Aproveitando o clima romântico do mês de maio,
abrimos o baú das noivas nos dramas. É engraçado pensar que, apesar de
existirem tantos dramas românticos coreanos, nem tantos assim acabam com a
clássica cena do casamento, ao contrário do que se poderia imaginar. Nos dramas
japoneses, normalmente, se a mocinha se veste de noiva, é para valer. Já no
caso dos dramas coreanos, são inúmeros os casos de personagens femininos que se
vestem de noiva, mas não tem a sorte de colocar a aliança no dedo anular...
Mesmo assim, é difícil não nos lembrarmos das atrizes que se vestiram de noiva,
e sonharam em encontrar seus príncipes encantados. Alguns exemplos (spoilers
inevitáveis) de atrizes que se vestiram de branco:
Lee Min-jeong – parece que o branco não lhe
favorece mesmo...
Já virou uma espécie de maldição para atriz
vestir-se de noiva na ficção... Ao menos em quatro dramas, bem que ela tentou
se casar, mas algo acabou dando errado. Tomara que o mesmo não aconteça quando
ela se casar de verdade (com o ator Lee Byeon-heon). Lee
Min-jeong teve prejuízo no aluguel do vestido em Boys Over Flowers, Smile You,
Midas, e mais recentemente em Big. Será que Sin Ha-gyoon vai levá-la finalmente
ao altar, em All About My Romance?
Esperando Jang Hyeok no altar? Era bom demais para ser verdade!
Seguindo os passos da colega Lee Min-jeong, temos Nan
Gyoo-ri...
... A jovem atriz já provou que fica belíssima
vestida de noiva, falta apenas conseguir um noivo honesto, ou que não perca a
memória e se apaixone por outra (Haeundae Lovers)... Ah, e tentar não virar fantasma no dia da boda (49 Days). Não é nada fácil
ter um casamento de sucesso no mundo dos dramas.
A atriz de dramas favorita de quase todo mundo,
Kim Seon-ah, já teve inúmeras oportunidades de vestir-se de noiva, com
resultados menos ou mais felizes, mas ao menos ela acabou sempre com o seu
príncipe, com ou sem cerimônia formal. Em Scent of a Woman ela bateu um recorde,
aparecendo com três vestidos de noiva diferentes. Agora só falta encontrar o
homem perfeito na vida real (porque na ficção ela já encontrou Cha Seung-won, em The City Hall).
Can´t Lose / Star´s Lover
A rainha do melodrama Choi Ji-woo também tem
experiência com a ‘moda noivas’, embora ainda não tenha tido a oportunidade de
viver o papel na vida real. Ela foi uma noiva deslumbrante ao lado do meu
querido Yoon Sang-hyeon, no drama Can´t Lose. Só que (ups) esqueceu-se de
registrar o casamento no cartório!
Outra que já vestiu incontáveis vestidos de noiva,
tanto nos dramas como em seus trabalhos de modelo, é a atriz Yoon Eun-hye. Em
Lie to Me, ela vestiu-se de noiva apenas para o pôster de promoção do drama, e
nos deixou até o finalzinho esperando pela cena do casório, que não veio... E
na deliciosa comédia romântica My Fair Lady, ela tentou comover (jogar a isca!) o seu amado mordomo, Yoon Sang-hyeon,
vestindo-se de branco. E ele quase foi às lágrimas...Que romântico!
Com
uma temporada de dramas coreanos pouco excitante (só os fãs dos dramas épicos
não têm do que se queixar) vale dar uma espiada em alguns títulos japoneses,
como Biblia Koshodou no Jiken Techou, ou a segunda fase do
grande sucesso Galileo, com o sempre lindo Fukuyama Masaharu.
Os
roteiristas japoneses sabem como ninguém criar as estórias mais bizarras, mas que resultam em dramas interessantes e ao mesmo tempo divertidos. É claro que muito desta
inspiração vem diretamente dos mangás, os quadrinhos japoneses.
Para
quem curte dramas policiais e de suspense, fica a dica para conferir estes
novos dramas:
Biblia Koshodou no Jiken Techou
A estória se passa em uma livraria especializada
em raridades, nos arredores de Kamamura, antiga capital do Japão, a Livraria
Antiquário Bíblia. A proprietária da loja é Shinokawa Shioriko
(Gouriki Ayame) uma jovem bonita, mas muito tímida. Por outro lado, seu
conhecimento sobre livros antigos é impressionante, especialmente para alguém
tão jovem como ela. Quando ela fala sobre livros, a paixão domina a timidez, e ela
se torna uma criatura das mais eloquentes. Shioriko é a pessoa que guia seus clientes para
desvendar os segredos e mistérios dos livros antigos, através de seu vasto
conhecimento e seu poder único de observação. Biblia Koshodou no Jiken Techou (Antiquarian
Bookshop Biblia's Case Files) é uma produção da Fuji TV, com a duração de 11
episódios.
