País:
Coréia do Sul
Gênero:
drama, comédia romântica
Duração:
16 episódios
Produção:
MBC
Direção:
Jung Ji-in, Park Sang-hoon
Roteiro:
Jung Hoe-hyun
Elenco:
Go Ah-sung, Ha Suk-jin, Lee Dong-hwi, Hoya, Kim Dong-wook, Kim Byung-choon, Han
Sun-hwa, Kwon Hae-hyo, Jang Shin-young, Oh Dae-hwan, Kim Hee-chan
Resumo
Após
passar por uma centena de entrevistas de emprego, Eun Ho-won finalmente é
contratada como estagiária de uma empresa de móveis. No entanto, ser efetivada
como funcionária será um desafio ainda maior para a idealista Ho-won.
Comentário
Os
“dramas de escritório” são tão comuns quanto esquecíveis, e poucos mesmo se
destacam, como foi o caso do drama existencialista Misaeng (tvN, 2014), ou da comédia aloprada Chief Kim (KBS, 2017). Sendo assim, Radiant Office acabou por ser uma das melhores e mais bem vinda
surpresa da temporada. O drama traz um enfoque inteligente sem ser panfletário
sobre a carência de oportunidades de trabalho para as novas gerações de cidadãos
coreanos, - mas bem que esta estória poderia se passar em qualquer sociedade
capitalista do mundo, incluindo o nosso país. A roteirista novata Jung Hoe-hyun
(Granny is in 1st Grade) surpreende
com um texto sensível, sem afetações, mas com referências culturais (cinema,
literatura, etc.) que enriquecem muito a estória. O drama é dirigido a quatro
mãos por Jung Ji-in (Shining Romance,
Tomorrow Victory) e Park Sang-hoon (Beautiful You).
Uma
das coisas que mais me chamou a atenção foi a construção perfeita do caráter do
personagem principal Eun Ho-won (Go Ah-sung). Parece que a era das gatas
borralheiras está mesmo ficando para trás, e este tem sido um ano definitivo
para cimentar estes personagens estereotipados e pouco críveis, em pleno século
XXI. Eun Ho-won é uma mulher fascinante, com todas as inseguranças naturais à
sua idade, mas com uma maturidade intelectual admirável. A verdadeira odisseia em
busca por um lugar ao sol em um mercado de trabalho implacável faz de Eun
Ho-won um exemplo de resiliência e, por que não, de esperança para a humanidade.
Não são poucos os obstáculos a serem superados por nossa heroína, mas seu
sorriso radiante e seu humanismo inabalável são, sinceramente, comoventes. Após
a morte do pai, Ho-won tem de se virar sozinha para pagar os estudos e ajudar a
mãe e o irmão mais novo. Rejeitada uma e outra vez nas seleções de emprego,
Ho-won começa a se desesperar com a incerteza sobre seu futuro, e acaba “ensaiando”
uma tentativa se suicídio, ao cair inadvertidamente de uma ponte, mergulhando
nas águas frias do Rio Han. No hospital, ela acaba conhecendo dois jovens que
passam pelo mesmo drama do desemprego. O mais velho, Do Ki-taek (Lee Dong-hwi,
de The Beauty Inside, Reply 1988) parece ser o mais aflito com
sua situação, tanto pela idade, quanto por ter levado o fora da namorada. Jang
Kang-ho (Hoya, Reply 1997, Mask, membro da boy band INFINITE), por
outro lado, sofre com a pressão dos pais, de classe alta, para conseguir um bom
cargo, em alguma empresa importante. Os três parceiros de infortúnio (que o
povo da web apelidou carinhosamente de “suicide squad”) acabam se
reencontrando, ao serem selecionados para cargos temporários na empresa de
móveis Hauline. Entusiasmados com a possibilidade, mesmo que remota, de serem
promovidos a funcionários da empresa, eles se submetem a todas as humilhações e
frustrações típicas à posição de estagiário em um escritório.
O
primeiro choque para Eun Ho-won é reencontrar-se com Seo Woo-jin, o homem que a
havia rejeitado da forma mais cruel possível em sua última entrevista de emprego.
Seo Woo-jin (Ha Seok-jin, de D-Day) é
o novo diretor de marketing da Hauline, e a última pessoa que Ho-won desejaria
ter como chefe. No entanto, aos poucos, ela descobre que a ética profissional e
a sabedoria do jovem e belo diretor podem ser grandes aliados no seu
crescimento na empresa. Problemas muito maiores Ho-won e seus amigos irão
enfrentar nas mãos do diretor de vendas Park Sang-man (o sempre divertido Kwon
Hae-hyo, de Jealousy Incarnate), e de
seu subordinado, o insuportável Lee Yong-jae (Oh Dae-hwan, Shopping King Louis).
