novembro 24, 2016

Incarnation of Jealousy (drama, 2016)




País: Coréia do Sul
Gênero: Comédia, Romance, Drama
Duração: 24 episódios
Produção: SBS

Direção: Park Shin-woo
Roteiro: Seo Sook-hyang

Elenco: Jo Jeong-seok, Kong Hyo-jin, Ko Kyeong-pyo, Lee Seong-jae, Lee Mi-sook, Park Ji-young, Seo Ji-hye, Kwon Hae-hyo, Kim Jung-hyun, Moon Ga-yeong, Jeong Sang-hoon, Kim Ye-won, Park Hwan-hee, Choi Hwa-jeong, Yoon Da-hoon.

Resumo

Pyo Na-ri é a garota do tempo que sofre por um amor não correspondido pelo repórter Lee Hwa-sin. Quando Hwa-sin volta ao país, depois de uma temporada como correspondente estrangeiro, descobre que seu melhor amigo, Ko Jeong-won, apaixonou-se por Na-ri.

Comentário (com muitos spoilers!)

Minha relação com Incarnation of Jealousy foi tão neurótica quanto de Hwa-sin e Na-ri – inicialmente, um sentimento de enfado e desprezo, uma pausa para tentar esquecer o caso, o retorno ao lar, uma curiosidade crescente, até a triunfante descoberta do amor! O prólogo confuso, com um excesso de personagens e subenredos, quase arruína o drama. Incarnation of Jealousy nunca estará no meu top 10 de dramas, mas certas cenas e episódios certamente podem ser classificados como memoráveis.

Seo Sook-hyang é roteirista de dois dramas fantásticos - The Lawyers of The Great Republic Korea, e Miss Korea – e uma grande decepção – o drama Pasta, que ainda assim ficou famoso pelo casal protagonista, Kong Hyo-jin e Lee Seon-kyeon. Como em Miss Korea, a roteirista consegue manipular muito bem um grupo variado e interessante de personagens secundários. O problema é que em Incarnation of Jealousy ela exagerou, e muito, na quantidade e, consequentemente, quase perdeu o controle da trama. É de estranhar-se que o PD Park Shin-woo (Ghost, Angel Eyes), e a própria emissora não tenham intervindo neste aspecto, já que uma redução no número de personagens ajudaria até mesmo na economia da produção – mas como estamos falando de uma grande (e muitas vezes caótica) emissora de TV, os excessos frequentemente são tolerados (quem não se lembra de desastres luxuosos como Doctor Stranger?).

Apesar de não aprovar resenhas com spoilers, vou abrir uma exceção com este drama, para tentar atingir o espectador que, como eu, ficou perplexo e insatisfeito com o início da trama. A roteirista teria sido muito mais feliz se, no primeiro episódio, optasse por apresentar os personagens principais, e só mais adiante, os secundários. A primeira impressão sobre o casal protagonista não poderia ser pior: Pyo Na-ri parece ser uma garota tola e inconveniente, e Lee Hwa-sin, um repórter medíocre e um misógino. Não temos a menor pista da relação entre os dois, e, por isso, é constrangedor ver Na-ri perseguindo Hwa-sin como uma fã obcecada, e ele a tratando com igual desrespeito. O mesmo se repete com os personagens secundários, descritos como um bando de neuróticos fora de controle. Seria muito mais fácil enganchar o púbico com algumas pistas sobre as verdadeiras motivações dos personagens. Pyo Na-ri (Kong Hyo-jin, de It´s Ok, This is Love) é uma jovem órfã, que batalha muito para sustentar o irmão adolescente, Chi-yeol (Kim Jung-hyun). Ela é contratada como apresentadora do tempo em uma grande rede de TV. É um cargo mal pago, e pouco valorizado. Mesmo assim, Na-ri, otimista por natureza, sonha em um dia conseguir uma promoção à âncora de notícias. Na-ri se apaixona loucamente pelo repórter estrela do canal, Lee Hwa-sin (Jo Jeong-seok, de Oh My Ghostess). Vaidoso, Hwa-sin não tem o mínimo interesse em envolver-se com uma mera garota do tempo. A paixonite de Na-ri é cortada pela raiz quando Hwa-sin é transferido para a Tailândia, como correspondente estrangeiro. Para descobrir todos estes fatos relevantes sobre o casal protagonista o espectador terá de munir-se de paciência por muitos episódios – finalmente, é um alívio ver que eles não são más pessoas, apenas dois jovens imaturos, embora, a bem da verdade, meio ‘sem noção’!

