Chegamos
à reta final da temporada 2017 de dramas coreanos, e acho que já podemos
considerar que foi um bom ano, embora os enredos tradicionais (Whisper, Temperature of Love) tenham superado em muito os inovadores (Forest of Secrets, Save Me)... Continua em alta o gênero fantasia (parece que os
roteiristas não se cansam das viagens no tempo, mas será que eles consultaram a
audiência?), e o suspense (Lookout, Voice). O romance, a comédia e
especialmente o épico foram os menos prestigiados. Aliás, o épico é um gênero
que precisa passar por renovação com urgência, - esta tendência de “fusion
fantasy-sageuk”, sinceramente, está começando a cansar.
Voice
(OCN, 16 episódios)
Atualmente,
o canal de TV OCN é a principal referência de qualidade no gênero
policial/suspense. Com a direção de Kim Hong-sun (Pied Piper, Liar Game) e
roteiro original de Ma Ji-won (My Wife is
a Gangster 3), Voice tem todo o
vigor e suspense que, em comparação, o remake coreano de Criminal Minds (tvN) não pôde alcançar.
O
detetive Moo Jin-hyuk (Jang Hyuk, Beautiful Mind) é um policial exemplar, até sua esposa ser morta brutalmente, o que o
faz cair numa espiral de culpa e frustração por não ter sido capaz de evitar a
tragédia. Kang Kwon-joo (Lee Ha-na, King of High School Manners) segue os passos profissionais de seu pai, e se forma com
louvor na academia de polícia. Na central telefônica da delegacia, ela atende
uma ligação, e acaba ouvindo seu pai ser assassinado covardemente. Abalada, ela
resolve abandonar tudo para estudar psicologia criminal nos EUA. De volta à
Coréia, ela é convidada a liderar uma equipe especial encarregada de atender
ligações de emergência crítica, como tentativas de homicídio ou sequestro.
A
originalidade na trama de Voice não
está nos casos de polícia, mas na forma como a investigação é desencadeada -
Lee Ha-na está fantástica no papel da policial que tem a capacidade única de
ouvir frequências sonoras que um ser humano normal não consegue perceber. Sou
fã número 1 de Jang Hyuk, mas este não é seu melhor papel, - seu tom de voz
muito alto me deixava aflita, já que sua parceira de investigação tem uma
audição tão sensível! Mas os dois tem uma boa química, e é impossível não
desejar ver uma nova temporada do drama! Palmas também para o gatíssimo Kim
Jae-wook (Temperature of Love), por sua ousadia ao encarnar um personagem tão psicótico...
Mistery
Queen (KBS2, 16 episódios)
Para
quem prefere um suspense mais “clássico”, no estilo sherloquiano de
investigação, Mistery Queen é a
pedida... Choi Kang-hee (Protect the Boss) e Kwon Sang-woo formam a dupla insólita, - uma dona de
casa e um detetive de polícia – que se une para desvendar os crimes mais
misteriosos. Com muito humor, e um tom ‘noir’, embalado por baladas
maravilhosas, Mistery Queen é outro
drama que gerou muita expectativa sobre uma possível segunda temporada. Vamos
cruzar os dedos! Leia aqui a resenha completa de Mistery Queen.
Suspicious
Partner (SBS, 20 episódios)
Kwon
Ki-yeong (I Remember You, All About My Romance, Protect the Boss)
é um de meus roteiristas favoritos, por sua habilidade em abordar grandes
temas, sem deixar de lado o romance. Seus casais protagonistas costumam viver
paixões vibrantes, sempre com uma boa dose de humor. Eun Bong-hee (Nam Ji-hyun,
Shopping King Louis) é uma estudante
de direito nada brilhante, mas seu temperamento afável e otimista faz dela uma
batalhadora incansável. No Ji-wook (Ji Chang-wook, Healer) é um jovem promotor conhecido por sua inflexibilidade e
obsessão com o trabalho, - e é a encarnação perfeita do lindo nerd. Sendo
assim, não é de admirar que Nam Ji-hyun esteja marcada para sofrer nas mãos do novo
chefe No Ji-wook. Mas, como em toda boa comédia romântica, quanto maior o
conflito, mais divertidas serão as batalhas verbais, os mal-entendidos, até a
inevitável descoberta do amor... Infelizmente a trama perde muito de seu fôlego
no terço final do drama, e o elenco também se mostra visivelmente cansado
(principalmente Ji Chang-wook, talvez por estar às vésperas de seu retiro de
dois anos no serviço militar). Mesmo assim, Nam Ji-hyun e Ji Chang-wook formam
um casal adorável, e seu romance atribulado é motivo o bastante para conferir o
drama.
