abril 10, 2018

The King of Dramas (drama, 2012)




País: Coréia do Sul
Duração: 18 episódios
Gênero: comédia, drama, romance
Produção: SBS TV

Direção: Hong Sung-chang
Roteiro: Jang Hang-jun, Lee Ji-hyo

Elenco: Kim Myung-min, Jung Ryeo-won, Choi Si-won, Oh Ji-eun, Jeong Man-sik, Kwon Hae-hyo, Seo Dong-won, Park Geun-hyung, Sung Byoung-sook.

Resumo

A estória da ascensão e queda do produtor de dramas Anthony Kim, que tenta resgatar sua fama com a ajuda da aspirante a roteirista Lee Go-eun.

Comentário

Poucos roteiristas ousaram retratar os bastidores dos famosos dramas coreanos, talvez por medo de desfazer as ilusões do público sobre o suposto mundo glamouroso das produções de TV. Apesar disso, podemos citar bons dramas que entraram no tema, seja com humor ácido, como The Producers (KBS, 2015), ou num tom mais melodramático, como On Air (SBS, 2008), ou ainda, Worlds Within (KBS, 2008), que ficou mais famoso pelo romance na vida real entre Hyun Bin e Song Hye-kyo, do que pela estória em si.


O roteiro de The King of Dramas, sem dúvida alguma, foi o mais honesto de todos ao abordar os dilemas envoltos na produção dos dramas (como são chamadas na Coréia as minisséries de ficção, com até no máximo 24 episódios de duração). Tudo graças ao olhar experiente de Jang Hang-jun, roteirista de cinema (A Hard Day), diretor (drama Sign) e marido da aclamada roteirista Kim Eun-hee (Sign, Phantom, Signal). O escritor, com visão crítica e humor irreverente, constrói uma comédia dos erros deliciosa! A sonhadora Lee Go-eun (Jung Ryeo-won) quer muito ser uma roteirista de sucesso, mas sem deixar de lado sua ética e sua honra pessoal. Mas não é nada fácil, em um ambiente competitivo como o da industria do entretenimento. E sua primeira grande decepção vem de seu encontro com o grande produtor Anthony Kim, um homem que não mede esforços para preservar seu poder. Mas o mundo dá voltas, e, três anos depois deste fatídico encontro, é Anthony Kim que precisa da ajuda de Lee Go-eun para voltar a produzir um drama de sucesso.

Kim Myung-min, na pele do vaidoso Anthony Kim e Jung Ryeo-won, como a aspirante a roteirista Lee Go-eun formam uma dupla inusitada, mas graças ao talento nato de ambos para a comédia, conquistam o coração do espectador. Kim Myung-min, este sim, merecia o título de rei dos dramas na vida real... Com mais dramas cultuados (White Tower, Bad Family, Beethoven Virus) do que grandes sucessos (Six Flying Dragons), ele é um ator incansável, sempre em busca de novos desafios. Seja no melodrama (Closer to Heaven), ou na comédia (Detective K), Kim Myung-min brilha em qualquer papel, sem nunca perder a elegância. Apesar de ser quase dez anos mais jovem que Kim Myung-min, a atriz Jung Ryeo-won (Witch at Court, Bubblegum) encara de igual para igual o colega, e não se deixa intimidar, mesmo nas cenas mais românticas do drama. Se os olhos de Jung Ryeo-won são sempre brilhantes e calorosos, os de Kim Myung-min são sempre risonhos, e, talvez por isso seja impossível não apaixonar-se por seus personagens, por mais prepotentes e vaidosos que sejam.

Pois, se foi muito fácil para o PD Hong Sung-chang (Kang-koo´s Story, Entertainer) conduzir este casal talentoso, pode-se cumprimentá-lo por dirigir com leveza e sentido agudo de humor (as piadas internas com a tirania dos diretores de dramas são maravilhosas) os demais atores. Choi Si-won (membro do grupo pop Super Junior, She Was Pretty, Revolutionary Love) está impagável (autorreferente?) como o ídolo pop Kang Hyun-min. Oh Ji-eun (Cheo Yong, Blow Breeze) encanta como a atriz Sung Min-ah, que sofre duplamente, ao tentar reconquistar seu antigo amor, Anthony Lee, e por ter de contracenar com o egocêntrico e canastrão Kang Hyun-min. Pena que uma atriz tão bonita e talentosa como Oh Ji-eun tenha sido tão mal aproveitada ao longo de sua curta e inexpressiva carreira.

A grande sacada do roteirista de King of Dramas é retratar as etapas da produção de um drama, - a escolha do roteiro, a busca de investidores, o elenco, a emissora, etc., - enquanto insere sutilmente os elementos básicos que compõe um drama clássico, na própria trama central. Uma forma engenhosa e criativa de tornar a brincadeira com a metalinguagem menos óbvia e maçante. King of Dramas não procura fazer denúncias impactantes sobre um meio sabidamente áspero, mas também não perdoa os vícios que o poder e a fama produzem. O que torna o drama palatável é a capacidade do roteirista em mostrar como esta fábrica de sonhos que é a TV envolve o sangue e o suor de tantas pessoas, e não apenas das celebridades que aparecem na telinha. Finalmente, King of Dramas é uma ode às mulheres e homens que produzem incansavelmente nossos tão adorados dramas.

Um comentário:

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