Pyo Na-ri reencontra seu primeiro amor numa missão à Tailândia, mas no caminho conhece um homem muito interessante, o empresário Ko Jeong-won (Ko Kyeong-pyo, de Answer Me 1988). Jovem, alto, e muito rico, Jeong-won é o oposto de seu amigo de juventude, Lee Hwa-sin. Jeong-won sente-se atraído pela personalidade espontânea e calorosa de Na-ri. Na-ri, por sua vez, fica envaidecida e animada com as atenções do jovem milionário sobre ela. Enquanto isso, Hwa-sin decide voltar à Seul, para concorrer a uma vaga de âncora de notícias. Incomodado com o flerte entre seu melhor amigo e Na-ri, Hwa-sin começa a questionar seus sentimentos sobre ela. E, infelizmente, descobre que o assédio de Na-ri, que ficava tocando seu peito cada vez que o encontrava, tinha seus motivos. A mãe e a avó de Na-ri morreram de câncer de mama, e por isso, a jovem preocupa-se, com razão, com a possibilidade de também vir a sofrer da doença. Ao tocar no peito de Hwa-sin, ela percebe um pequeno caroço estranho, e incomoda o repórter, até convencê-lo a fazer um exame preventivo. Quando o resultado é positivo, Na-ri transforma-se no único apoio de Hwa-sin no tratamento da doença. Apesar do tema dramático, neste ponto o drama lida com a situação de fora muito delicada, e surpreendentemente cômica. O alerta especial aos homens é raro, e muito bem vindo!

Passado o espanto e a dor de cabeça com a profusão de personagens secundários, os subenredos vão se acomodando, e vamos conhecendo melhor e nos envolvendo com cada um deles. Alguns personagens são tão encantadores, que nos ressentimos por eles acabarem meio esquecidos, pela falta de tempo e espaço para que suas estórias sejam contadas. A princípio achei que 24 episódios eram um exagero, mas, no final das contas, para desenvolver com generosidade todas as microestórias, o drama poderia tranquilamente ter 50 capítulos. Estou certa de que muita gente gostaria de saber mais sobre a relação de amizade (e o triângulo amoroso) entre Lee Pal-gang (Moon Ga-yeong), filha de Seong-sook, e sobrinha de Hwa-sin, e seus colegas, Oh Dae-goo (An Woo-yeon), e Pyo Chi-yeol (o ator revelação Kim Jung-hyun).

As atrizes veteranas e charmosas, Lee Mi-sook (Miss Korea) e Park Ji-young (Scarlet Heart Ryeo), roubam a cena, e quase mereciam um spin off do drama, como as ex-esposas de Lee Joong-sin (participação especial de Yoon Da-hoon), irmão de Hwa-sin. A princípio arqui-inimigas, e mais tarde grandes companheiras, as jornalistas Gye Seong-sook e Bang Ja-yeong são de longe a melhor surpresa do drama. Seu triângulo amoroso com o cozinheiro Kim Rak (Lee Seong-jae), e suas birras com o chefe Oh Jong-hwan (o sempre simpático Kwon Hae-hyo) são impagáveis, embora nem sempre seja um mérito que personagens secundários tirem o foco dos protagonistas.

Mas a lista não acaba por aqui, pois há muitos outros personagens secundários, que, por incrível, que pareça, tem espaço o bastante para serem lembrados, como a bela jornalista Hong Hye-won (Seo Ji-hye), o PD Choi Dong-gi (Jeong Sang-hoon), as colegas de Na-ri, Na Joo-hee (Kim Ye-won) e Geum Soo-jeong (Park Hwan-hee), Kim Tae-ra (Choi Hwa-jeong), a mãe de Jeong-won, ou ainda a divertida médica Geum Seok-ho (Bae Hye-seon).

