março 15, 2013

The Yellow Sea (filme, 2010)


País de origem: Coréia do Sul
Gênero: Drama, Ação, Thriller
Duração: 156 min.

Direção e Roteiro: Na Hong-jin

Elenco: Ha Jeong-woo, Kim Yoon-seok, Jo Seong-ha, Lee Cheol-min, Kwak Do-won, Lim Ye-won.
 
Comentário

O Mar Amarelo (Yellow Sea) é aquela porção do oceano Pacífico que divide o leste da China da costa oeste das duas Coréias. Como consequência desta proximidade, há muito tempo estabeleceu-se uma colônia de coreanos em território chinês, e é daí que sai o nosso personagem principal. O sino-coreano Kim Goo-nam vive na cidade de Yanbian, na Província de Jilin, onde trabalha como taxista.  Sua mulher imigra para a Coréia do Sul, em busca de um emprego melhor remunerado, mas os meses se passam, e Kim não tem mais notícias dela. Desesperado, com uma pilha de dívidas que só crescem com as tentativas frustradas de ganhar dinheiro no jogo de majong, e com uma filha pequena para sustentar, Kim Goo-nam ainda por cima começa a ouvir boatos de que sua esposa teria arrumado outro homem na Coréia.

Encurralado pelos cobradores, ele acaba aceitando a missão de entrar clandestinamente na Coréia do Sul para assassinar um homem. Kim Goo-nam não é um criminoso, muito menos um matador de aluguel, mas na ansiedade de encontrar a esposa, ele chega a Seul para realizar o serviço sujo. O líder de uma gangue de Yanbian, Myeon Jeong-hak, promete que Kim receberá uma bela quantia em dinheiro, se matar determinado sujeito e trouxer um dedo polegar como prova do feito.

Agora imagine a situação deste homem, um sujeito comum, trabalhador, pai de família, que é obrigado, de um dia para o outro, a viajar a um país estranho (embora seja coreano, ele sempre viveu na China) para matar e mutilar um homem, fria e cruamente. O desfecho da estória, pelo senso comum, é óbvio... Exceto que ninguém poderia imaginar que o instinto de sobrevivência de Kim Goo-nam seria tão forte.

O filme inicialmente é lento e tem um tom de drama com toques de crítica social. Mas não demora muito para o diretor Na Hong-jin mostrar a que veio. A partir do assassinato brutal do alvo de Kim Goo-nam – o que acontece de forma surpreendentemente diversa do planejado – uma onda de violência explode literalmente na tela. Fugindo da polícia e dos bandidos, Kim Goo-nam protagoniza cenas de verdadeiro terror pelas ruas escuras e geladas de Seul. As perseguições automobilísticas são o ponto alto do filme, deixando o espectador sem fôlego e admirado com a verdadeira coreografia orquestrada sob quatro rodas.

Outro destaque vai para a ferocidade do gangster Myeon Jeong-hak, papel interpretado com maestria por Kim Yoon-seok. As cenas em que Myeon enfrenta os adversários tendo como arma um machado são inesquecíveis, de provocar calafrios. O grande ator Kim Yoon-seok repete parceria bem sucedida com o diretor Na, depois do elogiado e premiado thriller policial The Chaser (2008).

E a estrela do filme, Ha Jeong-woo (1979), arrasa como sempre, em um papel que deve ter sido incrivelmente desgastante para ele. Ha Jeong-woo (The Client) é um ator que emana uma autoconfiança que pode passar por egocentrismo (talvez ele até o seja, vai saber), mas não dá para negar o seu talento... Além do mais ele é um homem belíssimo, que poderia fazer apenas papéis de sedutor, se o desejasse (ver My Dear Enemy, 2008). E tem uma meia dúzia de filmes com ele estreando este ano, como Berlin File, The Terror Live e Band of Thieves. Aliás, falando em homens atraentes, uma questão divertida... Se você fosse casada com Hyeon Bin, com quem você pensaria em traí-lo? Em Come Rain, Come Shine, a voz misteriosa ao telefone do amante de Im Soo-jeong é a de Ha Jeong-woo... Muito apropriado, não?!
 
The Yellow Sea é um filme longo (156 min.), mas uma vez que a ação engrena, não se sente o tempo passar. E o cineasta Na Hong-jin é um homem talentoso e cerebral, que coloca suas ideias no papel e as filma buscando sempre a originalidade. O que me agrada neste diretor é que ele nunca coloca as cenas de ação acima da estória que está contando, ou seja, ele nunca nos faz esquecer de que o importante são os personagens, e as consequências de seus atos.

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