Do
Ki-taek, por sua parte, precisa conviver no escritório com sua ex-namorada, Ha
Ji-na (Han Sun-hwa, de Marriage Not
Dating). Ha Ji-na não fica nada feliz com a presença de Ki-taek, mas não
pode evitar em recordar diariamente o quanto o rapaz faz falta em sua vida. Do
Ki-taek e Ha Ji-na formam um casal tão improvável quanto admirável, e
protagonizam alguns dos episódios mais emotivos do drama. Mais uma grande
atuação de Lee Dong-hwi, tão hábil em dar vida a personagens da vida real, como
o adorável Do Ki-taek.
O
drama também aborda com realismo o problema do machismo e da consequência falta
de oportunidades dadas às mulheres dentro das grandes corporações. É o caso da
gerente de vendas Jo Suk-kyung (Jang Shin-young, My Heart Twinkle Twinkle), mãe solteira, funcionária dedicada, mas
que não vê perspectiva de chegar um dia a um cargo de direção dentro da
empresa.
Finalmente,
temos o Dr. Seo Hyun (o ator de cinema Kim Dong-wook, de Along With the Gods, Take Off),
um personagem carismático, mas um tanto enigmático, que tem um papel central no
destino do trio Ho-won, Ki-taek e Kang-ho. Infelizmente, que pese a grande
atuação do charmoso Kim Dong-wook, o personagem do Dr. Seo foi o ponto fraco a
denunciar a inexperiência da roteirista, que não soube aproveitar melhor todo o
potencial do mesmo.
Mesmo
assim, a roteirista Jung Hoe-hyun merece grandes elogios, especialmente, como
já mencionei, por criar um personagem tão maravilhoso como Eun Ho-won. É claro
que ela contou com a sorte de ter como protagonista a jovem, mas experiente, Go
Ah-sung (The Host, A Melody to Remember, The King, Heard it Through the Grapevine). O talento de Go Ah-sung foi
nutrido desde a infância, no cinema, mas a atriz vem migrando aos poucos para a
telinha, e, felizmente, com a mesma energia e criatividade. O poder intuitivo
de atuação de Go Ah-sung é tão grande que ela conseguiu despertar um lado
surpreendentemente sensível no ator Ha Seok-jin. Confesso que nunca havia visto
o ator tão descontraído e sereno em um papel, seu rosto se ilumina visivelmente
na presença de Go Ah-sung. Esta é a magia dos dramas coreanos, - Radiant Office é mais um destes pequenos
dramas, que consegue conquistar o coração do público, com um roteiro
inteligente, e um elenco brilhante. Como diria Eun Ho-won, são estes pequenos
milagres que fazem valer a pena estar vivo...
Oi Sam
ResponderExcluirRadiant Office foi uma grata surpresa nesta temporada e eu realmente gostei muito das questões que foram tratadas. Machismo, desemprego na juventude, suicídio enfim questoes delicadas que a princípio não agradam a todos mas que deveriam realmente serem mais discutidas.
Admirável o trabalho dessa atriz de jeito delicado e voz macia que eu não conhecia, mas que amei desde o primeiro episódio. Sem ser o modelo de beleza coreano que estamos acostumados a ver, mostrou a que veio e deixou muita gente sem palavras. Digo isso por que li alguns comentários sobre ela ser "feinha"
(preciso ser feia assim) e não combinar com o protagonista. Aos poucos o esteoreotipo de personagens belos e extremamente perfeitos tem dado lugar para personagens mais humanos, mais perto da nossa realidade e eu gosto muito disso.
O trio de amigos estagiários foi uma das coisas que mais me comoveu pelo união, pelo cuidado um com o outro. Mesmo sendo concorrentes pela mesma vaga de emprego chegaram até o final do drama como melhores amigos e eu chorei em algumas cenas, vendo o esforço dos três para não deixar nada abalar sua amizade.
Embora eu goste bastante do trabalho de Ha Seok Jin, acho que dessa vez ele meio que ficou apagado como protagonista, fazendo sempre o clichê de CEO, chefe ou diretor durão acabou meio que ofuscado pelos personagens secudarios tão mais interessantes...
Enfim Radiant Office deixou um gostinho de quero mais para mim Adoraria ver um pouco mais desse drama como um especial ou algo assim, até por que algumas situações ficaram sem um final concreto. Ainda assim foi um drama que curti muito e que além da diversão , trouxe grandes ensinamentos e isso sempre é bom.
Obrigada pela sua resenha.
Oi Patrícia,
Excluirpois é, que mundo é este que se preocupa mais com a aparência do que com a inteligência ou o talento das pessoas (está aí a Susy para provar isso). Mas sabe que já me dei conta há tempos que minhas atrizes favoritas, e não por coincidência as mais respeitadas - são as "menos bonitas". O melhor exemplo é Kim Seun-ah, mas tem ótimos nomes entre as jovens atrizes de cinema, que voltaram à TV, como Im Soo-jeong (Chicago Typewriter), Park Bo-young, Kim Go-eun, e a própria Go Ah-sung. Para quem quer a prova de que Go Ah-sung tem talento nato para atuar, recomendo o filme (clássico) The Host.
obrigada pelo comentário,
bjs,
Sam.