Pontos positivos para a direção de fotografia, a
música de abertura (The Never Ending Story, numa versão das E-girls), e o
charme do ator Akira, com seus 1,84 de altura.
Otenki
Onee-san
A
jovem Abe Haruko (Takei Emi) é um gênio da meteorologia. Ela realiza previsões do
tempo que vão muito além das leis da física, através de um poder quase sobrenatural.
Ao
conseguir uma vaga de “garota do tempo” em uma rede de TV em Tóquio, Haruko
chama a atenção de muita gente, inclusive da polícia. E é junto do detetive de
polícia Aoki Gota (Okura Tadayoshi) que ela irá desvendar crimes complicados
ou misteriosos, sempre usando sua habilidade única de meteorologista.
Uma
produção da Asahi TV, este drama tem uma das premissas mais bizarras, mas que
consegue surpreender o espectador, além de ser um verdadeiro curso sobre
fenômenos meteorológicos. Por isso mesmo, vai agradar muito a quem curtiu dramas
como Mr. Brain, Kiina, ou Galileo, só para citar alguns exemplos. Além disso,
tem o simpático (e mais nerd do que nunca) Sasaki
Kuranosuke, do drama policial Hancho.
Galileo
2
Fukuyama
Masaharu está de volta, como o professor universitário Yukawa Manabu, um gênio
da física, que nas horas vagas trabalha como consultor para a polícia japonesa.
Chamado carinhosamente de “Detetive Galileo” o charmoso, mas excêntrico Yukawa
Manabu desvenda os crimes mais misteriosos e intrincados.
No
lugar da policial Utsumi Kaoru agora temos a novata Kishitana Misu (Yoshitaka
Yuriko) para aguentar o temperamento difícil do professor Yukawa Manabu.
Vale
conferir o drama pela presença sempre charmosa de Fukuyama Masaharu, que também
contribui como autor da trilha musical. Quem assistiu a primeira temporada
certamente vai querer acompanhar esta continuação.
A detetive Utsumi Kaoru vai deixar saudades...
Outra boa notícia é que já
está confirmado um novo filme baseado no drama (como aconteceu na primeira
temporada), intitulado Manatsu no Houteishiki, e sua estreia está marcada
para 29 de junho deste ano.
Quando
o interesse romântico secundário em um drama coreano é tão ou mais charmoso que
o principal... ... O assunto é tão sério que originou a divertida expressão “second
lead syndrome” (condição na qual a espectadora fica obcecada com o personagem
secundário, devido ao seu charme irresistível, mesmo sabendo que sua posição não
irá se alterar ao longo da trama, ou seja, ele não vai ficar com a mocinha).
É
quase regra nos dramas coreanos, nos deixar – mais do que a heroína da estória –
na expectativa da dúvida, ou simplesmente apaixonadas pelo personagem/ator
coadjuvante. Pode ser um ex-namorado, o melhor amigo ou simplesmente o novo
interesse romântico da mulher no drama... Muitas vezes este personagem gera ‘frisson’
ou até mesmo revolta entre as fãs dos dramas românticos.
Uma
situação completamente compreensível, já que os atores secundários tem presença
quase parelha com os principais, principalmente aqueles que conseguem capturar
a atenção da audiência feminina. Tão bonitos, inteligentes, e muitas vezes
muito mais simpáticos que o herói da série, os personagens secundários tem
espaço garantido nos fóruns de discussão dos dramas, e no coração da mulherada.
Por
sinal, existem dezenas de teses sobre os “second male leads”, desenvolvidas com
paixão por blogueiras do mundo inteiro. Embora o assunto não seja original,
sempre gera debate e interesse daquelas que amam os dramas coreanos.
Sendo
assim, não é difícil puxar da memória alguns casos clássicos que possam servir
de exemplo para argumentação. Aposto que você já pensou em muitos, não é mesmo?
Quais são seus “second leads” inesquecíveis?
Eis
alguns exemplos que me deixaram com o coração dividido, ou simplesmente me tiraram
do sério, aponto de amaldiçoar a personagem feminina, o roteirista, deus e o
mundo... (atenção para alguns spoilers!)
