País:
Coréia do Sul
Gênero:
Fantasia, Romance
Duração:
16 episódios
Produção:
tvN
Direção:
Kim Cheol-kyu
Roteiro:
Jin Soo-wan
Elenco:
Yoo Ah-in, Lim Soo-jung, Ko Gyung-pyo, Kwak Si-yang, Cheon Ho-jin, Jo Woo-jin,
Yang Jin-sung, Jeon Su-kyeong, Jo Kyung-sook, Jeon Mi-sun, Choi Deok-moon.
Resumo
O
único prazer de Han Se-joo é isolar-se em sua mansão para escrever romances de
mistério. Mas sua tranquilidade acaba com a chegada de dois hóspedes
inconvenientes, a jovem Jeon Seol, que se declara sua maior fã, e o escritor misterioso
Yoo Jin-o. Uma velha máquina de escrever é a pista para descobrir o motivo
desta reunião especial.
Comentário
É
engraçado ver como certos canais de TV promovem muitos dramas com pompa e
circunstância, enquanto que outros são deixados à própria sorte. Um exemplo
claro é o carinho especial que a rede tvN teve na divulgação de Goblin, enquanto que houve uma preguiça
evidente em apoiar Chicago Tipewriter.
Não sejamos ingênuos, roteiristas celebridade como Kim Eun-sook geram uma
exposição e um lucro internacional inigualável, por mais que se critique dramas
fenômenos (leia-se medíocres) como The
Heirs, ou Descendants of the Sun.
Por outro lado, Jin Soo-wan é a autora de um dos maiores fenômenos de audiência
da história dos dramas, o épico romântico The
Moon That Embraces the Sun, e, portanto, merecia ter seu talento respeitado.
O fato é que seu mais recente projeto, Chicago
Tipewriter, teve uma audiência pequena (2,6% - média nacional total),
embora razoável para os níveis da TV a cabo. Considerando-se a fama já
mencionada da roteirista, a direção impecável, e o elenco maravilhoso, é
lamentável que o drama não tenha tido uma maior repercussão. De qualquer modo,
quem assistiu Chicago Tipewriter em
tempo real encantou-se com o drama. Se você curte a cultura coreana, têm
interesse pela rica história do país, e além do mais gosta de literatura e de
dramas românticos, Chicago Tipewriter
é simplesmente imperdível! Como o drama mistura romance, fantasia e épico, foi
muito acertado escolher o PD Kim Cheol-kyu, já que ele tem experiência tanto
com tramas históricas (Hwang Jin Yi),
como com melodramas românticos (On the Way to the Airport).
Fiquei
agradavelmente surpresa com a beleza poética do texto da roteirista Jin Soo-wan
(Kill Me, Heal Me)... Chicago Tipewriter é a estória de um
jovem escritor de bestsellers, que
vive como uma grande celebridade pop, com muitos fãs, mas poucos amigos. Han
Se-joo (Yoo Ah-in) é conhecido em seu país como o “Stephen King coreano” e,
como o famoso escritor norte-americano, desfruta de um imenso sucesso de
público, embora não seja considerado um escritor brilhante pelos especialistas
em literatura. Como toda celebridade, ele é um tanto paranoico, e mora sozinho
numa mansão, cercado apenas de um grupo restrito de serviçais. Sem contar as
saídas para promover os livros, ou assinar contratos de publicidade, Han Se-joo
passa o resto do tempo escrevendo seus romances policiais, recheados de
violência e terror. Apesar dos temas pesados de seus livros, o autor atrai
especialmente o público feminino adolescente, fascinado com sua beleza e aura
de mistério. Nem mesmo o irreverente corte de cabelos ao estilo militar de Han
Se-joo consegue despistar suas fãs ardorosas.