E que ainda assim sobre tempo para curtir o intenso romance de Na-ri e Hwa-sin, é um verdadeiro milagre. A atriz Kong Hyo-jin encontrou na calorosa Na-ri, seu papel mais encantador até o momento, e na parceria com Jo Jeong-seok, o melhor e mais sensual par romântico. Jo Jeong-seok por sua vez, aproveitou para demonstrar todas as suas habilidades como ator -, do canto, à dança, - da comédia de pastelão, à tragédia pura. Foi como ver uma maratona de atuação, estrelada por Jo Jeong-seok, na qual ele foi o único participante, e o grande vencedor.

novembro 18, 2016

Melhores Dramas Coreanos de 2016 (Parte 1)




Já podemos afirmar que 2016 foi um ano excepcionalmente feliz para os fãs dos dramas coreanos. Apesar de alguns gêneros estarem em baixa – os dramas médicos e os suspenses estiveram praticamente ausentes – o romance, a comédia e os dramas familiares foram os que mais se destacaram. Foi muito bom contar com a presença de grandes atores do teatro e do cinema coreanos, mas também nos surpreendemos com os novos talentos.  Aliás, os dramas épicos foram os que mais privilegiaram os jovens atores... Scarlet Hear Ryo, Mirror of the Witch, e Moonlight Drawn By Clouds foram dramas que serviram de vitrine para uma nova leva de protagonistas na TV coreana. Park Bo-geom, Kang Ha-neul, Nam Joo-hyeok, Kim Sae-ron, Jin Young são alguns dos nomes a prestar atenção no futuro próximo.Esta é a primeira parte da lista dos dramas mais importantes do segundo semestre de 2016:


Moonlight Drawn by Clouds (ou Love in the Moonlight) (KBS2, 18 episódios)

Baseado no webtoon Moonlight Drawn by Clouds (roteirista: Yoon Yi-soo, ilustrador: kk), e adaptado para a TV por Kim Min-jeong  e Lim Ye-jin, coroteiristas de Who Are You: School 2015, e dirigido por Kim Seong-yoon (Discovery of Romance, BIG).

Com um pano de fundo histórico, Moonlight Drawn by Clouds é uma versão romantizada do reinado de Soonjo (Era Joseon). Park Bo-geom (Answer Me 1988, I Remember You), é o príncipe herdeiro Lee Young (Hyomyeong), um jovem desiludido com o poder, em meio a uma existência tediosa, isolado do mundo pelos muros do palácio real. Tudo muda quando um novo eunuco, com aparência delicada, mas gênio indomável conquista o coração do príncipe. Não demora muito para que se espalhem pelo palácio boatos maliciosos sobre a amizade íntima entre o belo príncipe e seu eunuco. O próprio Lee Young começa a questionar a verdadeira natureza de seus sentimentos pelo pequeno servo. Kim You-jeong (Angry Mom), é Hong Ra-on, uma órfã plebeia, mas letrada, que consegue infiltrar-se no palácio disfarçada de eunuco.

Apesar do argumento nada original (ver mais), Moonlight Drawn by Clouds tem a seu favor um elenco jovem de talento inegável. É impossível não se deixar seduzir pela beleza etérea dos protagonistas desta trama épica um tanto açucarada, mas transbordante de emoções sinceras, e ideais nobres. Park Bo-geom, em seu primeiro desafio como protagonista absoluto, admiravelmente, consegue evitar cair no estereótipo do príncipe encantado, ao imprimir ao personagem uma carga emocional e uma fragilidade comovedoramente reais. Park Bo-geom teve a sorte de contracenar com Kim You-jeong, adolescente, mas já veterana atriz de cinema e TV... Mas foi o PD Kim Seong-yoon que teve sensibilidade o bastante para deixar que o ator superasse sua insegurança inicial, e se sentisse plenamente confortável na pele do príncipe Lee Young. Por sinal, este é um exemplo de drama onde o talento e a experiência do diretor tem uma influência direta e construtiva sobre um roteiro nada brilhante, onde o carisma dos personagens é a salvação para um enredo muito deficiente. A verdade é que Moonlight Drawn by Clouds é um épico romântico agradabilíssimo, para quem gosta do gênero, e vai ficar na história como o drama que consolidou Park Bo-geom como um dos grandes atores de sua geração.

