País:
Coréia do Sul
Gênero:
Policial, AçãoDuração: 111 min.
Direção
e Roteiro: Kim Seong-hoon
Elenco:
Lee Seon-gyoon, Jo Jin-woong, Sin Jeong-geun, Jeong Man-sik, Kim Dong-yeong,
Shin Dong-mi.
Resumo
Em
uma noite chuvosa o detetive de polícia Go Geon-soo atropela e mata um homem,
mas, ao invés de comunicar a ocorrência, ele tenta esconder as provas do
acidente. A partir deste evento trágico, Geon-soo irá experimentar o pior dia
de sua vida...
Comentário
Se você acha pouco original usar o argumento da estória que se passa em apenas 24 horas, ainda assim pode se surpreender com A Hard Day. Com um ritmo frenético, e transbordante de humor ácido, A Hard Day traz o selo de qualidade do cinema coreano de ação.
A
essência do filme é o duelo mortal entre Lee Seon-gyoon e Jo Jin-woong, dois
atores igualmente talentosos e carismáticos. Lee Seon-gyoon talvez seja mais
conhecido do público, por circular com versatilidade entre TV (Miss Korea, Goden Time, Coffe Prince)
e cinema (Officer of the Year, Paju, Helpless). No entanto, o prestígio de Jo Jin-woong vem crescendo
nos últimos tempos, especialmente com projetos de peso como o drama Signal (tvN, 2016), ou o filme Assassination (2015). De general heroico
no drama épico Tree With Deep Roots
(2011), a mercenário aventureiro no filme Assassination,
Jo Jin-woong já provou sua habilidade para interpretar os mais diversos papéis.
Sem contar que sua simpatia e talento para o humor evitam que fique marcado em
papeis fortes como o do vilão de A Hard
Day. O medo que seu personagem nos provoca em A Hard Day é facilmente substituído por simpatia e afeto no drama Signal, onde ele interpreta o
inesquecível detetive de polícia Lee Jae-han.
Lee
Seon-gyoon é Go Geon-soo, um detetive de polícia que, junto com seus colegas,
não se constrange em cobrar propinas do comércio da região onde atua. Ao ser
avisado pelo chefe (Sin Jeong-geun) de que a corregedoria de polícia está a
caminho da delegacia para investigar seus atos ilícitos, ele sai correndo do
funeral da própria mãe, para tentar apagar as provas de sua corrupção. É noite,
chove, e Geon-soo dirige em alta velocidade, até que atropela um homem que
surge do nada na estrada. Em pânico, ele joga o corpo do estranho no
porta-malas do carro e vai embora. Agora Geon-soo tem dois grandes problemas a
resolver: enfrentar um processo por corrupção, e o mais grave, evitar que
descubram que atropelou e matou uma pessoa. A esta altura o leitor deve estar
se perguntando como é possível simpatizar com um alguém de personalidade tão
distorcida como o detetive Geon-soo. Bem, em primeiro lugar, é Lee Seon-gyoon
na pele de Geon-soo. Não consigo pensar em outro ator que pudesse encarar este
papel com tanta malícia, sem despertar antipatia, mesmo que seus atos sejam
condenáveis e imorais. Além disso, Geon-soo não é um personagem unidimensional –
o diretor (e roteirista) faz uma pausa para que conheçamos as motivações de
Geon-soo, um pai solteiro, com uma filha pequena para criar, e que vive
modestamente com a irmã (Shin Dong-mi) e o cunhado.
Na
manhã seguinte ao ocorrido, Geon-soo é encarregado de encontrar um assassino de
aluguel, mas, absurda coincidência, trata-se exatamente do homem que ele
atropelou e matou. Para piorar as coisas, ele começa a receber ligações
anônimas de alguém dizendo ter testemunhado o acidente. A partir daí a vida de
Geon-soo vira de cabeça para baixo, e suas mentiras se transformam em uma
grande e destrutiva bola de neve. Não sobra tempo para ele (e que dirá o
espectador) respirar enquanto o misterioso Park Chang-min (Jo Jin-woong) o
envolve num doentio jogo de gato e rato.
O
diretor Kim Seong-hoon (Tunnel, 2016) consegue criar uma trama muito original e
extremamente divertida. O aspecto mais interessante da estória, em minha
opinião, é a motivação do personagem principal, o detetive Geon-soo. O que move
o policial não é a vingança, ou a ganância, mas o mais puro desejo de
sobreviver. O título do filme deveria ser “O Sobrevivente”, tal é a paixão e o desespero
que esta situação extrema desperta no personagem. No entanto, o diretor Kim não quis se render
a um desfecho moralista – para minha surpresa, já que os filmes coreanos são
famosos por não perdoar nem mesmo seus protagonistas. O fato é que Geon-soo não
recebe a punição merecida, e nós não recebemos uma lição de moral finamente
embalada, embora eu duvide que alguém se arriscasse a passar por tudo que ele
passou, para viver este desfecho surpreendente... A Hard Day é diversão garantida, e o melhor de tudo, na companhia
deliciosa de Lee Seon-gyoon!
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