Vou
começar pelo drama You´re Beautiful, que me vem imediatamente à lembrança
devido à recente notícia de que o ator/músico Jeong Yong-hwa (CNBlue), pela
terceira vez, atuará ao lado da atriz Park Sin-hye, no aguardado drama The Heirs
(da roteirista de Secret Garden, Kim Eun-sook). Muita gente que assistiu na
época o drama romântico/musical You´re Beautiful se apaixonou pelo par Mi-nam-Shin-woo.
Sem desprezar o carisma do ator Jang Geun-seok, e de seu inesquecível personagem Hwang Tae Kyung, para
muitas garotas foi impossível não se apaixonar pelo suave Yong-hwa.
Entretanto,
como poucas vezes (ou nunca) visto, pudemos satisfazer nossas expectativas antes
frustradas ao ver o personagem secundário voltar como principal, em outro drama
e conquistar finalmente a mocinha... Foi o caso em Heartstrings (You´ve Fallen
for Me, 2011), onde Yong-hwa volta mais charmoso do que nunca, como o estudante
de música e roqueiro Lee Shin, para conquistar de vez o coração de Park Sin-hye.
Mas
parece que os deuses do drama querem nos fazer sofrer mais uma vez ao ver Jeong Yong-hwa perder Park Sin-hye, só que desta vez para ninguém
menos que Lee Min-ho (Faith).
No drama épico/escolar Sungkyunkwan Scandal, Yoo
Ah-in é Moon Jae-sin, um personagem com todas as qualidades para conquistar qualquer
mulher... Bonito, rebelde, heroico, cavalheiro, Jae Shin nem chega a balançar o
coração de Yoon Hee (atriz Park Min-yeong), mas certamente deixou muitas
garotas trêmulas de paixão. Aí está um par que poderia ter uma segunda chance, Yoo
Ah-in e Park Min-yeong.
Embora seja fã de carteirinha de Jang Hyeok, confesso
que não ficaria decepcionada se Noh Min-woo-I tivesse ao menos tascado uns
beijinhos em Lee Min-jeong (All About My Romance), no drama Midas (2011). Embora não tenha sido um drama romântico, Midas
trazia um ‘quadrado’ amoroso muito interessante. Jang Hyeok como o ambicioso
Kim Do-hyeon, também teve a oportunidade de ir mais fundo na relação com a chefe
e depois nêmese Yoo In-hye (atriz Kim Hee-ae). Mas, como regra geral nos dramas
coreanos, não rola nada além de abraços fraternais com os interesses românticos
secundários.
Mais um caso de conflito, ao menos para mim, foi
assistir The Greatest Love. Embora adore Cha Seung-won (The City Hall), não pude engolir seu
papel caricato em The Greatest Love. E para piorar tudo, Yoon Kye-sang forma um
par indiscutivelmente mais interessante com Kong Hyo-jin. Não adianta lutar
contra a natureza, muitas vezes os atores não conseguem esconder o clima de
atração que surge no set de filmagem (e até fora dele). Nada a ver com a
qualidade dos atores, mas uma situação destas pode acabar arruinando um drama,
para boa parte dos espectadores.
Falando em Kong Hyo-jin, lembrei que o mesmo aconteceu
no drama Thank You, onde ela convence muito mais como par de Sin Seong-rok,
do que com Jang Hyeok, embora este nunca tenha estado tão sexy como no papel do
atormentado Dr. Min Ki-seo.
Em Scent of a Woman (2011), é memorável a química
entre o casal principal, Kim Seon-ah e Lee Dong-wook. Mas também não dá para
ignorar o charme tímido e a sensibilidade de Eom Gi-joon (The Virus, Ghost), como o
médico Chae Eun-seok. Ele até aprendeu a dançar tango só para ficar mais perto
de Seon-ah. Um perfeito cavalheiro!
O
drama Flower Boy Ramyun Shop é um dos casos mais emblemáticos de “second lead
syndrome”. O clima fervia nas cenas entre Lee Ki-woo (The Virus) e Lee Chung-ah. Tanto foi
assim que ele acabou levando a moça para casa, ao menos na vida real. Quer
final mais feliz que este?
E pensar que houve um dia em que Jung Il-woo (Flower Boy Ramyun Shop) foi
interesse secundário de Yoon Eun-hye, no drama My Fair Lady?! Ele deve estar só esperando para, num futuro próximo, poder conquistar de vez a bela Yoon Eun-hye.
País
de origem: Coréia do Sul Gênero:
drama, suspense Duração:
20 episódios Produção:
KBS2 TV
Direção:
Park Chan-hong
Roteiro:
Kim Jee-woo
Elenco:
Eom Tae-woong, Joo Jin-hoon, Sin Min-ah.
