maio 24, 2016

Answer Me 1988 (drama, 2015)


País: Coréia do Sul
Gênero: Drama
Duração: 20 episódios
Produção: tvN

Direção: Sin Won-ho
Roteiro: Lee Woo-jeong-I

Elenco: Seong Dong-il, Lee Il-hwa, Hyeri, Ryoo Hye-young, Choi Seong-won, Ra Mi-ran, Kim Seong-gyoon, Ahn Jae-hong, Ryu Jun-yeol, Choi Moo-seong, Park Bo-geom, Kim Seon-yeong, Ko Kyeong-pyo.

Resumo

Um grupo de jovens vizinhos, na periferia de Seul, compartilha alegrias e tristezas, enquanto amadurece, em tempos de ditadura militar e recessão econômica.

Comentário

Alguém pode presumir, erradamente, que os produtores de Answer Me (...) descobriram uma fórmula, e passaram a repeti-la infinitamente... Nada poderia estar mais longe da verdade, pois se a ideia não é nova, vem sendo muito bem explorada, e, talvez, tenha atingido a perfeição com este terceiro capítulo da saga, Answer Me 1988.

Depois do sucesso de Answer Me 1997 (2012), e Answer Me 1994 (2013), o PD Sin Won-ho e a roteirista Lee Woo-jeong-I voltam à tvN com Answer Me 1988, regredindo um pouco mais no tempo, para retratar um período política e economicamente conturbado na Coréia do Sul. 1988 foi um ano estranho, uma mistura de euforia, com o país sediando pela primeira vez uma Olimpíada, e de temor, com a repressão militar, e uma profunda recessão econômica envolvendo o povo. E é neste contexto histórico que se desenrola a estória de vizinhos de longa data, na periferia de Seul. Uma franca camaradagem une pais, filhos e amigos, a despeito de diferenças financeiras e sociais.

Deok-seon, Jeong-Hwan, Seon-Woo, Dong-Ryong e Taek são amigos de infância. Curtindo os últimos meses de sua vida escolar, eles se encontram para conversar e ver filmes no pequeno quarto de Taek (Park Bo-geom, de Moonlight Drawn By Clouds, Remember You), que largou os estudos para dedicar-se exclusivamente aos lucrativos campeonatos de baduk (um tipo de jogo de tabuleiro asiático). Taek é filho único, e o pai, viúvo, tem uma pequena oficina de conserto de relógios, na sala da frente da casa. Moo-seong (Choi Moo-seong, de Heartless City) tenta suprir a falta da presença materna na vida do filho, embora tenha dificuldade em expressar-se emocionalmente com Taek. Taek é o mais jovem campeão de baduk do país, e passa mais tempo viajando à China, ou Japão, para jogar, do que em casa. Mas, sempre que volta ao lar, é recebido com carinho pelos amigos, que entendem seu temperamento sensível e introspectivo, e procuram protegê-lo, como se fosse um irmão mais novo.

Deok-seon (Hyeri, de Entertainer) é a única menina do grupo, mas seu caráter extrovertido e moleque faz com que os amigos a tratem em pé de igualdade (menos quando eles tentam ver filmes proibidos no quarto de Taek). A família de Deok-seon levava uma vida modesta, mas confortável, até que o pai, Dong-Il (Seong Dong-Il, de It´s Ok, That´s Love), bancário, emprestou todas suas economias para um amigo endividado. Hoje eles alugam um espaço úmido e apertado no porão da casa da família Kim. Deok-Seon tem de dividir o quarto com a irmã mais velha, Bo-Ra (Ryoo Hye-young, de Heart to Heart), com quem vive brigando. Bo-ra é o orgulho da família, uma garota estudiosa, matriculada na prestigiosa Universidade de Seul. Deok-seon é o oposto da irmã, detesta estudar, mas adora dançar, cantar e passar o tempo livre com as amigas, Mi-ok (Lee Min-ji), e Wang Ja-hyun (Lee Se-young). Ela prefere gastar suas energias em atividades extraclasse, como participar da cerimônia de abertura dos jogos olímpicos, como porta-bandeiras. Deok-seon também tem um irmão mais novo, Seong No-eul (Choi Seong-won, de Mirror of the Witch). Il-hwa (Lee Il-hwa, de She Was Pretty), a mãe, é uma dona de casa dedicada, que se esforça para colocar na mesa uma refeição decente, apesar do dinheiro sempre contado.