Han
Se-joo não sabe, mas sua maior (autodeclarada) fã, e também sua maior crítica,
é uma garota tão excêntrica quanto ele, chamada Jeon Seol. Jeon Seol (Lim
Soo-jung) tem um passado muito colorido, repleto de reviravoltas, digno dos
melhores romances. Ela teve muitas chances de ser bem sucedida na vida, mas,
estranhamente, fracassou em todas. Na juventude, Jeon Seol foi uma campeã de
tiro ao alvo, mas uma fobia inesperada a fez largar o esporte. Formada em
medicina veterinária, sofreu um novo trauma (sua confissão sobre o ocorrido é
comovente), e desistiu da profissão. Agora ela trabalha como uma espécie de
biscateira, fazendo entregas e outros pequenos serviços. Sua maior paixão é a
literatura, e apesar de admirar Han Se-joo, ela considera suas obras populares
um desperdício de talento. A chance de conhecer pessoalmente seu ídolo é
ínfima, e, sendo assim, é com grande prazer que ela dá de cara com ele ao
entregar uma encomenda em sua casa. Distraído com o aparecimento repentino de
um enorme cão peludo à sua porta, Han Se-joo não consegue evitar a entrada da
fã na mansão. Infelizmente Jeon Seol descobre que o charme do escritor se
limita à escrita, já que ele abomina a presença de estranhos em sua casa, e não
se impressiona nem um pouco com o entusiasmo de sua maior fã. Mais tarde, Han
Se-joo abre o grande pacote entregue por Jeon Seol, e fica feliz ao ver o
presente, vindo da América, uma bela máquina de escrever antiga, conhecida como
Chicago Tipewriter.
Quando
um fã, possuído por delírios psicóticos, invade a casa de Han Se-joo e ameaça
matá-lo, é a destemida Jeon Seol que salva a vida do escritor. Infelizmente, o
trauma bloqueia a mente de Han Se-joo, e ele não consegue mais escrever uma
linha, para desespero de seu editor, Gal Ji-seok (Jo Woo-jin, de Goblin). Com data marcada para o
lançamento do novo romance, o editor Gal sugere a Se-joo contratar um ghostwriter (autor que assume
secretamente o papel do original). Aí é que a estória começa a ficar
interessante, e a verdadeira personalidade de Se-joo começa a ser delineada. Ao
contrário do que se poderia imaginar, Se-joo recusa terminantemente a ideia do
seu editor, demonstrando não apenas seu orgulho, mas sua ética profissional e
pessoal. Apesar de viver uma vida luxuosa, Se-joo nem cogita a possibilidade de
enganar o público leitor, para manter a fama e a riqueza. O tempo passa, e seu
desespero é cada vez maior, ao sentar-se dia a dia diante da tela em branco do
computador. Até que certa manhã ele acorda e encontra um novo capítulo de seu
livro, escrito à moda antiga, na velha máquina de escrever Chicago. Confuso,
ele acha que provavelmente escreveu o texto sob efeito dos remédios... No dia
seguinte, de novo aparece a pequena pilha de folhas, com mais um episódio, e
ele começa a duvidar da própria sanidade, pois não se lembra de nada, embora
ache a estória escrita muito familiar. O mistério é (em parte) revelado quando
finalmente ele pega em flagrante o verdadeiro autor, sentado à sua mesa,
batendo à máquina. Se-joo fica furioso ao entender que seu editor contratou, à
sua revelia, um ghostwriter. O jovem,
vestindo um terno elegante, mas um tanto antiquando, apresenta-se como Yoo
Jin-o (Ko Gyung-pyo), e insiste em hospedar-se na casa de Se-joo.
Mas
onde se encontra a família de Han Se-joo? Antes de alcançar a fama, ele passou
por maus bocados. Com a morte da mãe (e sem conhecer o pai), Se-joo é
encontrado por um antigo amigo dela, abandonado à própria sorte. Seu salvador é
um escritor e intelectual famoso, Baek Do-ha (Cheon Ho-jin, de Six Flying Dragons), que o adota
informalmente. Acontece que Se-joo é hostilizado pela mulher do escritor, a
artista plástica Hong So-hee (Jo Kyung-sook, de All Kinds of Daughters-in-Law), no começo por ciúmes, e mais tarde,
por inveja do talento do rapaz. O filho do casal, Baek Tae-min (Kwak Si-yang,
de Second to Last Love), se apega a
Se-joo como a um irmão, até chegarem à idade adulta, e ele também tentar seguir
a carreira literária, mas sem o mesmo sucesso. Finalmente, uma amarga traição
por parte desta família desestruturada faz com que Han Se-joo saia de casa para
lutar sozinho por seus sonhos. E ele é muito bem sucedido, até que o destino o
reune com sua maior fã, Jeon Seol, e o misterioso Yoo Jin-o. Se, por um lado,
sua carreira entra em crise, ele descobre o quão solitária era sua vida antes
de conhecer os dois.