Falsify
(SBS, 16 episódios)
Para
mim, não há cenário mais perfeito para um drama, ou filme, do que uma sala de
redação de um jornal ou noticiário de TV. Intrigas políticas, pressões
financeiras, fofocas de famosos, há tantos assuntos ‘suculentos’ a serem
abordados neste espaço restrito... Sendo assim, foi um grande prazer assistir Falsify, um drama muito divertido, que
conta a estória de jornalistas lutando para preservar a liberdade de imprensa,
item tão desvalorizado nos últimos tempos. É em meio a uma reportagem
bombástica que a vida de nossos protagonistas sofre uma grande reviravolta. A
estrela do jornal diário Daehan é o repórter Lee Seok-Min (Yoo Joon-sang, de Pied Piper), líder da equipe Splash. A
equipe Splash é famosa por seu jornalismo investigativo, e seus grandes furos
de reportagem. Lee Seok-Min une forças à promotoria especial de Seul para expor
um escândalo de corrupção envolvendo empresários e políticos influentes. Com a
morte misteriosa do principal delator (justamente o empresário corruptor) e do
repórter Han Cheol-ho (Oh Jeong-se, de Missing
9), a equipe Splash é desmantelada pelo diretor do jornal Daehan, Goo
Tae-won (Moon Sung-keun, um espetacular ator de cinema que nos honra com sua
presença neste drama). Alguns anos se passam, e Han Moo-young (Namgung Min, de Chief Kim), irmão caçula do falecido Han
Cheol-ho trabalha para o jornal undergroud
Patriot News. Ele se une a Lee Seok-Min, agora um repórter desprestigiado, para
investigar os poderes ocultos por detrás da manipulação da grande mídia
(incluindo o Daehan News). Entra em cena a promotora Kwon So-ra (Eom Ji-won, de
Sign) que irá dar o apoio legal aos
repórteres para desvendar o mais surpreendente caso de corrupção que o país já
conheceu.
Uma
dupla quase novata, o PD Lee Jeong-heum e a roteirista Kim Hyeon-jeong-IV (que
trabalharam juntos no mini-drama I've Got
My Eye On You, 2015) é responsável por este belo thriller, cujo único
defeito é pecar pelo excesso na hora de amarrar as pontas da trama. Ao tentar
surpreender uma última vez o espectador com uma reviravolta pouco realista, a
roteirista acabou se enrolando, quando poderia ter mantido a sobriedade e
realismo (há tema mais atual do que a corrupção, ou o poder maligno das fake news?), emplacando um drama
verdadeiramente memorável. Ainda assim, recomendo Falsify como um belo thriller, com um dos melhores elencos já
reunidos, dos protagonistas até as pequenas participações especiais.
Forest
of Secrets (tvN, 16 episódios)
A
cada temporada revela-se um drama cult
(em 2016 foi Signal, lembra?), aquele
que reune qualidades especiais em sua produção, que fogem do trivial. E este
foi o ano do thriller policial Forest of Secrets,
cuja roteirista (praticamente desconhecida), Lee Soo-yeon-I (The Great Seer, 2012), nos surpreendeu
com uma trama muito bem lapidada. A direção primorosa do PD Ahn Gil-ho (Mrs.
Cop, 2015) também contribuem para o tom mesmerizante do drama. O crème de la créme da TV coreana em 2017!
Leia aqui a resenha completa de Forest of
Secrets.
Man
to Man (jTBC, 16 episódios)
Man to Man pode ser
definido como um drama com crise de identidade, - não sabe se quer ser um
suspense, uma aventura de espionagem, ou uma comédia romântica. Imagine o
agente 007 caindo de paraquedas em um filme do Mr. Bean, e você terá uma ideia
do que estamos falando... Kim Won-seok-II (diretor e roteirista) é o
responsável pela salada mista que é o roteiro de Man to Man (ele é co-roteirista de Descendants of the Sun, o que explica muita coisa).
Na
verdade, a trama começa muito leve, com o agente secreto Kim Seol-woo (Park
Hae-jin, Bad Boys) trabalhando
disfarçado como guarda costas de um grande astro do cinema de ação, Yeo
Woon-gwang (Park Sung-woong, Remember,
Hidden Identity). Sua missão começa a
dar muito errado quando ele conhece Cha Do-ha (Kim Min-jung, Gabdong), a super protetora assistente
pessoal do ator Yeo Woon-gwang. Só que de “o espião que me amava” a trama dá
uma volta de cento e oitenta graus e começa a ficar séria demais, renunciando
ao clima romântico e cômico inicial. O que me fez ir até o final de Man to Man foi, em resumo, muito mais a
simpatia e charme do elenco, do que a curiosidade sobre o desfecho da
estória...