A família Kim já passou por momentos de privação, como a família Seong, mas um golpe de sorte os tornou ricos (para os padrões da periferia) da noite para o dia. Hoje eles vivem em uma casa espaçosa, onde costumam reunir os amigos da vizinhança. Seong-gyoon (Kim Seong-gyoon, de Reply 1994, Phantom Detective), é dono de uma loja de aparelhos eletroeletrônicos, um sujeito bonachão, embora suas constantes piadas infantis irritem a mulher e constranjam os filhos. A esposa, Mi-ran (Ra Mi-ran, de Dancing Queen, The Heirs), curte o marido e os filhos, mas muitas vezes se sente frustrada por ser a única mulher da casa, e não poder contar com a ajuda dos rapazes nas tarefas domésticas. [O episódio em que Mi-ran viaja e deixa marido e filhos sozinhos em casa, é um dos mais engraçados, puro caos...]. Os dois filhos do casal são muito diferentes, tanto física quanto mentalmente, embora sejam bons amigos. Jeong-bong (Ahn Jae-hong, de C´est si bon), o mais velho, gordinho, já prestou o vestibular meia dúzia de vezes, sem sucesso, mas não parece preocupado em seguir com os estudos, ou mesmo arrumar um emprego. Ele está mais interessado em seus hobbies inúteis, como colecionar discos, pôsteres de filmes, ou participar de concursos de rádio. Seu irmão, Jeong-hwan (Ryu Jun-yeol, de Lucky Romance, Socialphobia), alto e bonito, é o grande orgulho da mãe, Mi-ran. Estudioso, ele sonha em ser piloto militar, e é o tipo de pessoa focada, que não se desvia por nada de seus objetivos.

O único da turma que é tão dedicado aos estudos quanto Jeong-hwan é Seon-woo (Ko Kyeong-pyo, de Flower Boy Next Door). A família de Seon-woo morava no interior, mas, com a morte prematura do pai, vieram morar em Seul. A jovem mãe, Seon-yeong (Kim Seon-yeong, de Hotel King), luta para sustentar Seon-woo e a pequena Jin-joo (Kim Seol), apenas com o dinheiro da pensão do marido falecido. Seon-yeong sonha em ver o filho estudando medicina.

Por fim, temos Dong-ryong (Lee Dong-hwi, de The Beauty Inside), o “palhaço” da turma. Dong-ryong detesta a escola, em grande parte por seu pai ser tutor de sua classe. O Sr. Jae-myeong (Yoo Jae-myeong) não dá folga para o filho, que só gosta de cantar, dançar, e ler revistas de fofoca (e por isso mesmo é amigo e confidente de Deok-seon, tão parecida com ele).

Pouco a pouco vamos conhecendo cada um destes personagens encantadores, e descobrimos como a lealdade profunda que compartilham, - entre pais e filhos, entre vizinhos e amigos, - se formou e consolidou ao longo dos anos. Não existe preconceito de classe, ou de costumes, entre os vizinhos. Todos se ajudam, cuidando para que não falte comida na mesa, ou para que ninguém fique doente e desamparado, em momento algum. É realmente comovente e sincero o amor fraterno desta gente. E ainda mais tocante é o respeito dos filhos pelos pais. Nem mesmo nas situações mais estressantes, vemos os jovens agredirem verbal ou fisicamente seus familiares. Estou certa de que a escritora teve a intenção de ressaltar que houve uma época especial, mais ingênua, é verdade, mas também mais conciliadora.