A
orfandade é um ponto em comum entre Han Se-joo e Jeon Seol, que foi abandonada
pela mãe na infância, mas foi criada com muito afeto pelo pai (participação
especial de Choi Deok-moon), até a sua morte prematura. Ao menos Jeon Seol teve
melhor sorte, ao ser acolhida por duas mulheres maravilhosas, a médium Wang
Bang-wool (Jeon Su-kyeong, de Divorce Lawyer in Love), e sua filha, Ma Bang-jin (Yang Jin-sung de Bride of the Century). Ma Bang-jin é a
irmã, amiga e confidente de Jeon Seol. A Sra. Wang sabe que Jeon Seol sofre,
desde criança, de visões assustadoras, e que este é o motivo de sua mãe
(participação especial de Jeon Mi-sun, de Lookout)
tê-la rejeitado.
Ao
reunir-se com os escritores Han Se-joo e Yoo Jin-o, Jeon Seol descobre que suas
visões não são delírios, mas lembranças nítidas de uma vida passada. Nos anos
30, em plena ocupação japonesa da Coréia, pequenos grupos reuniam-se para resistir
aos desmandos do inimigo. Sin Yool (Ko Gyung-pyo) é proprietário de um cabaré
chamado Carpe Diem, frequentado tanto pela elite, como por boêmios como o
escritor Seo Hwi-yeong (Yoo Ah-in). Ryoo Soo-hyeon (Lim Soo-jung) é a órfã
acolhida por Sin Yool, depois de ver seus pais serem mortos pelos soldados
japoneses. Quando ela descobre que o cabaré funciona como fachada para Sin Yool
e Seo Hwi-yeong planejarem a revolta contra os invasores, insiste em participar
do grupo. Juntos, os três irão arriscas suas vidas, na luta pela libertação de
seu país.
Muito
melhor do que o triângulo amoroso entre Yoo Ah-in, Lim Soo-jung e Ko Gyung-pyo,
é sua amizade profunda, que transcende tempo e espaço, e a magia que
proporciona seu reencontro. Não é por nada que Yoo Ah-in (Six Flying Dragons, The Throne) é considerado o grande ator de sua
geração. Invejado e admirado pelos colegas mais jovens, Yoo Ah-in é um ator
que, apesar de metódico na construção de seus personagens, conquista o
espectador por sua expressividade, e especialmente, por seu tom de voz profundo
e envolvente, sua melhor qualidade. Ao assistir a obra prima Six Flying Dragons, não me cansava de
admirar a capacidade dramática do jovem ator, e ficava sonhando em vê-lo nos
palcos, como um Hamlet muito sexy (suspiros). Por falar em Six Flying Dragons (SBS, 2015), foi eletrizante ver o reencontro de
Cheon Ho-jin e Yoo Ah-in, novamente como (quase) pai e filho.
Ninguém
melhor que uma atriz profissionalmente madura como Lim Soo-jung (Time Renegades, Happiness) para fazer par romântico
com Yoo Ah-in. É muito interessante a contradição entre seu olhar experiente, e
sua figura frágil e voz adolescente. Os dois personagens por ela interpretados
são tão complexos quanto fascinantes, especialmente Jeon Seol, um exemplo de
mulher de fibra, que apesar dos traumas pessoais, tem um coração repleto de
amor ao próximo. Um personagem lindo, que nos deixa muitos ensinamentos importantes
sobre a vida.
Ko
Gyung-pyo (Strongest Deliveryman, Answer Me 1988), apesar
de sua juventude e certa imaturidade como ator, consegue encarar bem o desafio
de contracenar com seus pares mais experiente. Sin Yool é um personagem muito
menos complexo, mas seu idealismo e sua paixão pelos amigos (menos do que pela
causa) é comovente, e Ko Gyung-pyo, com seu ar juvenil, e voz macia, foi a
escolha perfeita para o papel.
