agosto 04, 2017

Forest of Secrets (drama, 2017)




País: Coréia do Sul
Gênero: Suspense, Policial
Duração: 16 episódios
Produção: tvN

Direção: Ahn Gil-ho
Roteiro: Lee Soo-yeon

Elenco: Cho Seung-woo, Bae Doo-na, Yoo Jae-myung, Lee Joon-hyuk, Shin Hye-seon, Choi Byung-mo, Lee Kyu-hyung, Choi Jae-woong, Lee Kyeong-young, Yoon Se-ah, Lee Ho-jae, Seo Dong-won, Park Sung-geun, Jang Sung-bum, Park Yoo-na, Park Jin-woo, Jeon Bae-soo.

Resumo

O promotor de justiça Hwang Shi-Mok conhece a policial Han Yeo-Jin na cena de um crime, e os dois acabam envolvidos numa teia de corrupção nos altos escalões do governo.

Comentário

Dizem que nada de interessante pode sair ao ver um bando de homens de terno debatendo dentro de escritórios... Pois Forest of Secrets está aí para contrariar este pensamento. É bem verdade que Forest of Secrets está mais para drama policial, com pitadas de thriller, do que um drama político clássico. Poderíamos dizer ainda, que Forest of Secrets é tudo que Whisper (SBS, 2017) pretendeu ser, mas falhou, só para citar um drama recente do mesmo gênero.

O primeiro drama pré-produzido (filmagens de janeiro a maio de 2017) do canal tvN foi dirigido pelo PD Ahn Gil-ho (Rooftop Prince, Mrs. Cop) que, pese seu trabalho super competente, deve muito à direção de fotografia espetacular, e à edição exemplar. Para complementar, as trilhas incidental e musical dão emoção extra às imagens poderosas deste que pode ser o grande drama do ano.

Lee Soo-yeon, conhecida apenas por um trabalho anterior, o drama épicoThe Great Seer (SBS, 2012), surpreende com esta “tragédia grega” dos tempos modernos, Forest of Secrets. Precisamente como sugere o título dramático, a política é uma floresta de segredos, conspirações e negociatas, motivadas, obviamente, pela inesgotável ganância humana.

Em Forest of Secrets nós temos, basicamente, três núcleos de poder: a lei, representada pelos promotores de estado, a ordem, pela força policial, e as finanças, por meio dos grandes empresários, investidores e, como não poderia deixar de ser, os políticos.

A estória começa com um assassinato que, por sua brutalidade, parece indicar tratar-se de um crime passional, ou uma vingança pessoal. Mas este evento, trivial para a polícia, e de pouco interesse para a mídia, transforma-se em uma bola de neve, que vai destruir a vida de muitos, e arruinar a carreira de outros. Ao menos uma pessoa tem interesse nas atividades ilícitas do corretor assassinado, Park Moo-seong (Eom Hyo-seop, de The King Loves). O promotor Hwang Shi-mok (Cho Seung-woo, de The Sword With No Name, God´s Gift – 14 Days), por coincidência, é o primeiro a encontrar o corpo sem vida de Park Moo-seong, esfaqueado dentro de sua própria casa. A polícia logo enquadra o suposto culpado, e classifica o crime como latrocínio, mas o promotor Hwang começa a duvidar das provas apresentadas.

Quando a inspetora de polícia Han Yeo-jin (Bae Doo-na, de The Host, A Girl at My Door, Sense 8) conhece o promotor Hwang, fica chocada com sua frieza, sem contar com sua falta de traquejo social. Mas, apesar da primeira impressão negativa, ao ajudá-lo na investigação do crime, ela descobre que os dois têm ao menos uma coisa em comum, um inabalável senso de justiça. Mesmo antes de descobrir o motivo para o comportamento antissocial do promotor, ela confia intuitivamente em sua retidão moral. Não se sabe muito sobre o passado de Yeo-jin, mas fica claro que ela é uma profissional dedicada, e, acima de tudo, é uma pessoa generosa, especialmente com os fracos e oprimidos. Um exemplo é quando ela, espontaneamente, abriga em seu pequeno apartamento, a mãe de Park Moo-seong, uma idosa solitária, abalada com a morte inexplicável do filho. Não é dever de um policial cuidar dos familiares de uma vítima, mas este é um gesto natural para Han Yeo-jin. É bom demais ver Bae Doo-na, uma atriz veterana do cinema coreano, de volta à TV, e, ainda mais, num papel que faz justiça ao seu talento dramático.