Resumo
Adolescente
rebelde, de família rica, Kang Oh-su protagoniza um evento trágico ao matar
acidentalmente um colega de escola. Os anos se passam, e Kang Oh-su é agora um
detetive de polícia honesto e dedicado ao trabalho de perseguir os malfeitores.
Até que uma série de assassinatos ligados a pessoas próximas a Oh-su revelam-se
mais do que mera coincidência... Com a ajuda da jovem Seo Hae-in e de seus
poderes mediúnicos, ele tentará prender o manipulador por detrás destes crimes.
Comentário
The
Devil pode ser considerado um drama surpreendente, ao menos para quem conhece
bem os dramas coreanos. Tanto por abordar temas místicos e sobrenaturais, como
pelo ritmo lento e melancólico, The Devil tornou-se um drama ‘cult’ entre os
fãs do gênero. Misturando tarologia e fé cristã, The Devil aborda a luta entre
o bem e o mal, e as consequências do ódio e vingança na mente humana.
Como
costuma acontecer em qualquer cultura, religiões diferentes das praticadas
localmente atraem as pessoas por seu mistério e exotismo. É o caso, por exemplo,
do fascínio que a religião católica parece exercer sobre os japoneses – vide a
quantidade de anjos e demônios que habitam mangás, animes e dramas nipônicos. E
o fato da fé cristã estar muito mais presente na cultura sul coreana talvez
explique o menor interesse no tema. Especulações a parte, o fato é que The
Devil tem um clima que lembra muito certos dramas japoneses do gênero. Até
mesmo o ator Joo Ji-hoon, com sua figura longilínea e seu rosto delicado,
parece ter saído direto de um mangá... Mas o personagem que interpreta tem um
ar angelical que esconde uma alma torturada e vingativa...
Joo
Jin-hoon é Oh Seung-ha, que aparenta ser um advogado de bom coração, ao
procurar sempre defender os pobres e marginalizados. Mas apesar de sua imagem gentil
e generosa, o jovem vive apenas com o objetivo de vingar-se do homem que
destruiu sua família.
E
este homem é Kang Oh-su (Eom Tae-woong). Quando jovem, Oh-su comportava-se como
um delinquente na escola, um modo de chamar a atenção do pai, um político e
empresário ambicioso, que não dava atenção e carinho aos filhos. O resultado
trágico foi Oh-su causar a morte, mesmo que acidental, do colega Tae Hoon, ao
esfaqueá-lo em uma briga.
A
mãe e o irmão caçula de Tae-hoon, Tae-seung,não se
conformam com o fato de Oh-su ser inocentado pela justiça, sob alegação de
autodefesa. E ao morrer em um acidente de carro, pouco tempo depois, ela deixa Tae
Seung sozinho no mundo.
Traumatizado com os eventos da adolescência, Oh-su evita
o contato pessoal com o pai o máximo que pode, embora se dê bem com o irmão
mais velho, que trabalha na administração dos negócios da família. Oh-su é um
detetive de polícia que tem paixão pelo trabalho, e é respeitado pelo chefe e
colegas, apesar de seu temperamento explosivo.
Ao receber uma carta de tarô misteriosamente ligada a o assassinato de um
advogado de sua família, Kang Oh-su busca a ajuda de uma especialista no
assunto, a jovem Seo Hae-in (Sin Min-ah).
Seo
Hae-in trabalha como bibliotecária, é uma garota meiga e honesta, que mora com
a mãe que é surda. Sua melhor amiga é dona de um café onde os clientes podem
ter sua sorte lida nas cartas de tarô. Com seus dotes artísticos, Hae-in pinta
as delicadas figuras místicas das cartas de tarô que são vendidas no local.
Quando
Oh-su começa a receber as cartas de tarô, pintadas a mão pela garota, fica
sabendo pelo chefe de polícia que ela possui um dom especial. Ao tocar em
certos objetos, Hae-in tem visões sobre as pessoas relacionadas aos mesmos. É
por isso que o detetive Oh-su resolve pedir a ajuda de Hae-in para tentar
desvendar os crimes que estão atingindo as pessoas mais próximas a ele.
Ao mesmo tempo em que começa a onda de assassinatos, aparece em cena o advogado
Oh Seung-ha. O jovem advogado, assim
como o detetive Oh-su, se encanta com a bela Hae-in e, embora ninguém tenha
coragem de expressar seus sentimentos, um triângulo amoroso se estabelece,
naturalmente.