Admiro
demais a roteirista deste drama, por não ter feito concessões ao abordar um
tema tão delicado como a ocupação japonesa, e toda a crueldade a que foi
submetido o povo coreano durante mais de três décadas (1910-1945). E mais
ainda, por ter dado um desfecho tão bonito à estória, digno da grandeza de seus
protagonistas. Agradeço a ela por ter compartilhado conosco este conto de
amizade, heroísmo e de amor além da
vida...
Oi Sam,
ResponderExcluirEu acabei de ler sua resenha e fiquei muito feliz de perceber como (mais uma vez) nossas impressões são parecidas.
Comecei ver Chicago Typewriter justamente por ter uma certa afinidade com dramas pouco divulgados, aqueles que aparentemente não tem muito o que se esperar.E também por conta do protagonista Yoon Ah In, que me encantou em Jang Ok Jung. Ator realmente único.
Você citando acabo confirmando essa impressão estranha que tive sobre a divulgação de CT, que foi praticamente nula e começo a pensar que uma boa parte dos bons dramas que vi esse ano (leia-se Lookout, Túnel, Whisper) foram muito pouco divulgados infelizmente.
Olha cheguei ao fim do primeiro episódio de CT já encantada.Não é todo dia que encontramos um drama que logo de cara prenda, com protagonistas fortes, cheios de química e que mesmo sem entender muito te faça ter vontade de continuar....
A mistura de literatura, história, uma amizade que ultrapassou os limites da vida, o idealismo e o romance leve e despretesioso me pegaram forte mesmo. Me vi envolvida por cada um dos personagens e sentindo algo parecido com o que sentia nos meus primeiros meses de dorameira:empolgação, ansiedade, paixão. Impossível não amar esse escritor (que mesmo de cabelinho curto era um charme) cheio de mistérios, que ao primeiro olhar parece tão rabugento e estranho, mas que aos poucos se mostra bom, sensível e amoroso. Ah, que me perdoem as fãs do flower boy Ko Gyung Pyo, mas neste drama Yoon Ah In foi o cara. Seja no presente ou nas cenas da ambientação nos anos 30, ele foi perfeito. Em cada frase em cada sorriso ou olhar, na voz, em tudo ele foi excelente. Apesar de ser um protagonista com menos falas que o normal, conseguiu transmitir emoção em todas as cenas que atuou. Ai, perdi o foco...
Nosso flower boy como o fantasma perdido foi adorável, com seu frescor e jovialidade posso dizer que foi parte mais leve do drama e esperei sim que ele tivesse algo a mais com a amiga da protagonista (a noiva de Bride Of The Century) mas....
A atriz protagonista eu não conhecia e gostei muito ainda assim, do seu modo leve e intenso de interpretar dois personagens tão distintos. Amava vê-la cantando com voz tão delicada e meiga.
Posso dizer que, embora não seja conhecedora profunda da história da Coréia, me vi absorvida pela causa idealista dos três amigos, me senti meio ociosa politicamente, deu vontade de protestar, de brigar por direitos, de ter também um ideal mais forte do que só viver a minha vida, sem pensar muito nas outraa coisas...
CT foi aquele drama totalmente despretensioso que veio e fez história. Aqui também foi pouco visto e pouco falado e algums vezes eu me vi meio indignada com a falta de gosto das pessoas pelo que é bom.Dramas medíocres tem sucesso estrodonso, dramas que são obras de arte passam batido.
Chicago TypeWriter foi lindo, sensivel, inteligente, forte, denso, cult. Amor, amizade, idealismo, cultura, um romance gostoso, fotografia especial e osts lindíssimas e um final surpreendente, o que mais posso querer? Entrou para minha lista de dramas únicos e memoráveis. Simplesmente perfeito ❤️
Oi Patrícia,
Excluirobrigada pelo comentário, até me emocionei de novo ao lembrar de certos detalhes que vc destacou... Espero que os leitores emendem meu comentário no seu e, se não assistiram Chicago Tipewriter, deem uma chance a esta pérola...
E realmente, este foi o ano dos dramas subestimados - por que será? talvez seja a grande oferta de dramas e programas de variedade que tiram o foco dos espectadores - mas não há desculpa para ver agora os bons dramas do ano, como Tunnel, Lookout, ou Save Me.
bjs,
Sam.