A reconstituição de época é espetacular, detalhista ao extremo. Do figurino (as horrorosas calças semi baggy, as ombreiras, as cores cítricas, etc.), ao cenário (TVs de tubo, móveis de vime); da música (as fitas k7, o vinil, os vídeo clipes) aos filmes chineses em VHS (Chow Yun Fat foi o grande herói de toda uma geração fascinada pelo cinema de ação de Hong Kong). A criançada de hoje nem faz ideia de como um único modelo de tênis podia ser o fetiche de toda uma escola. Ou de como o telefone fixo era disputado entre irmãos, o que só piorou depois, com o advento da internet discada. É verdade que a tecnologia primitiva, o design sofrível dos carros, e a moda esquizofrênica dos anos oitenta não deixaram saudades, no entanto, para quem viveu este período, restam lembranças muito doces de tempos mais românticos e, por que não dizer, iluminados. Pode parecer pouco, mas se Answer Me 1988 deixa no espectador um sabor agridoce na boca, também guarda uma nostalgia irresistível de um tempo que não volta nunca mais...

maio 15, 2016

Marriage Blue (filme, 2013)


País: Coréia do Sul
Gênero: Comédia Romântica
Duração: 118 min.

Direção: Hong Ji-young
Roteiro: Go Myeong-joo

Elenco: Kim Kang-woo, Kim Hyo-jin, Taecyeon, Lee Yeon-hee, Joo Ji-hoon, Ma Dong-seok, Guzal Tursunova, Lee Hee-joon, Go Joon-hee.

Resumo

A data mais importante de suas vidas se aproxima, e quatro casais enfrentam dúvidas, medos e desejos secretos, a caminho do altar...

Comentário

A diretora e roteirista Hong Ji-young (Naked Kitchen) está de volta com um trabalho mais leve e cômico, mas sem perder seu toque sarcástico e crítico de sempre. Com o apoio de uma roteirista novata, Go Myeong-joo, a cineasta Hong tem a ambição de discutir este tema tão espinhoso que é o relacionamento entre homens e mulheres. E apesar de expor as neuroses de ambos os sexos, diretora e roteirista conseguem ser românticas e otimistas. Ainda bem, pois detesto quando um filme finge ser comédia, para terminar em vergonhoso melodrama.


Tae-gyoo (Kim Kang-woo, de Ha Ha Ha) é um jogador de baseball aposentado, que agora treina um time da segunda divisão. Sua namorada, Joo-yeong (Kim Hyo-jin) é uma médica urologista. Anos atrás, quando ele estava no auge da fama, os dois romperam o namoro, mas agora estão juntos, e prontos para subir ao altar. Mas, faltando uma semana para o casamento, Tae-gyoo descobre que a noiva teve um caso sério no passado e fica obcecado em descobrir mais sobre este homem.


So-mi (Lee Yeon-hee, de Miss Korea) é uma manicure que namora há sete anos o chefe de cozinha Won-cheol (Taecyeon). Apesar do casamento marcado, So-mi sente que algo está faltando em sua vida, e que a paixão pelo noivo transformou-se em simples acomodação. So-mi resolve fazer uma última viagem sozinha, antes da boda, para participar de um concurso de arte em unhas, mas também para pensar sobre o futuro. Na romântica ilha de Jeju ela conhece Kyeong-soo (Joo Ji-hoon), um famoso desenhista de quadrinhos, e guia turístico nas horas vagas, que faz seu coração bater mais forte...

Geon-ho (Ma Dong-seok, de Bad Guys) é um solteirão de bom coração, dono de uma floricultura, que se apaixona por Vika (Guzal Tursunova) uma imigrante do Uzbequistão. O casal tem uma rotina feliz e harmoniosa, mas, com o casamento à vista, Geon-ho começa a ficar inseguro com a noiva bonita e tão mais jovem que ele. E, para piorar, ele passa a desconfiar que ela esteja se casando apenas para conseguir a cidadania coreana.