The
Devil, como já mencionei, tem um ritmo lento, que pode frustrar aqueles que
esperem um drama mais ágil. Mas quem gostar de uma trama de suspense com um
forte apelo poético e dramático irá satisfazer-se muito com o resultado. Em
minha opinião os dois pontos fortes do drama são o elenco e os diálogos. Tanto Eom
Tae-woong (Cyrano Agency, Doctor Champ, Architecture 101) como Joo Jin-hoon (Princess Hours, Antique, The Naked Kitchen, Five Fingers) se apoiam muito no charme pessoal, para compensar
suas deficiências como atores, mas neste drama em especial, os dois investem
muito em seus papéis, buscando sempre uma atuação discreta e ao mesmo tempo
empática. E Sin Min-ah está encantadora como sempre (A Bittersweet Life, The Beast and the Beauty, Arang and the Magistrate). Aliás, vale conferir Sin
Min-ah e Joo Jin-hoon juntos mais uma vez e ‘soltando faíscas’ no filme The Naked Kitchen.
Quanto
à construção da trama e os diálogos, é agradável ver como a roteirista (do drama Revenge (2005) ao futuro Shark (2013), Kim Jee-woo vem repetindo parceria com o diretor Park em todos os seus projetos) procurou
humanizar os personagens, ou seja, mostrar que a dualidade bem/mal está dentro
de todos nós. E cabe a nós escolher que lado vai predominar e vencer. É a
eterna luta entre o céu e o inferno, o bem e o mal, a luz e as trevas. As
portas do inferno belamente criadas pelo gênio da escultura, Rodin, são um símbolo
poderoso do eterno drama humano que é enfrentar as consequências de seu lado
mais obscuro. Acho que a moral da estória é que nem sempre a penitência e a
reparação são suficientes para pagar nossos pecados.
País
de origem: Coréia do Sul Gênero:
Comédia Romântica Produção:
tvN Duração:
16 episódios
Direção:
Jeong Jeong-hwa
Roteiro:
Kim Eun-jeong, baseado no webtoon I
Steal Peeks at Him Every Day, de Yoo Hyun Sook.
Elenco:
Park Sin-hye, Yoon Si-yoon, Kim Ji-hoon-I, Park Soo-jin, Ko Kyeong-pyo, Mizuta
Kouki, Kim Seul-gi-I, Kim Jeong-san.
Resumo
A
jovem Go Dok Mi é uma criatura solitária, cujo único prazer é espiar com um par
de binóculos o belo vizinho Han Tae-joon. Go Dok Mi nem percebe também ter um
admirador secreto, o artista Oh Jin-rak, que se inspira nela para criar um webtoon
chamado "Flower Boy Next Door”. Com a chegada de Enrique Geum, vindo da
Espanha, a vida de Go Dok Mi e de seus vizinhos de condomínio vira de cabeça
para baixo.
Comentário
Existem
dois tipos de bons dramas... Os que merecem defesa, apesar de alguns defeitos
que podem afugentar os espectadores mais desligados ou impacientes (vide
Missing You, ou Nice Guy). Isso pode exigir a apresentação dos argumentos mais enfáticos
e apaixonados a fim de convencer os possíveis interessados. O segundo tipo é o
drama que é tão emocionante, inovador ou simplesmente divertido que a vontade é
apenas afirmar, “confie em mim, assista este drama”. E é exatamente o caso de Flower
Boy Next Door.
Mesmo
assim, é um prazer poder enumerar os muitos motivos pelos quais vale muita a
pena conferir esta pequena pérola do drama coreano, chamada Flower Boy Next
Door. O canal de TV a cabo tvN continua a saga dos dramas carinhosamente
rotulados de “flower boys dramas”. A tvN certamente percebeu o potencial dos
dramas voltados para um público jovem (coreano, no caso) sedento de estórias
mais identificadas com o seu dia-a-dia. Ao contrário dos “flower boys” da SBS e outras, claramente
inspirados nos românticos mangás japoneses (Boys Over Flowers, You´re
Beautiful, só para citar dois exemplos), os “flower boys” ou “pretty boys” da
tvN são aqueles garotos, ou rapazes que nós, mulheres, conhecemos muito bem.
Eles são nossos colegas de escola, nossos vizinhos, ou aqueles homens com os
quais cruzamos todos os dias no ônibus, a caminho da escola ou do trabalho, e
que nos fazem suspirar e sonhar, ou simplesmente iluminam nossas vidas com a
sua presença.