Um gesto tão caridoso como o da policial certamente nunca passaria pela cabeça de Hwang Shi-mok, não porque ele seja uma má pessoa, mas pelo simples fato de não conseguir empatizar com outro ser humano. Depois de sofrer com distúrbios mentais graves durante a infância e início da adolescência, que lhe causavam dores de cabeça lancinantes, Hwang Shi-mok foi submetido a uma cirurgia radical, que lhe removeu parte do cérebro, e, consequentemente, lhe roubou a capacidade de sentir emoções profundas. Mas nada disso o impediu de tornar-se um profissional bem sucedido, muito pelo contrário. Quando um jornal publica a notícia bombástica relacionando o falecido corretor Park com a corrupção de funcionários públicos, o chefe da promotoria criminal, Lee Chang-joon (Yoo Jae-myung) escolhe o único promotor confiável do departamento para investigar o caso, Hwang Shi-mok. É uma situação desconfortável para qualquer pessoa, investigar os próprios colegas (ainda mais sob a suspeita de aceitar subornos), menos para Hwang Shi-mok, o único promotor com o caráter à prova de ambições materiais ou de poder.


Cho Seung-woo ‘veste’ o personagem Hwang Shi-mok com sensibilidade, mas acima de tudo, com a segurança digna de um grande ator acostumado a pisar em grandes palcos de teatro. Vejo-me, inconscientemente, analisando obsessivamente o rosto de Hwang Shi-mok, na busca de expressões que denunciem seus estados de ânimo. Vou fazendo anotações mentais de suas mudanças, assim como Han Yeo-jin, que rabisca desenhos das caretas de Shi-mok, como se ele fosse um personagem dos quadrinhos que ela tanto gosta. A cena crucial em que Shi-mok finalmente explode, é de partir o coração, e surpreende por acontecer no ambiente mais improvável possível.

O primeiro a cair na malha de Hwang Shi-mok é seu colega mais próximo, Seo Dong-jae (Lee Joon-hyuk), um jovem promotor que usa o poder do cargo para benefício próprio, enquanto bajula incansavelmente o chefe Lee Chang-joon. É com muito prazer que vemos Seo Dong-jae, que trata com tanto desprezo os colegas, não ser poupado pelos superiores, quando suas falcatruas são reveladas. No entanto, espantosamente, Seo Dong-jae não se entrega tão facilmente, o que o torna um dos personagens mais interessantes da trama, por sua capacidade inesgotável de reinventar-se. Quando eu pensava que o ator Lee Joon-hyuk (The City Hall, I Am Legend, The Spring Day of My Life) estaria, mais uma vez, desperdiçando seu charme em um papel menor, sou presenteada com uma atuação inesquecível. Não é que Seo Dong-jae seja um homem complexo, simplesmente nos custa a entender que ele é apenas um sobrevivente, que vive das migalhas do poder. A cada movimento de Seo Dong-jae, meu coração quase parava, temendo por sua segurança, mas especialmente a dos outros. Seu encontro com a promotora Young Eun-soo (Shin Hye-seon), num beco escuro, na calada da noite, é uma das cenas mais eletrizantes do drama... E pensando em retrospectiva, é uma espécie de presságio dos momentos sombrios que estão por vir.