Para não dizer que não falei dos demais “flower boys” do drama, tenho de reconhecer que Jin Young (Warm and Cozy) e Kwak Dong-yeon (Modern Farmer) contribuíram muito para tornar Moonlight Drawn by Clouds um drama muito mais interessante. Fiquei surpresa com o talento do cantor pop Jin Young, que, com tão pouca experiência como ator, está tão seguro no papel do nobre Kim Yoon-Sung, neto do grande vilão do drama, o ministro Kim Hun, interpretado pelo grande ator Cheon Ho-jin (Six Flying Dragons). Quanto a Kwak Dong-yeon, confesso que me apaixonei por seu personagem, o misterioso guarda-costas Kim Byung-Yeon. Se os produtores do drama tivessem um pouco de sensibilidade, pensariam em produzir um spin-off com este personagem, estou certa de que seria um grande sucesso!


Moon Lovers: Scarlet Heart Ryeo (SBS, 20 episódios)

Baseado do romance Bu Bu Jing Xin (2005) de Tong Hua, e no drama Scarlet Heart (China, HBS, 2011), Moon Lovers: Scarlet Heart Ryeo é um drama coreano pré-produzido – as filmagens foram de janeiro a junho de 2016, e a estreia, em agosto do mesmo ano. O PD Kim Kyoo-tae é conhecido por seu cuidado especial com a fotografia nos dramas (That Winter, The Wind Blows, It´s Ok This is Love), e não foi diferente com Moon Lovers – a estética visual do drama é um espetáculo a parte. Já o roteiro, adaptado do romance chinês pela escritora Jo Yoon-young (Cinderella Man) deixa muito a desejar... Não conheço a obra original, mas um drama épico, por mais fantasiado e romantizado que seja, precisa de um roteirista com certa experiência no gênero, especialmente para lidar com as relações políticas, as intrigas palacianas, e as cenas de ação, imprescindíveis em um bom sageuk. A roteirista Kim Yi-young teve o mesmo problema ao decepcionar com seu primeiro épico, Hwajung.

Visualmente, Moon Lovers é um drama maravilhoso, com uma fila de príncipes de sonho, e paisagens de tirar o fôlego... O elenco foi escolhido a dedo para agradar ao público feminino. É impossível ficar imune à beleza e juventude do elenco masculino, com seus cabelos longos, seus trajes luxuosos, emoldurados por aposentos reais forrados a vermelho e ouro. E como numa boy band, cada espectadora pode escolher seu príncipe favorito, e não faltaram discussões acaloradas sobre quem merecia conquistar o coração da heroína do drama, Hae-soo (cantora e atriz Lee Ji-eun). Gostos à parte, o pôster do drama deixa claro quem é o grande protagonista: Lee Joon-ki. E o ator, apesar da aparência física fragilizada por uma magreza excessiva (orientada pelo diretor do drama para que Joon-ki parecesse mais jovem), não decepciona no papel do 4º príncipe, Wang So. Lee Joon-ki sente-se tão confortável habitando os épicos, que poderia viajar no tempo, como Hae-soo, e viver muito bem, como um nobre ou um guerreiro. Kang Ha-neul (Misaeng), por outro lado, encara seu primeiro personagem épico em um drama (sem contar o filme Battlefield Heroes, de 2011), e interpreta com sensibilidade inigualável o 8º príncipe Wang Wook. Os demais príncipes também têm seus encantos individuais – impressiona a evolução de Hong Jong-hyeon (Dating Agency: Cyrano) como ator, no papel do degenerado 3º príncipe Wang Yo – Ji Soo (Fantastic) é energia e carisma puros na pele do heroico príncipe Wang Jeong – e, finalmente, meu príncipe favorito, em termos de caráter, o 13º príncipe Baek Ha, interpretado com encanto e sabedoria por Nam Joo-hyeok (Cheese in the Trap). Com uma evolução melodramática e arrastada, Moon Lovers tem a audácia de propor ao espectador um dos desfechos mais insensíveis e descuidados de todos os tempos. Os fãs de Lee Joon-ki e companhia não mereciam tal desfeita!