Dae-bok (Lee Hee-joon, de Unexpected You) trabalha como recepcionista na clínica de urologia de Joo-young. Ele namora a cerca de um mês a bela Yi-ra (Go Joon-hee, de Twelve Men in a Year), uma planejadora de casamentos. Uma gravidez não planejada faz com que os dois resolvam se casar. Só que Dae-bok começa a duvidar dos sentimentos da noiva por ele, já que ela insiste em esconder seu relacionamento do pai (Jang Gwang), um pastor rígido e conservador.

Como em todo filme dividido em várias estórias paralelas (omnibus), é impossível não simpatizar mais com um ou outro personagem. Embora este não seja meu gênero favorito de filme, Marriage Blue consegue equilibrar em grande parte seu enredo fragmentado. Além de conectar de forma orgânica as quatro estórias de amor, cada casal tem seu charme e sua graça.

Meu casal favorito é Kim Kang-woo (Goodbye Mr. Black) e Kim Hyo-jin (Marry Me, Mary), de longe os melhores atores do filme. E sua estória é a mais engraçada, e, ao mesmo tempo, realista. O casal se conheceu na juventude, e depois de alguns anos separados, voltou a se enamorar. Eles se julgam muito mais maduros e seguros, hoje em dia, mas não é bem assim... Tae-gyoo ainda conserva muito do egocentrismo dos tempos de estrela do baseball, mas ao menos se esforça para corrigir as falhas do passado no relacionamento com Joo-yeong. Joo-yeong é uma médica urologista bem sucedida, com seu consultório médico privado. Mas de vez em quando afloram algumas mágoas do passado, segredos que ela insiste em esconder de Tae-gyoo. Quando descobre que a noiva teve um relacionamento sério na época em que estiveram separados, Tae-gyoo simplesmente surta. Com crises de ciúmes violentas, Tae-gyoo protagoniza as cenas mais absurdas e divertidas, em busca do misterioso ex de Joo-yeong. Kim Hyo-jin também esbanja talento cômico; pena que tem aparecido pouco no cinema, desde seu casamento com o ator Yoo Ji-tae, com quem tem um filho.

A diretora Hong é velha amiga do ator Joo Ji-hoon, que já estrelou dois de seus filmes mais conhecidos, Antique e Naked Kitchen. Joo Ji-hoon já foi um príncipe (no drama Princess Hours), mas nunca encarnou um personagem tão romanticamente ideal como em Marriage Blue. Ele é Kyeong-soo, um desenhista de quadrinhos de estórias românticas e fantasiosas, com uma legião de fãs ardorosas. Eu adoraria ver um filme exclusivamente com este personagem, e suas aventuras na paradisíaca ilha de Jeju. Mesmo assim, é um prazer vê-lo num papel tão ‘normal’ e ao mesmo tempo sedutor. E a indecisão de Lee Yeon-hee entre Taecyeon e Joo Ji-hoon me deixou aflita até o final!

Grande parte dos conflitos entre os casais se deve ao simples desinteresse pelos problemas um do outro, por mais contraditório que possa parecer. Se há uma mensagem que amarra todas estas estórias é que amor algum resiste à falta de diálogo e compreensão mútua. Marriage Blue pintar com humor e otimismo os conflitos do amor, mas também nos faz meditar um pouco sobre os sacrifícios e desafios da vida a dois.

maio 10, 2016

Pied Piper (drama, 2016)


País: Coréia do Sul
Gênero: Thriller, Drama
Duração: 16 episódios
Produção: tvN

Direção: Kim Hong-Seon
Roteiro: Ryoo Yong-Jae

Elenco: Shin Ha-gyoon, Jo Yoon-hee, Yoo Joon-sang.

Resumo

Joo Seong-chan é um negociador profissional, que se torna consultor do esquadrão de negociação da polícia de Seul. Junto da agente Yeo Myeong-ha e do repórter Yoon Hee-seong ele irá tentar capturar um perigoso terrorista conhecido como “Pied Piper”.