Strong
Woman Do Bong-soon (jTBC, 16 episódios)
Com
exceção de Age of Youth 2, 2017 não
foi um grande ano para a jTBC TV. Assim como o acima citado Man to Man, Strong Woman Do Bong-soon é um drama que não soube definir seu
gênero. O sucesso (parcial) de Strong
Woman Do Bong-soon pode ser creditado unicamente ao casal de protagonistas,
Park Bo-young e Park Hyung-sik. Infelizmente, para a maioria dos fãs sérios de
dramas, um casal perfeito não equivale a um drama de qualidade... O ponto
positivo, ao menos para mim, é dar protagonismo a este personagem magnífico, a menina
superpoderosa Do Bong-soon. A roteirista Baek Mi-kyeong é conhecida por seus
melodramas românticos (Kang Koo´s Story,
My Love Eun-dong, Woman of Dignity), o que pode explicar,
em parte, suas tentativas frustradas de injetar comédia em Strong Woman Do Bong-soon. O suspense e o romance bastavam para
sustentar Strong Woman Do Bong-soon, com
seu simpático e talentoso elenco. A pequenina e elétrica Park Bo-young é uma
atriz maravilhosa (Oh My Ghostess, Hot Young Bloods, A Werewolf Boy), que consegue transformar Do Bong-soon em um símbolo
do empoderamento feminino. Ainda mais, ela consegue tirar o melhor, em termos
de atuação, de seus pares românticos, e não foi diferente com Park Hyung-sik (High Society), simplesmente perfeito no
papel do chaebol An Min-hyuk. Preciso fazer um pequeno parêntese para mencionar
o ator An Woo-yeon, que interpreta Bong-ki, irmão de Do Bong-soon. Depois de
vê-lo em Jealousy Incarnate, e no mais
recente Age of Youth 2, acho que este
ator ainda vai dar muito o que falar, por sua versatilidade, e capacidade de
parecer tão diferente em cada papel.
Whisper
(SBS, 17 episódios)
O
reencontro do casal Lee Bo-young e Lee Sang-yoon (par romântico no belo melodrama
My Daughter Seo-young) já era motivo
o bastante para querermos conferir o drama legal Whisper. E o drama começa muito bem, com muito suspense e reviravoltas
inteligentes ao final de cada episódio. Infelizmente, a trama logo perde o fôlego,
em parte por culpa de um núcleo muito reduzido de personagens, e seus conflitos
pessoais que se repetem infinitamente. E, apesar do casal protagonista
poderoso, acontece um fenômeno já observado em outro drama similar, Mask (SBS, 2015), onde o casal
antagonista acaba por roubar a cena (Kwon Yool e Park Se-young).
Missing
Nine (MBC, 16 episódios)
Nove
funcionários da Legend Entertainment embarcam em um jato particular, rumo à
China. Os passageiros são os músicos Seo Joon-o (Jeong Kyeong-ho), Choi Tae-ho (Choi
Tae-joon), Ha Ji-a (Lee Sun-bin), Lee Yeol (Chanyeol), Yoon So-hee (Ryu Won), o
gerente Hwang Jae-kook (Kim Sang-ho), e os assistentes Jung Ki-joon (Oh Jung-se),
Ra Bong-hee (Baek Jin-hee), e Tae Ho-hang (Tae Hang-ho). O avião cai no mar,
próximo a uma ilha deserta, longe do continente. Os nove passageiros
sobrevivem, mas são forçados a lutar para sobreviver em um ambiente
terrivelmente inóspito. Quatro meses depois, Ra Bong-Hee, a única sobrevivente
resgatada com vida volta a Seul, amnésica, sem saber explicar o que aconteceu
com seus amigos.
Assim
como o avião da estória, Missing Nine
é como um voo tranquilo e agradável, que, misteriosamente, sofre uma pane
total, - só que no caso, os únicos que morrem são os espectadores, de tédio...