Fantastic (jTBC, 16 episódios)

Fantastic me fez lembrar aquelas comédias românticas clássicas do cinema norte-americano. Com um par romântico belíssimo e com grande timing para a comédia, Fantastic surpreende por conseguir abordar um tema difícil como o câncer, com equilíbrio e otimismo. A roteirista Lee Seong-eun (Sad Love Story) merece elogios por escrever uma estória de amor adulto com realismo, mas ao mesmo tempo com uma pitada saudável de humor. O PD Jo Nam-gook tem uma mão meio pesada para o romance – ele se sai melhor dirigindo dramas de ação, como Last (2015), ou The Chaser (2012). Apesar disso, o elenco se sai muito bem, com destaque para o casal protagonista, Kim Hyeon-joo e Joo Sang-wook. Kim Hyeon-joo é uma atriz incrível, que, inexplicavelmente, teve por tempo demais sua carreira colada aos makjang (os melodramas longos de fim de semana). Felizmente, o sucesso do drama This is Family (2014) despertou a curiosidade do público por esta atriz maravilhosa. Em Fantastic ela é Lee So-hye, uma roteirista de sucesso, que reencontra o grande amor de sua vida, mas, tragicamente, descobre que pode ter pouco tempo de vida.

Joo Sang-wook é um ator que vem trabalhando incansavelmente, em dramas e no cinema, já tendo provado seu talento para interpretar papeis em todos os gêneros, do policial (TEN) à comédia (Sly and Single Again). Joo Sang-wook está simplesmente impagável no papel de Ryoo Hae-seong, um ator muito famoso, mas um grande canastrão. Ele encontra sua alma gêmea na roteirista de dramas de ação, Lee So-hye, uma mulher de temperamento forte, mas de coração leve. Outro ponto alto do drama é a bela amizade entre Lee So-hye, Baek Seol (Park Si-yeon) e Jo Mi-seon (Kim Jae-hwa). As três são amigas desde a adolescência, mas com tempo (casamento, filhos) acabam se afastando um pouco. Com a doença de Soo-hye e a crise no casamento de Baek Seol, elas ficam mais unidas do que nunca. Park Si-yeon (Nice Guy), mais conhecida por interpretar mulheres sedutoras, surpreende como uma dona de casa submissa, que, finalmente, se rebela contra os maus tratos do marido.


Shopping King Louis (MBC, 16 episódios)

Uma comédia romântica deliciosamente ingênua, Shopping King Louis é uma boa oportunidade para fugir sem culpa dos problemas da vida real. Seo In-guk é Kang Ji-seong, apelidado carinhosamente de Louis, um chaebol que mora longe da família coreana, em um palácio europeu. Os pais de Louis morreram quando ele era criança, e sua avó, por medo de perder o único neto e herdeiro, mantém o rapaz isolado do mundo, tendo como fiel escudeiro o mordomo Kim Ho-joon (Eom Hyo-seob). A única diversão de Louis é gastar sua fortuna, e ele se torna um comprador compulsivo de artigos de luxo. Quando a avó adoece, Louis volta imediatamente à Seul, mas sofre um acidente de carro, e é declarado morto pela polícia. O que a família de Louis não sabe é que ele foi assaltado no caminho entre o aeroporto e a cidade, e não estava na cena do acidente. Enquanto isso, Go Bok-sil (Nam Ji-hyeon), uma jovem caipira vem à Seul em busca do irmão mais novo, Bok-nam, que fugiu de casa. Ela encontra Louis sentado nas escadarias da estação rodoviária, sujo, faminto, e completamente amnésico. O que chama a atenção de Bok-sil é que Louis está vestindo o abrigo que pertencia ao seu irmão desaparecido. Como Louis é a única pista para encontrar Bok-nam, ela resolve cuidar dele até que sua memória volte. Bok-sil tem a sorte de conhecer Cha Joong-won (Yoon Sang-hyeon, de Secret Garden) o diretor de uma empresa de vendas online, que a contrata como estagiária. Sem memória, mas habituado a ser tratado como um príncipe, Louis manda e desmanda na pobre Bok-sil (e em quem mais cruzar seu caminho), que trabalha como uma louca para sustentar o rapaz. Nam Ji-hyeon (This is Family), com sua simpatia contagiante, e Seo In-guk, com seu ar juvenil, formam um par romântico que é pura doçura! Um drama perfeito para dar boas risadas, e curtir mais uma grande atuação de Seo In-guk (que até nos dá a honra de ouvir sua bela voz, cantando ao piano). Shopping King Louis é dirigido por Lee Sang-yeob-I (Mister Baek), e a roteirista é a novata Oh Ji-young.