E
justamente Flower Boy Next Door conta uma destas estórias realmente triviais de
amor à distância, mas de uma forma profundamente delicada e poética. Go Dok Mi é uma
jovem de 24 anos que trabalha em casa como editora freelancer. Devido a um
trauma do passado que nunca conseguiu superar, Go Dok Mi se isolou do mundo em
seu pequeno apartamento. Como o velho edifício rodeado e sufocado por modernos
condomínios, a tímida Go Dok Mi vive encurralada como um ratinho em sua toca,
com medo de ser engolida pelo mundo que ela julga por demais cruel.
O
único prazer de Go Dok Mi (Park Sin-hye) é espiar o vizinho do prédio em
frente, o belo médico Han Tae-joon (Kim Jeong-san), com o qual cruzou em um
belo dia de outono, mas do qual nunca ousou se aproximar. Ela parece conformada
em apenas observar de longe a rotina do rapaz.
Enquanto
isso, ela nem se dá conta de que muitas coisas acontecem à sua volta, e muitas
pessoas a observam atentamente, especialmente seu vizinho de
apartamento, Oh Jin-rak (Kim Ji-hoon-I, ator, Joseon X-files – Secret Book; Wish Upon a Star). Há três anos, quando Go Dok Mi mudou-se para aquele
condomínio modesto, despertou o interesse do cartunista Oh Jin-rak. Sem coragem
de declarar o seu amor, o desenhista cria um weebtoon cujo personagem principal
é a sua solitária vizinha.
Mas
a rotina tranquila de Go Dok Mi (e consequentemente de Oh Jin-rak) é abalada
com a chegada de Enrique Geum (Yoon Si-yoon). Enrique, um coreano criado na Espanha,
é um jovem gênio dos videogames, alegre, cheio de vida, o extremo oposto da
nossa heroína Go Dok Mi.
Para
Enrique, Go Dok Mi é como uma Rapunzel que precisa ser resgatada de sua torre,
mesmo que seja contra a sua vontade. Neste sentido Oh Jin-rak e Go Dok Mi são
muito parecidos, pois ambos se sentem confortáveis em viver um amor não
correspondido – ele por ela, ela por Han Tae-joon – indefinidamente. Go Dok Mi
até se pergunta de vez em quando, o que seria dela se um dia o jovem médico
desaparecesse de sua vida. Mas são pensamentos que surgem e são afastados de
sua mente, pois ela prefere continuar sonhando.
Sendo
assim, não será tarefa fácil para Enrique tirar sua Rapunzel da torre, mas o
jovem é mais teimoso que ela, e a resistência de Go Dok Mi pouco a pouco vai
desmoronando. Pela primeira vez confrontada com uma pessoa tão espontânea e de
coração aberto como Enrique, Go Dok Mi começa a enfrentar os fantasmas do
passado, a começar pela ex-melhor amiga Cha Do-hwi (Park Soo-jin).
Se
a estrutura dramática não chega a fugir do padrão, o texto de Flower Boy Next
Door é biscoito fino. Enrique, Go Dok Mi e Oh Jin-rak são três jovens
inteligentes, sensíveis e criativos, e seus pensamentos (em off) são o que há
de melhor no drama. Go Dok Mi distancia-se de seus sentimentos, narrando-os
como os de um personagem que ela conhece muito bem, mas que não pode revelar ao
mundo. “Aquela mulher”, ela escreve, “tem medo de ser feliz, pois, como bolhas
de sabão, este sentimento pode se desvanecer num instante”.
Oh
Jin-rak, por outro lado tenta ver o lado poético da vida através dos desenhos,
e Go Dok Mi é sua musa inspiradora. Seu único amigo e colega de trabalho é Oh Dong-hoon
(Ko Kyeong-pyo), mas mesmo dele Jin-rak esconde alguns segredos de seu passado.
Já
Enrique tem uma personalidade alegre, mas o fato de tentar ver sempre o lado
positivo das coisas muitas vezes acabar sendo desgastante para ele. Go Dok Mi
vai descobrir que Enrique não é só um rapaz imaturo e brincalhão, ele é um ser
humano complexo, intenso e muito interessante.
Recordo
que foi a primeira vez que li depoimentos tão sinceros e singelos de atores sobre
sua experiência pessoal de trabalho em um drama. Tanto Park Sin-hye (You´re
Beautiful; Cyrano Agency; Heartstrings; Heirs) como Yoon Si-yoon (Bread
Love and Dreams; Me Too Flower) foram enfáticos ao ressaltar o impacto que este
projeto teve em suas vidas. Para ambos, foi uma espécie de libertação pessoal
interpretar personagens tão emocionalmente complexos, e ao mesmo tempo tão
reais.