Shin Hye-seon (Oh My Ghostess) também acerta em cheio no papel da promotora Young Eun-soo, uma jovem obcecada em restaurar a honra manchada de sua família. Seu pai, o ex-ministro da Justiça Young Il-jae (Lee Ho-jae, de Doctors), perdeu o cargo, ao ser acusado de receber propina. A única ambição da jovem Eun-soo é vingar os detratores do pai, e para isso, “gruda” no promotor Hwang Shi-mok, na tentativa de obter informações confidenciais sobre os casos de corrupção. Hwang Shi-mok, normalmente impassível, começa a demonstrar sinais de estresse com a obcessão da colega, ainda mais quando percebe que isso a expõe a um grande perigo. Pensando bem, nós, espectadores, somos muito parecidos com Hwang Shi-mok, a princípio indiferente com as pessoas que o cercam, mas aos poucos, conhecendo melhor cada uma delas, se envolvendo e se preocupando por seu bem estar.

O personagem mais enigmático do drama é o promotor chefe Lee Chang-joon, encarnado com maestria pelo carismático Yoo Jae-myung. É desconcertante como Yoo Jae-myung consegue tirar da cartola uma interpretação tão poderosa, depois de vir de papeis secundários muito mais leves e cômicos, como o pai submisso, em Strong Woman Do Bong-soon, ou o apresentador de TV egocêntrico, em Jealousy Incarnate. O promotor Lee Chang-joon é como uma torre sólida, confiável, mas cercada de uma névoa que não permite que se vejam os detalhes de perto. Quando Hwang Shi-mok finalmente consegue se aproximar da verdade, é com pesar que ele percebe tanto a grandeza quanto as falhas de caráter de Lee Chang-joon. O promotor chefe Lee Chang-joon é casado com a bela Lee Yeon-jae (Yoon Se-ah, de My Sassy Girl 2017), filha do empresário mais poderoso do país, Lee Yoon-beom (Lee Kyeong-young, de D-Day, Hidden Identity). A princípio Lee Chang-joon e o sogro parecem desfrutar de uma bem sucedida relação de simbiose do poder – enquanto ele passa informações privilegiadas para o sogro, este retribui com sua ascensão profissional meteórica. Aos poucos, no entanto, fica claro que há um desequilíbrio de forças, e o promotor parece mais um títere nas mãos do ganancioso empresário.


Quando Hwang Shi-mok começa a investigar a corrupção interna na promotoria, sua motivação secreta é descobrir quem está por trás do assassinato de Park Moo-seong, e da abdução de Kim Ga-young (Park Yoo-na), uma prostituta que se relacionava com homens poderosos. Assim, o promotor convoca um grupo de confiança, composto por seu casal de assistentes, Choi Young (Kim So-ra) e o Sr. Yang (Bae Hyo-won), a inspetora de polícia Han Yeo-jin e seu colega Jang Gun (Choi Jae-woong, de The Village: Achiara´s Secret), o ex-colega de escola Kim Jung-bom (Seo Dong-won, de Modern Farmer), além do promotor Yoon Se-won (Lee Kyu-hyung, de Goblin, Wise Prison Life). A pequena equipe se torna ainda mais unida, enquanto é hostilizada pelos colegas promotores e policiais, por realizar esta tarefa infame de auditoria interna. Quando o grupo se reúne para jantar, no terraço do apartamento de Han Yeo-jin, é um momento especial, único, antes da tempestade que se aproxima...

O enredo de Forest of Secrets não seria tão impactante se não fosse por estes pequenos detalhes – a amizade fugaz entre a equipe de Hwang Shi-mok, os flagrantes de solidão dos personagens, suas dúvidas, inseguranças e frustrações diárias...  Não é que Hwang Shi-mok seja o homem de lata do Mágico de Oz, - talvez ele seja uma representação, ou um símbolo, de toda a sociedade, insensível e impotente diante de tantas injustiças no mundo...

4 comentários:

  1. Perfeita essa resenha de Secret Forest! Eu simplesmente amei todos os personagens, dos íntegros aos calhordas. E ter uma segunda temporada seria sensacional.

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    1. Muito obrigada!

      e seria bom demais mesmo rever esta turma maravilhosa!

      abraços,
      Sam.

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  2. Gente amei a série. E que atores, amei.

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    1. Oi Rosi,

      é verdade, não tem como não se apaixonar pelo drama e seus personagens!

      abraços,
      Sam.

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