Woman With a Suitcase (MBC, 16 episódios)

O PD Kwon Seok-jang (Ex-Girlfriend Club, Miss Korea, Golden Time) tem dramas excelentes em seu currículo, mas em Woman With a Suitcase o destaque vai para o roteiro de Kwon Eum-mi (Gap Dong, Royal Family), que cria uma trama muito interessante que mescla suspense, drama legal e comédia romântica. É verdade que o drama sofre uma pequena dispersão no ponto central da trama, mas no episódio 11 a estória ganha novo fôlego, e as pontas soltas da estória são amarradas satisfatoriamente. Choi Ji-woo, mais conhecida como a musa dos melodramas românticos (Winter Sonata, Stairway to Heaven), com a maturidade, tem explorado com sucesso sua veia cômica, como em Can´t Lose (2011), Twenty Again (2015), ou no filme Like for Likes (2015). Em Woman With a Suitcase ela é Cha Geum-joo, uma assistente legal que entende mais de leis que seus superiores advogados. Apesar de ter se formado em direito, Geum-joo falhou em várias tentativas de passar no exame de ordem, e acabou conformando-se em ser apenas uma assistente. Mas sua vida sofre uma grande reviravolta, ao conhecer o ex-promotor Ham Bok-geo (Joo Jin-mo, de Gabi, My Love Eun-dong). Depois de ser derrotado em um caso rumoroso de prostituição envolvendo adolescentes e empresários poderosos, Ham Bok-geo deixa a advocacia de lado e abre um negócio muito diferente, uma revista de fofocas de celebridades.

Jeon Hye-bin (Oh Hae Young Again) é a advogada Park Hye-joo, irmã de Cha Geum-joo. Apesar de Geum-joo ter feito muitos sacrifícios ao longo da vida para sustentar a irmã mais nova, Hye-bin não consegue livrar-se de um sentimento de inferioridade, e uma inveja doentia pela capacidade profissional superior da irmã. Ao aceitar um emprego no escritório do inescrupuloso advogado Lee Dong-soo (Jang Hyeon-seong, de Mrs Cop 2), Hye-bin faz uma escolha amarga pelo lado mais obscuro da lei.

Lee Joon é o advogado idealista Ma Seok-woo, que encontra em Cha Geum-joo a parceira ideal para defender grandes causas legais, para um bem maior. Depois de ter encarnado um psicopata perigoso Gap Dong, ele repete a parceria com a escritora Kwon Eum-mi, para interpretar um personagem muito diferente, um rapaz meigo, mas corajoso, que sofre com uma paixão não correspondida pela determinada Geum-joo.


Second to Last Love (SBS, 20 episódios)

Remake do drama japonês Second to Last Love (Fuji TV, 2012), dirigido por Choi Yeong-hoon (High Society) e adaptado por Choi Yoon-jung (Mister Baek) e Lee Hee-myeong (BeautifulGong Shim).

Kim Hee-ae (Mrs Cop) é Kang Min-joo, uma produtora de dramas de TV, que optou pelo celibato depois de perder o noivo em um trágico acidente. Aos 40 anos, Min-joo começa a questionar-se sobre suas escolhas profissionais e pessoais. Estressada com a pressão do trabalho, ela resolve se mudar para o subúrbio, e aluga uma pequena casa no campo. Seu novo vizinho é Ko Sang-sik (Ji Jin-hee, He Who Can´t Marry), funcionário público, viúvo, que se dedica obcecadamente ao trabalho e a família. Juntos, os dois irão repensar suas prioridades de vida, e sonharão com a possibilidade de um amor maduro.