Comentário

Quem costuma ler minhas críticas de dramas sabe o quanto admiro as produções do canal tvN. Mas é claro que não sou uma fã solitária, pois a tvN agrada tanto à crítica especializada, quanto ao público. Só que os índices de audiência da tvN, bem como de outras redes de TV à cabo coreanas, raramente passa de um dígito, ao contrário das grandes redes, como SBS, KBS. ou MBC. E com a oferta enorme de programas da TV aberta, a concorrência é, muitas vezes, francamente desleal. Bem, toda esta introdução é só para dizer que este belíssimo drama, Pied Piper, teve uma audiência local decepcionante, apesar da qualidade inegável da produção.

Para começar, temos o PD Kim Hong-seon e o roteirista Ryoo Yong-Jae, que colheram muitos elogios com o drama Liar Game (tvN, 2014). Ryoo Yong-Jae fez um trabalho impecável ao adaptar o roteiro original do drama japonês. Ele ficou conhecido com Time Between Dog and Wolf (MBC, 2007), estrelado por Lee Joon-ki, que recentemente o chamou às pressas para dar um ‘up’ no roteiro de Scholar Who Walks the Night, mas infelizmente, era tarde demais para reverter o desastre.

Não faço ideia de quanto a tvN investe na produção de seus dramas, mas o resultado não fica devendo nada à redes poderosas como SBS, ou MBC. Pied Piper tem um elenco grande e de alto nível, que inclui atores de cinema como Shin Ha-gyoon (The Front Line), Yoo Joon-sang (The Target) e o veterano Kim Hong-pa (Inside Man). Também gostei muito da trilha sonora do drama, não apenas as belas canções, mas especialmente sua poderosa trilha incidental.

No primeiro episódio somos introduzidos ao protagonista da trama, Joo Seong-chan (Shin Ha-gyoon), um negociador profissional, que usa todo sua habilidade de comunicação para resolver os mais variados conflitos, e cobrando muito caro por seus serviços exclusivos. Seu principal cliente é Seo Geon-il (Jeon Gook-hwan, de Goodbye Mr Black), um empresário poderoso e igualmente inescrupuloso. Quando um grupo de funcionários de Seo Geon-il é sequestrado nas Filipinas, ele envia Joo Seong-chan para negociar com os captores. Seong-chan não consegue evitar que um dos empregados seja morto, e na volta à Seul, é pressionado pelo empresário a esconder as circunstâncias falhas da negociação. Finalmente, um evento trágico pessoal fará com que Seong-chan revele a verdade ao repórter Yoon Hee-seong (Yoo Joon-sang, de Heard It Through the Grapevine, Unexpected You) sobre o sequestro das Filipinas. Seong-chan cai em desgraça e resolve se isolar do mundo, circulando sem rumo por Seul, usando seu carro como moradia.

 
Enquanto isso, Yeo Myeong-ha (Jo Yoon-hee, de Nine: Nine Time Travels), segue os passos de seu tutor e mestre, Oh Jeong-hak (Seong Dong-il, de Answer Me 1988), no esquadrão de negociação da polícia de Seul. A pequena equipe, formada pela inexperiente Myeong-ha, e pelos sargentos Choi Seong-beom (Oh Eui-sik, de Oh My Ghostess) e Jo Jae-hee (Jang Seong-beom, de Healer) fica ‘escondida’ no porão da central de polícia. O alto comando não acredita na utilidade do esquadrão, e faz de tudo para desacreditar o grupo. A chegada do novo líder, Gong Ji-man (Yoo Seung-mok, de Cheo Yong), um policial sem experiência alguma em negociação, só serve para baixar a moral da equipe.

No entanto, uma série de crimes violentos envolvendo um terrorista misterioso, conhecido apenas como Pied Piper (Flautista) impulsiona o trabalho do esquadrão especial. O problema é que a falta de experiência do grupo é exposta, especialmente com o interesse da mídia e do público sobre os eventos terroristas. A solução é buscar um especialista para liderar o grupo, e este homem só pode ser Joo Seong-chan. E esta é a oportunidade perfeita para Seong-chan redimir-se de seus erros do passado, e capturar aquele que considera um inimigo pessoal, Pied Piper.