É lamentável reconhecer, mas Missing Nine
poderia ter sido o drama cult do ano! Do instante em que o avião se acidenta
até a volta dos sobreviventes (ou parte deles) à civilização, Missing Nine é um drama com uma estória
fantástica, repleta de episódios de puro terror, alternados por momentos de humor
catártico. Fora da ilha, o drama e seus personagens perdem o rumo (irônico, não
é mesmo?). Jeong Kyeong-ho (HeartlessCity, One More Happy Ending) e Choi
Tae-joon (Suspicious Partner) são dois
atores incríveis, que interpretam personagens que são como o Yin e o Yang, duas
energias opostas e ao mesmo tempo complementares, que impulsionam o destino dos
demais personagens. Gostaria muito que aqueles que não viram o drama tivessem a
oportunidade de desfrutar de suas emoções intensas e, sendo assim, fica a dica
(meio pragmática, é verdade, mas que pode funcionar): assista os episódios que
se passam na ilha, e depois pule para o último capítulo, só para dar adeus aos
personagens.
Lookout
(MBC, 16 episódios)
Vamos
admitir, 2017 foi o ano do drama policial, do suspense e do thriller
psicológico. Se fosse para recomendar três títulos essenciais da temporada
seriam estes: Forest of Secrets, Tunnel, e Lookout.
O
PD Son Hyeong-seok (When It´s at Night,
Two Weeks), com sua boa experiência
em thrillers, dá a sustentação perfeita ao roteiro ágil e ao mesmo tempo
dramático da roteirista novata Kim Soo-eun. Lookout
é, em essência, um drama de ação, mas este diretor sabe privilegiar o trabalho
dos atores, dando ênfase ao lado mais humano dos personagens. Leia aqui a
resenha completa de Lookout.
Oi Sam....
ResponderExcluirAcredito que os dramas policiais e de suspense foram os que mais se destacaram esse ano mesmo.
Acompanhei Whisper,Lookout e Túnel e realmente fiquei satisfeita em ter deixado um pouco o romance de lado.Whisper me encantou muito,por conta dos protagonistas e salvo as observações que voce já fez e eu concordo,eu curti muito.Lokoout e Túnel foram perfeitos do inicio ao fim e eu gostaria que houvesse uma segunda temporada pelo menos do primeiro,por que foo bom demais.Quanto a Suspicious Partner ,eu deixei lá pelo episódio 32,por que me faltou paciencia para acompanhar a lenga-lenga de mais um casal que se separa por um motivo futil(minha opinião).Esperando mais da metade do drama para o romance acontecer e dois episódios depois,tudo volta ao que era antes.....Também me perdi um pouco sobre a história do assassino e por fim parei.
Quanto a Strong Woman,não vou mentir,vi apenas para passar o tempo mesmo e acabei me.frustrando,por que não consegui compreender qual era realmente o gênero do drama e quem era quem e por que estava ali.Muitos personagens desencontrados dentro da trama.Eu não consegui acompanhar a proposta da historia,gangsters deslocados,um psicopata com uma história mal contada e um secundário troglodita e sem carisma.Agora a mensagem do enpoderamento feminino sem dúvida foi bem clara.O casal protagonista foi muito fofo e acho que eles foram o motivo de tanto paixão pelo drama.Eu particularmente não gostei do drama e vi mais por curiosidade pelo final mesmo.
De qualquer modo sua análise foi de encontro com muito do que eu penso.
Obrigada
Aguardando a segunda parte.
Oi Patrícia,
Excluirtem razão, foi bom dar um tempo nos dramas românticos (mas, por outro lado, fiquei feliz com as estreias neste final de ano, especialmente Because It´s My First Life, e Go Back Couple).
Eu gostei de Whisper, mais pelo elenco (maravilhoso) do que pela estória, e acho que o mesmo aconteceu com os outros dramas que vc achou, com razão, fracos, Suspicious Partner e Strong Woman... Enfim, alguns dramas a gente vê para passar o tempo, e outros para se divertir e guardar com carinho na memória!
Obrigada pelos comentários,
até mais,
Sam.
Verdade Sam. Estou acompanhando Because e estou realmente encantada com o casal protagonista tao peculiar e as tramas paralelas tal gostosas de assistir. Nesse final de ano acabei descobrindo os dramas familiares e que boa suspresa tive ao me apaixonar logo no primeiro episódio por uma história de 51 capitulos, que foi My Father Strange. Bom demais Sam (talvez você nao curta dramas longos, mas...). Agora estou vendo outro familiar em andamento, que se chama My Golden Life e preciso dizer que novamente fui surpreendida. Estou amando.
ExcluirEspero sempre estar descobrindo essas histórias tão maravilhosas.
Beijo Sam, até nais.
Este comentário foi removido pelo autor.
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