Second to Last Love é um drama romântico muito agradável, mas que peca por insistir em artifícios mais comuns aos melodramas de fim de semana, como dar espaço a personagens secundários insossos, ou adiar infinitamente a revelação de segredos nem tão importantes assim. É nos encontros românticos do casal protagonista, e em suas meditações solitárias sobre a vida, que o drama cresce, e emociona sinceramente. Kwak Si-yang (Mirror of the Witch)e Kim Seul-gi (Oh My Ghostess) formam o casal secundário, simpático, mas totalmente desperdiçado, em meio a tramas paralelas confusas e – francamente – a relação fraternal entre os dois era muito mais crível do que a romântica, forçada e até mesmo constrangedora. Para ser sincera, ficará na minha lembrança o beijo espetacular de Kwak Si-yang em Kim Hee-ae.


On the Way to the Airport (KBS, 16 episódios)

Esta foi a grande temporada dos dramas românticos adultos, o que não deixa de ser uma ótima notícia, já que o gênero andava colado aos makjang, e não é todo mundo que tem tempo ou paciência para acompanhar dramas longos. Se On the Way to the Airport tivesse sido produzido como um filme, estou certa de que faria um grande sucesso. É natural perceber a qualidade cinematográfica do roteiro, já que foi escrito por Lee Sook-yeon, conhecida por filmes clássicos como April Snow, Happiness, ou The Sword With No Name. Lee Sook-yeon traz para a TV seu talento impressionante para tratar as relações sentimentais com sensibilidade e realismo. Em On the Way to the Airport (como em April Snow), somos colocados na posição de voyeur, para testemunhar intimamente a profunda solidão emocional dos personagens, e sua jornada atribulada, mas recompensadora. O PD Kim Cheol-gyoo (My Beautiful Bride), através de imagens luminosas, e criaturas que caminham parecendo pisar em nuvens, traduz com perfeição os momentos em que as palavras dos personagens importam menos do que seus gestos e olhares.

É divertido ver o reencontro de Lee Sang-yoon e Sin Seong-rok (Liar Game), mais uma vez como grandes rivais, só que desta vez num triângulo amoroso. Lee Sang-yoon não perde seu charme matador, mesmo interpretando um perfeito pai de família. Sin Seong-rok está fantástico, como marido egocêntrico e pai insensível, provocando no espectador um misto de desprezo e perplexidade – a lamentar que a personalidade complexa do personagem não tenha sido mais bem explorada. Kim Ha-neul (A Gentleman´s Dignity), com sua beleza etérea, encarna magnificamente a esposa e mãe abnegada, cujo destino lhe oferece uma segunda chance de ser feliz. Assista o drama, e depois curta a trilha sonora, tão impecável como todo o resto da produção.

novembro 09, 2016

Go-ho´s Starry Night (drama, 2016)




País: Coréia do Sul/China
Gênero: Romance, Web Drama
Duração: 20 episódios
Produção: Sohu TV (China), Kim Jong Hyuk Studio (SK)

Direção: Jo Soo-won, Kim Young-Hwan
Roteiro: Sin Yoo-dam

Elenco: Kwon Yoo-ri, Kim Yeong-kwang, Lee Ji-hoon, Sin Jae-ha, Choi Deok-moon, Kang Rae-yeon, Kim Ji-hoon, Hwang Young-hee, Jang Seong-won.

Resumo

Go-ho´s Starry Night é a estória de uma publicitária que luta para ter sucesso no trabalho, e para encontrar o amor.

Comentário

As produtoras de TV asiáticas tiveram a ideia genial de gerar uma programação especialmente voltada para a web, tendo como alvo o público jovem, mais ligado nos smartphones do que na TV. E a qualidade do produto vem crescendo a tal ponto que as grandes redes de TV têm adquirido os direitos de transmissão das produtoras coreanas e chinesas. A verdade é que a qualidade dos web dramas oscila muito, tanto em termos de elenco como de roteiro. No entanto, felizmente, as produções estão cada vez mais caprichadas, e dramas como Go-ho´s Starry Night conseguem até mesmo superar a concorrência dos dramas tradicionais. Go-ho´s Starry Night é um web drama de 20 episódios (cada capítulo com 15 min. de duração), uma coprodução China/Coréia do Sul. O drama foi veiculado posteriormente pela rede SBS, como um mini-drama de 4 episódios.