Shin Ha-gyoon já encarnou muitos personagens diferentes no cinema – heroicos, cômicos, malvados – todos com a mesma habilidade. Mas os personagens geniais, egocêntricos, workaholics, como Joo Seong-chan, ou o inesquecível cirurgião Lee Kang-Hoon, do drama Brain, lhe caem como uma luva. Simplesmente adoro a forma direta e energética com que ele encara seus personagens, e não é diferente com Joo Seong-chan.


Por outro lado, minha opinião sobre a atriz Jo Yoon-hee é ambivalente, mas admito que acabei gostando de sua atuação em Pied Piper. Cheguei à conclusão de que ela convence mais em papeis fortes, como este da policial Yeo Myeong-ha, ou da moleca Bang Yi-Sook, em Unexpected You (KBS2, 2012). Já suas participações em dramas como Lie To Me, ou The Producers, não são nada memoráveis.


Yoo Joon-sang (Ha Ha Ha) foi a escolha certa para contrapor a atuação ‘extravagante’ de Shin Ha-gyoon. Com sua voz grave e macia, e seu aspecto confiável, Yoo Joon-sang assume com tranquilidade o papel do repórter e âncora de noticiário Yoon Hee-seong.

Sempre é um prazer ver os atores veteranos darem um show de interpretação nos dramas coreanos... Jeon Gook-hwan, apesar de seu aspecto franzino, sempre mete medo, com seu olhar de águia (e eu quase tive uma overdose de maldade, com sua participação paralela em Goodbye Mr Black). Ainda temos Park Seong-geun (Mrs. Cop) como o diretor de TV Kang Hong-seok, e o fantástico ator de cinema Kim Hong-pa (Inside Man), como o congressista Jeong Tae-soo.

Graças aos deuses pude apagar a lembrança do detestável personagem encarnado por Jo Jae-yoon em Descendants of the Sun, com o divertido líder do esquadrão SWAT Han Ji-hoon. E, melhor ainda, é ver a simpática Lee Jeong-eun (Oh My Ghostess) como a policial Oh Ha-na, esposa de Han Ji-hoon.

Mas não basta um elenco espetacular, sem um bom roteiro. E Pied Piper tem um enredo sólido, que se desenvolve sem hesitações ou desvios, até sua conclusão impactante, quase apoteótica. Um drama recomendado para os espectadores viciados em adrenalina!

maio 06, 2016

The Assassination (filme, 2015)


País: Coréia do Sul
Gênero: Épico, Drama, Ação
Duração: 140 min.

Direção: Choi Dong-hoon
Roteiro: Choi Dong-hoon, Lee Gi-cheol

Elenco: Jeon Ji-hyeon, Ha Jeong-woo, Lee Jeong-jae, Jo Jin-woong, Oh Dal-soo, Lee Kyeong-yeong, Kim Hae-Sook.

Resumo

Estamos em plena ocupação japonesa da Coréia, no início do século XX. Um grupo da resistência coreana, exilado em Shanghai, planeja o atentado a um oficial do alto comando japonês, na capital Seul.

Comentário

À primeira vista, o enredo de The Assassination me pareceu um tanto batido, mas diretor e elenco acabaram impondo a necessidade de checar esta produção. E para minha agradável surpresa, o roteiro é tão ágil quanto original. Choi Dong-hoon já havia provado seu talento como cineasta, dirigindo e roteirizando o fantástico The Thieves, um sucesso de bilheteria, bem como este último projeto, The Assassination.

 O tema principal de The Assassination é uma missão suicida que visa atingir o comando japonês na Coréia ocupada do início do século XX. Mas então nos deparamos com personagens complexos, cheios de segredos, motivações ocultas, ou que simplesmente são envolvidos contra a vontade na luta pela liberdade de um país brutalmente ocupado. Sim, porque a ocupação japonesa deixou marcas até hoje não cicatrizadas na população coreana, memórias amargas de tempos de sofrimento sem fim na mão dos tiranos estrangeiros.