Além
do belo trabalho da roteirista em criar estes personagens (ou recriar, baseada
no webtoon), podemos estender o crédito ao jovem cineasta Jeong Jeong-hwa, que provou
possuir uma sensibilidade invejável para conduzir seus atores. A forma natural
e espontânea com que os personagens se movem é um dos pontos mais positivos deste
drama. Yoon Si-yoon contou, em uma entrevista, como o diretor Jeong pediu que
ele elaborasse o roteiro do encontro que teria com Park Sin-hye – tarefa que o
ator assumiu como um verdadeiro desafio, mas que lhe deu grande prazer. Jeong
Jeong-hwa dirigiu outro drama da franquia “flower boys” da tvN, o igualmente
divertido Flower Boy Ramyun Shop (2011). Além disso, dirigiu e roteirizou o filme
Lost and Found (2008), uma comédia romântica que recomendo com grande
entusiasmo. Experiente roteirista de cinema (co-roteirista do sucesso Il Mare,
2000), este é o primeiro projeto de Kim Eun-jeong para a TV.
O restante do elenco também
é encantador, com destaque para o simpático ator japonês Mizuta Kouki, como o
cozinheiro Watanabe Ryu, e a comediante e cantora Kim Seul-gi-I, que rouba a
cena com editora histérica de webtoons.
Gênero:
drama, romance Duração:
20 episódios Produção:
KBS TV
Direção:
Kim Jin-won-I, Lee Na-jung
Roteiro:
Lee Kyeong-hee
Elenco:
Song Joong-ki, Moon Chae-won, Park Si-yeon, Kwang Soo, Lee Yo-bi, Kim
Young-cheol, Lee Sang-yeob, Jin Kyeong, Woo Yong, Kim Tae-hoon.
Resumo
O
jovem Kang Ma-roo não consegue perdoar a traição de sua namorada Han Jae-hee, e
resolve vingar-se usando a herdeira Seo Eun-gi, que perdeu sua memória.
Comentário
Só
pelo resumo da trama dá para perceber que Nice Guy carrega nas tintas melodramáticas.
Lee Kyeong-hee é uma roteirista veterana, tendo escrito dramas marcantes como Sang Doo, Let's Go To School (2003), Sorry I Love You
(2004) e Thank You (2007). Colocar os personagens em situações de estresse psicológico
intenso – e igualmente a audiência – é a especialidade da autora.
Não
posso escapar de revelar alguns pequenos ‘spoilers’ para poder comentar eventos
que julgo importantes na trama, mas sem entregar o desfecho da estória, é
claro.
O
triângulo amoroso envolve um homem, Kang Ma-roo (Song Joong-ki) e duas
mulheres, ambas belas e de personalidade marcante. Han Jae-hee (Park Si-yeon) é,
para Kang Ma-roo, a lembrança de um passado doloroso de traição e abandono. E
em sua sede de vingança ele irá usar a ingênua Seo Eun-gi (Moon Chae-won), mas
como costuma acontecer nestes casos, o feitiço pode virar contra o feiticeiro.
É
engraçado que muitos tenham criticado na época as falhas no enredo de Missing You, sendo que elas se repetem quase que igualmente em Nice Guy. Talvez o ritmo
mais envolvente e o suspense tenham contado a favor do segundo, e por isso
tenha gerado um interesse maior do público por Nice Guy. Ou talvez falar de paixão não
seja tão simples como pareça...
Missing
You e Nice Guy têm muito em comum em suas tramas... Para começar, o combustível
que move os personagens, este sentimento avassalador que é a vingança. Mas em
Nice Guy, embora a amnésia também seja usada como um recurso (um tanto batido) do
drama, são as lembranças, boas ou más, que movem os indivíduos. Aí já está uma
pista, ou quem sabe um questionamento do drama... Sem memória não há dor e sofrimento,
mas também não há amor ou paixão real.
Kang
Ma-roo é um rapaz pobre, mas cheio de esperanças de um futuro de felicidade, ao
lado da irmãzinha Choco e da namorada de infância Han Jae-hee. Tudo parece se
encaminhar bem na vida de Ma-roo. Ele é um estudante de medicina brilhante, e sua
amada Jae-hee uma repórter de TV em ascensão na carreira. Até o dia em que Ma-roo
assume a culpa de um crime cometido por Jae-hee. Quando Ma-roo sai da cadeia,
Jae-hee não está a sua espera, mas ao invés disso casou-se com um empresário rico,
poderoso e com o dobro de sua idade.
