abril 09, 2015

Valid Love (drama, 2014)


País: Coréia do Sul
Gênero: Drama, Romance
Duração: 20 episódios
Produção: tvN

Direção: Han Ji-Seung
Roteiro: Kim Do-Woo

Elenco: Uhm Tae-woong, Lee Si-young, Lee Soo-hyuk, Lee Young-ran, Im Ha-ryong, Choi Yeo-jin, Park Jung-min, Seo Jung-yun, Han Eu-Ddeum

Resumo

Il-ri era apenas uma adolescente quando conheceu Hee-tae, um biólogo contratado como professor temporário na escola de meninas onde ela estudava. Ali eles se apaixonaram, mas apenas sete anos depois voltaram a se encontrar, e se casaram. O casal leva uma vida ordinária, até o dia em que Il-ri conhece o jovem carpinteiro Kim Joon, e seu amor pelo marido é posto à prova.

Comentário

A primeira coisa importante a ressaltar sobre Valid Love é que, ao contrário do que possa parecer (pela sinopse oficial), o tema central deste drama não é o adultério, mas todo o comprometimento emocional e familiar que envolve um casamento. Algum espectador desavisado pode decepcionar-se com a abordagem pouco romântica, ou sensual, sobre o triângulo amoroso de Valid Love, mas, se ele tiver um interesse verdadeiro, pode surpreender-se com a profundidade e o realismo das emoções despertadas pela estória. Valid Love, essencialmente, é um drama familiar, e um dos melhores que já assisti. A roteirista, Kim Do-Woo , é autora do inesquecível drama My Name is Kim Sam Soon (2005). Apoiado em atuações agradavelmente naturais, tanto do elenco jovem, como dos atores veteranos, e uma produção impecável – como já é de se esperar do canal de TV a cabo coreano tvN – o drama se desenrola como um episódio da vida real de uma família normal, que poderia muito bem ser a minha ou a sua. Alguém pode até argumentar que não há graça em acompanhar eventos triviais da vida de “gente como a gente”, e eu mesma tenho certa aversão a melodramas familiares, especialmente quando envolvem doenças terminais, ou tramas de vingança infindáveis. Felizmente, apesar de Valid Love desfilar uma boa dose de dramas familiares, é o modo como os mesmos são abordados que faz a diferença entre um dramalhão, e uma estória que merece ser contada e vista.

Lee Si-young é Il-ri, uma adolescente cheia de energia e com uma mente criativa, repleta de fantasias, e que é confundida por colegas e professores como uma criatura exótica, e um tanto desequilibrada. E é através do olhar perspicaz do professor de biologia Jang Hee-tae (Uhm Tae-woong), que conhecemos o valor desta jovem, altruísta, determinada, embora um tanto teimosa. E é exatamente uma visão um tanto fatalista de Il-ri, que a empurra para um destino muito aquém de seus sonhos brilhantes de infância. Il-ri é uma ótima desenhista, e poderia ter frequentado uma escola de artes, mas ao invés disso, resolve lutar para pagar os estudos da irmã caçula, trabalhando como pintora de paredes. E é enquanto pinta a fachada de um prédio, que Il-ri reencontra seu primeiro e único amor, o professor Hee-tae. Os dois reconhecem que nunca esqueceram um do outro, e acabam se casando. Apesar de Hee-tae ser o filho mais velho, o casal mora sozinho, em um apartamento no mesmo bairro dos pais dele. Mas, além de trabalhar como pintora, Il-ri vai todos os dias à casa dos sogros, ajudar a cuidar da cunhada (uma deslumbrante Choi Yeo-jin), que sofre de uma síndrome que a deixou paralisada dos pés à cabeça. Enquanto isso, Hee-tae trabalha em um instituto oceanográfico, e passa alguns dias fora de casa, em expedições de pesquisa em alto mar. Il-ri não reclama de sua rotina pesada, inclusive faz questão de cuidar da família do marido, pela qual nutre um grande carinho... Mas as pessoas parecem não se dar conta de que Il-ri é ainda muito jovem, e que nunca teve oportunidade de aproveitar a vida como teria direito, se não tivesse tantas responsabilidades sobre seus frágeis ombros.

Bem, as coisas começam a mudar quando Il-ri é contratada para pintar a oficina de um novo vizinho, um jovem carpinteiro chamado Kim Joon. O primeiro contato entre os dois não é dos mais amigáveis, já que Il-ri é alegre e tagarela, o oposto de Kim Joon, que é incrivelmente sério e taciturno. Mas aos poucos o carpinteiro vai se sentindo atraído por esta jovem de temperamento forte, mas de grande coração. E Il-ri, por sua parte, encontra em Kim Joon uma pessoa com a qual pode compartilhar suas angústias e pesares mais profundos.

No entanto, quando o clima de flerte e conhecimento mútuo está apenas começando, o marido de Il-ri descobre tudo, e sua reação é muito mais imatura e intempestiva do que se poderia esperar, para um homem de sua idade. E a possível separação de Il-ri e Hee-tae, na perspectiva das famílias de ambos, tem consequências muito maiores do que o fim do amor entre o casal. É como se costuma dizer, quando você se casa com alguém, está se casando com toda a família dele... E no amor verdadeiro as palavras ‘egoísmo’ e ‘individualismo’ devem ser banidas do seu dicionário, para o bem ou para o mal...


Uhm Tae-woong (Architecture 101, Dr Champ) e Lee Si-young (Golden Cross) já são atores veteranos, e suas interpretações são tão naturais e ao mesmo tempo tão fascinantes, que é difícil imaginar outros desempenhando tão bem seus papéis. Espero que Lee Si-young desista de vez de sua (tentativa) carreira como boxeadora e invista mais na de atriz, pois ela é simplesmente fantástica. Mas queria falar mesmo sobre Lee Soo-hyuk, que, com uma carreira de ator muito mais recente, tem tido a sorte, ou talvez melhor dizendo, a sabedoria de escolher bons projetos, especialmente na TV. Do drama White Christmas (2011) ao penúltimo trabalho de destaque, a comédia King of High School (tvN, 2014), Lee Soo-hyuk vem construindo uma imagem séria como ator, muito além da pura beleza física dos tempos de modelo profissional. Esta combinação de beleza angelical, melancolia e sensualidade faz de Lee Soo-hyuk um ator único e incrivelmente atraente. Por isso mesmo ele convence tão bem em Valid Love, com o jovem que exerce uma atração irresistível sobre os demais personagens, e ainda mais, sobre nós, espectadores...

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