O jovem roteirista Sin Yoo-dam (High-end Crush/web drama, 2015) teve o apoio de luxo do experiente PD Jo Soo-won (Pinocchio, The Time I Loved You, I Hear Your Voice), e de um elenco muito atraente, liderado pela atriz e cantora Kwon Yoo-ri (Girls´Generation) e pelo ator Kim Yeong-kwang. Com uma temática contemporânea, romântica e divertida, o roteirista Sin surpreende por abordar com simpatia e honestidade os conflitos e angústias pessoais desta nova geração de 20 e poucos anos.

Kwon Yoo-ri (Neighborhood Hero, No-Breath), é Go-ho, uma mulher de 29 anos, que trabalha em uma agência publicitária. Go-ho é uma profissional dedicada, mas ela é desafiada a provar seu talento a cada dia, para os colegas, os clientes e, especialmente, para o chefe de equipe Kang Tae-ho. Kim Yeong-kwang (The Man in My House, D-Day, Pinocchio, Plus Nine Boys) é o tal chefe durão Kang Tae-ho, por quem Go-ho nutre sentimentos contraditórios... Por um lado, ela idolatra o rapaz como o mestre que a ensinou o “caminho das pedras” na profissão, mas, por outro, ela se sente muitas vezes sufocada pelo perfeccionismo exacerbado de Tae-ho.

Mas as coisas irão se complicar ainda mais quando a agência contrata um novo diretor de equipe, Hwang Ji-hoon. Lee Ji-hoon (Mirror of the Witch) é Hwang Ji-hoon, um jovem publicitário talentoso, e ex-noivo de Go-ho. Go-ho fica perplexa ao reencontrar o homem que a abandonou praticamente no altar, sem dar maiores explicações. Ter como chefe Hwang Ji-hoon é muito pior do que suportar os maltratos de Kang Tae-ho. Para garantir uma renda extra, Go-ho começa a escrever uma coluna numa revista feminina online, dissecando os vários perfis masculinos modernos, inspirada nos colegas de escritório. A coluna faz o maior sucesso e, ao usar um pseudônimo, Go-ho pode extravasar com tranquilidade suas frustrações com o sexo oposto.

Dividida entre o chefe sexy, mas carrasco, e o ex-namorado, Go-ho ainda tem de lidar com o assédio do colega mais jovem Oh Jeong-min (Sin Jae-ha, de Page Turner, Wanted). Go-ho só encontra consolo na companhia do diretor geral Choi Chang-sub (o sempre simpático Choi Deok-moon, de Age of Youth), sempre disposto a dar conselhos inteligentes, e a pagar refeições deliciosas à ela. Lee Hee-yeon, colega e confidente (Kang Rae-yeon, The Time I Loved You), é a melhor companhia nas baladas, e nas fofocas de trabalho.

É difícl para Go-ho contar com a família nos momentos de crise pessoal, já que sua mãe (Hwang Young-hee, de Shopping King Louie) está mais preocupada com o futuro profissional do filho mais velho (Jang Seong-won, irmão da atriz Jang Na-ra), Go Gang. Go Gang (referência divertida a Paul Gauguin, amigo pintor de Van Gogh) é aquele cara que não sai da casa dos pais, enquanto finge estudar para um concurso para juiz (sátira recorrente nos dramas coreanos).

Kwon Yoo-ri é uma atriz pouco experiente, mas muito intuitiva, e graças a sua feminilidade e simpatia, interage com naturalidade com o todo e elenco masculino. Destaca-se é claro, o delicioso par romântico com Kim Yeong-kwang, um ator que tem escolhido, por sorte, ou não, muito bem seus projetos de TV. Go-ho´s Starry Night é um drama que surpreende pela leveza, bom humor, e até mesmo certa irreverência do roteiro. Boa sacada do roteirista Sin, com a referência romântica a Van Gogh, e sua famosa obra “Noite Estrelada”.
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