Um
encontro inesperado com Han Jae-hee desperta
lembranças dolorosas, reabrindo as feridas não cicatrizadas de Kang Ma-roo. A
partir daí ele resolve arquitetar uma vingança contra a ex. Para poder se
aproximar dela, ele seduz sua enteada, Seo Eun-gi. Eun-gi é o braço direito do
pai na administração de um conglomerado empresarial. Profissionalmente, ela é
muito bem sucedida (apesar das críticas do pai), mas emocionalmente, é insegura
e inexperiente. Por trás de uma fachada de frieza está uma jovem carente de
amor e afeto, sentimentos negados pelo pai, e perdidos com a morte da mãe.
Eun-gi odeia a madrasta, por haver tomado o lugar de sua mãe e por acreditar
que ela não passa de uma caça-fortunas.
A presença de Lee Sang-yeob é sempre bem vinda!
É
interessante como a roteirista Lee Kyeong-hee se detém na psique dos personagens,
provocando uma série de dúvidas e questionamentos sobre motivações dos mesmos. Para
um psicanalista, os personagens de Nice Guy são um prato cheio. Para nós espectadores
fica complicado tentar diagnosticar os personagens, com tantas neuroses acumulas
sobre os mesmos ao longo do tempo. Temos o complexo de Electra de Eun-gi, e uma
insegurança que não condiz com sua posição social e aparência. Aliás, algo que
considerei uma falha inexplicável do roteiro foi aparecer apenas no final da trama
um diálogo crucial entre Eun-gi e o pai, que esclarece muito sobre o porquê de
ela ser como é.
Por
outro lado, podemos acompanhar com detalhes razoáveis o desenvolvimento
emocional do casal Kang Ma-roo e Jae-hee.
Kang
Ma-roo, em resumo, é um bom garoto, que se desvirtuou por uma experiência
trágica. Se ele será capaz de voltar a ser o jovem amoroso e cheio de ideais de
outrora, é o que o drama irá revelar. Na bela abertura do drama, vemos os ponteiros de um relógio que caminham para trás... E é assim com Ma-roo, tentando recuperar algo de
seu passado, mesmo intuindo que esta é uma tarefa inútil. E certamente não será
uma vingança que irá fazer seu mundo voltar a ser o que foi um dia.
E
Han Jae-hee é um enigma tão grande, que acho que nem ela mesma compreende bem o
que quer da vida. Às vezes ela parece ser uma mulher ambiciosa e calculista... mas
em seguida seus sentimentos viram um amálgama de dor, culpa, arrependimento, e
saudades do amor perdido, Kang Ma-roo. Um personagem interessantíssimo, que
provoca sentimentos conflituosos no espectador – raiva, desprezo, piedade e
simpatia... às vezes todos juntos em uma mesma cena. Acompanhar a
montanha-russa de emoções de Jae-hee é uma tarefa cansativa, tanto para os
personagens que a cercam, como para nós. Park Si-yeon (Coffe House, The
Scent), apesar de ter lá suas limitações como atriz, destaca-se e merece elogios
por encarar um papel dos mais complexos, e que acaba ofuscando em muito os
demais personagens, principalmente a rival Eun-gi (Moon Chae-won - My Fair
Lady, Arrow, the ultimate weapon). Sempre
digo que uma boa estória deve ter um bom vilão, e no caso de Nice Guy, pode-se
dizer que Park Si-yeon criou uma anti-heroína digna dos melhores dramas
coreanos. De Miss Coréia do Sul a atriz, Park Si-yeon pode continuar a nos surpreender
futuramente, desde que se dedique com seriedade à profissão.
Finalmente,
eu classificaria Nice Guy como um bom drama (mas não acima da média,
principalmente pelo desfecho anticlimático – veja e tire suas conclusões), divertido,
com excelentes atuações, direção e produção impecáveis- gostei muito da trilha
musical incidental, especialmente o tango, que imprime um clima de sensualidade
e tensão às cenas, além da linda voz de Song Joong-ki, na música “Really”.
Precisava ser tão perfeito, o rapaz? (suspiro) Quem é fã do ator Song Joong-ki (A
Werewolf Boy, Sungkyunkwan Scandal) vai se deliciar com sua beleza pura e
perfeita, e sua voz aveludada... Quem ainda não conhece o poder de sedução do
rapaz, não vai resistir aos seus encantos. Ele sozinho vale cada minuto de Nice
Guy. Com o perdão do trocadilho, ele não é um ‘bom cara’, mas um ‘cara incrível’!