer se separar, mas é forçado a sair de casa e vai morar com o
pai (Lee Soon-jae, Money Flower). Yang-chon
não perdoa o pai por seu passado de alcoolismo, quando costumava espancar
mulher e filho. Idoso, o pai de Yang-chon cuida da esposa hospitalizada em
estado vegetativo há anos. Por ironia do destino, ambos os pais da nora, An
Jang-mi, encontram-se internados, inconscientes, no mesmo hospital. Apesar de
tantas tragédias pessoais, são os oficiais mais velhos que nos presenteiam
tanto com os necessários momentos de alívio cômico, como com belas lições de
vida. Ainda mais, as atuações destes atores veteranos valorizam enormemente o
texto do drama. Depois de assistir a atuação excepcional de Bae Sung-woo (The King, The Swindlers) é difícil de acreditar que este ator experiente
tenha sido relegado a papeis secundários, apesar de sua carreira sólida no
cinema. Carismático, com um charme bruto, mas cheio de humor cínico, Bae
Sung-woo encontrou seu lugar merecido como protagonista, no papel do detetive
de polícia Oh Yang-chon. É muito divertido acompanhar a relação complicada do
casal Yang-chon e Jang-mi, e aprender que nunca é tarde para evoluir e
amadurecer, como pais, filhos, marido e mulher.
Outro
personagem que me comoveu profundamente foi Lee Sam-bo, um oficial às vésperas
da aposentadoria, que ganha aos poucos o respeito de sua pupila, Song Hye-ri. Uma
interpretação louvável de Lee Eol (Insadong
Scandal), um ator que andava meio esquecido, e que torço para ver mais
vezes no futuro.
Live tem mais o
sentido de “subsistir”, do que de “viver”, ou talvez fosse mais apropriado o
título “sobreviver” para este drama, que retrata de forma tão amarga as mazelas
da sociedade coreana. Se o argumento da roteirista é fiel à realidade, os
membros da polícia coreana são grandes heróis, mesmo que acidentais, que
recebem um salário miserável, são exigidos ao máximo, mas pouco respeitados
pela sociedade, enquanto arriscam a vida a cada dia... Uma realidade que está bem
mais próxima do que gostaríamos, de nosso próprio país.
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