Nos anos trinta, membros da resistência coreana se escondiam na China. O ano é 1933, em Shanghai, quando o comando que formava o chamado governo coreano interino convoca um de seus agentes, Yeom Seok-jin (Lee Jeong-jae) para tirar da cadeia a franco-atiradora Ahn Ok-Yoon (Jeon Ji-hyeon). Junto com ela são resgatados dois de seus comparsas, Chu ‘Big Gun’ Sang-ok (Jo Jin-woong), um cínico traficante de armas, e Hwang Deok-Sam (Choi Deok-moon), um especialista em explosivos.

O trio de mercenários resiste à convocação patriótica de Yeom Seok-jin, mas entre apodrecer na cadeia e encarar uma missão suicida, eles ficam com a segunda alternativa. Sua missão é ir a Seul e matar o comandante japonês local (Shim Cheol-jong), e o empresário coreano Kang In-gook (Lee Kyeong-yeong), que vem lucrando há anos com a ocupação nipônica, traindo covardemente a pátria.

Mas as coisas esquentam ainda mais quando os chefes da resistência descobrem que um duplo espião vazou informações sobre o plano. Só que é tarde demais, pois o trio já partiu para Seul. A solução drástica é contratar terceiros para sabotar a missão, ou seja, matar Ahn Ok-Yoon e seus amigos. O serviço sujo fica a cargo do misterioso assassino de aluguel conhecido apenas como Hawaii Pistol (Ha Jung-woo), e seu parceiro, Old Man (Oh Dal-soo).

O cineasta Choi Dong-hoon deve ter muito boa fama com os atores coreanos, pois, repetindo a façanha do filme The Thieves, reuniu um elenco sensacional para The Assassination. Acho que Jeon Ji-hyeon encontrou um diretor que sabe como ninguém explorar seu talento como atriz. Em The Thieves, Jeon Ji-hyeon impressionou a todos, ao encarnar uma assaltante sensual e ousada... E em The Assassination ela consegue se superar, na pele de uma fora da lei, mas desta vez, com muito mais sensibilidade e complexidade, já que ela encara um desafio duplo (sem entrar em detalhes, para evitar spoilers!). E ela volta a encontrar o ator Ha Jeong-woo, seu marido no filme The Berlin File (2013), e, embora desta vez não haja tempo para romance, não dá para negar que eles formam um belo casal!

Ha Jeong-woo(The Client) está impecável (como sempre) no papel do sexy matador de aluguel Hawaii Pistol, mas há dois outros atores que roubam a cena: Lee Jeong-jae e Jo Jin-woong. Acho surpreendente que Lee Jeong-jae (The Face Reader), com todo o seu charme e carisma não se importe em interpretar personagens tão desprezíveis, mas, por outro lado, ele tem uma capacidade única de envolver e depois partir meu coração com toda a sua vilania. Jo Jin-woong (Signal), por outro lado, se apresenta como um frio mercenário, mas em poucas cenas nos faz torcer por ele, como se fosse o maior herói da estória.

Depois de um período de certo marasmo, o cinema coreano vem se renovando, e, felizmente, os filmes de ação vêm retomando seu espaço de direito nas bilheterias nacionais. Os filmes de ação (policial, thriller) coreanos se destacam pela qualidade e originalidade dos roteiros, e por isso mesmo é um prazer ver cineastas de talento como Choi Dong-hoon, ou Ryoo Seung-Wan (só para citar dois exemplos), produzindo grandes filmes, e tendo o reconhecimento merecido, tanto do público com da crítica.

Sempre é bom (embora seja tão raro) ver uma atriz ganhando um papel de destaque num filme de ação, e melhor ainda, com um personagem tão bonito, e com uma trama tão dramática e envolvente. Um filme imperdível, especialmente para o público feminino.
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