País:
Coréia do Sul
Gênero:
Drama, RomanceDuração: 20 episódios
Produção: tvN
Direção:
Han Ji-Seung
Roteiro:
Kim Do-Woo
Elenco:
Uhm Tae-woong, Lee Si-young, Lee Soo-hyuk, Lee Young-ran, Im Ha-ryong, Choi
Yeo-jin, Park Jung-min, Seo Jung-yun, Han Eu-Ddeum
Resumo
Il-ri
era apenas uma adolescente quando conheceu Hee-tae, um biólogo contratado como
professor temporário na escola de meninas onde ela estudava. Ali eles se
apaixonaram, mas apenas sete anos depois voltaram a se encontrar, e se casaram.
O casal leva uma vida ordinária, até o dia em que Il-ri conhece o jovem
carpinteiro Kim Joon, e seu amor pelo marido é posto à prova.
Comentário
A
primeira coisa importante a ressaltar sobre Valid
Love é que, ao contrário do que possa parecer (pela sinopse oficial), o
tema central deste drama não é o adultério, mas todo o comprometimento emocional
e familiar que envolve um casamento. Algum espectador desavisado pode decepcionar-se
com a abordagem pouco romântica, ou sensual, sobre o triângulo amoroso de Valid Love, mas, se ele tiver um interesse
verdadeiro, pode surpreender-se com a profundidade e o realismo das emoções
despertadas pela estória. Valid Love,
essencialmente, é um drama familiar, e um dos melhores que já assisti. A
roteirista, Kim Do-Woo , é autora do inesquecível drama My Name is Kim Sam Soon (2005). Apoiado em atuações agradavelmente
naturais, tanto do elenco jovem, como dos atores veteranos, e uma produção
impecável – como já é de se esperar do canal de TV a cabo coreano tvN – o drama
se desenrola como um episódio da vida real de uma família normal, que poderia muito
bem ser a minha ou a sua. Alguém pode até argumentar que não há graça em
acompanhar eventos triviais da vida de “gente como a gente”, e eu mesma tenho
certa aversão a melodramas familiares, especialmente quando envolvem doenças
terminais, ou tramas de vingança infindáveis. Felizmente, apesar de Valid Love desfilar uma boa dose de
dramas familiares, é o modo como os mesmos são abordados que faz a diferença
entre um dramalhão, e uma estória que merece ser contada e vista.
Lee
Si-young é Il-ri, uma adolescente cheia de energia e com uma mente criativa,
repleta de fantasias, e que é confundida por colegas e professores como uma
criatura exótica, e um tanto desequilibrada. E é através do olhar perspicaz do
professor de biologia Jang Hee-tae (Uhm Tae-woong), que conhecemos o valor
desta jovem, altruísta, determinada, embora um tanto teimosa. E é exatamente
uma visão um tanto fatalista de Il-ri, que a empurra para um destino muito
aquém de seus sonhos brilhantes de infância. Il-ri é uma ótima desenhista, e
poderia ter frequentado uma escola de artes, mas ao invés disso, resolve lutar
para pagar os estudos da irmã caçula, trabalhando como pintora de paredes. E é
enquanto pinta a fachada de um prédio, que Il-ri reencontra seu primeiro e
único amor, o professor Hee-tae. Os dois reconhecem que nunca esqueceram um do
outro, e acabam se casando. Apesar de Hee-tae ser o filho mais velho, o casal
mora sozinho, em um apartamento no mesmo bairro dos pais dele. Mas, além de
trabalhar como pintora, Il-ri vai todos os dias à casa dos sogros, ajudar a
cuidar da cunhada (uma deslumbrante Choi Yeo-jin), que sofre de uma síndrome que a deixou paralisada dos pés à
cabeça. Enquanto isso, Hee-tae trabalha em um instituto oceanográfico, e passa
alguns dias fora de casa, em expedições de pesquisa em alto mar. Il-ri não
reclama de sua rotina pesada, inclusive faz questão de cuidar da família do
marido, pela qual nutre um grande carinho... Mas as pessoas parecem não se dar
conta de que Il-ri é ainda muito jovem, e que nunca teve oportunidade de
aproveitar a vida como teria direito, se não tivesse tantas responsabilidades
sobre seus frágeis ombros.
Bem,
as coisas começam a mudar quando Il-ri é contratada para pintar a oficina de um
novo vizinho, um jovem carpinteiro chamado Kim Joon. O primeiro contato entre
os dois não é dos mais amigáveis, já que Il-ri é alegre e tagarela, o oposto de
Kim Joon, que é incrivelmente sério e taciturno. Mas aos poucos o carpinteiro
vai se sentindo atraído por esta jovem de temperamento forte, mas de grande
coração. E Il-ri, por sua parte, encontra em Kim Joon uma pessoa com a qual
pode compartilhar suas angústias e pesares mais profundos.
No
entanto, quando o clima de flerte e conhecimento mútuo está apenas começando, o
marido de Il-ri descobre tudo, e sua reação é muito mais imatura e intempestiva
do que se poderia esperar, para um homem de sua idade. E a possível separação
de Il-ri e Hee-tae, na perspectiva das famílias de ambos, tem consequências muito
maiores do que o fim do amor entre o casal. É como se costuma dizer, quando
você se casa com alguém, está se casando com toda a família dele... E no amor
verdadeiro as palavras ‘egoísmo’ e ‘individualismo’ devem ser banidas do seu dicionário,
para o bem ou para o mal...
Uhm
Tae-woong (Architecture 101, Dr Champ) e Lee Si-young (Golden Cross) já são atores veteranos, e
suas interpretações são tão naturais e ao mesmo tempo tão fascinantes, que é
difícil imaginar outros desempenhando tão bem seus papéis. Espero que Lee Si-young
desista de vez de sua (tentativa) carreira como boxeadora e invista mais na de
atriz, pois ela é simplesmente fantástica. Mas queria falar mesmo sobre Lee
Soo-hyuk, que, com uma carreira de ator muito mais recente, tem tido a sorte,
ou talvez melhor dizendo, a sabedoria de escolher bons projetos, especialmente
na TV. Do drama White Christmas
(2011) ao penúltimo trabalho de destaque, a comédia King of High School (tvN, 2014), Lee Soo-hyuk vem construindo uma
imagem séria como ator, muito além da pura beleza física dos tempos de modelo
profissional. Esta combinação de beleza angelical, melancolia e sensualidade
faz de Lee Soo-hyuk um ator único e incrivelmente atraente. Por isso mesmo ele
convence tão bem em Valid Love, com o
jovem que exerce uma atração irresistível sobre os demais personagens, e ainda
mais, sobre nós, espectadores...
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