País:
Coréia do Sul
Gênero:
Épico, Drama
Duração:
48 episódios
Produção:
SBS TV
Direção:
Shin Kyung-soo
Roteiro:
Jung Hyun-min
Elenco:
Cho Jung-seok, Yoon Si-yoon, Han Ye-ri, Choi Moo-sung, Park Hyuk-kwon, Seo
Young-hee, Choi Won-young, Park Gyu-young, Kim Sang-ho.
Resumo
Ao
final do século XIX, explode uma grande revolução popular, e dois irmãos lutam
em lados opostos desta rebelião sangrenta.
Comentário
Na
tradição dos dramas coreanos temos os populares épicos de fantasia, ou de
romance açucarado, com príncipes nobres, camponesas rebeldes, e,
afortunadamente, de tempos em tempos surge um drama histórico que procura
inspirar-se em personagens conhecidos, e suas vidas heroicas.
Shin
Kyung-soo é apenas um dos melhores diretores de dramas históricos da atualidade,
com títulos importantes como Tree With
Deep Roots (2011), ou o espetacular Six
Flying Dragons (2015), ambos escritos por uma dupla igualmente brilhante,
Kim Young-Hyun e Park Sang-Yeon (Arthdal
Chronicles, tvN, 2019). Para esta grande empreitada o PD Shin uniu-se a
outro roteirista talentoso, Jung Hyun-Min (Jeong
DoJeon, Assembly), e o resultado
não poderia ter sido mais satisfatório.
Mais
do que um drama de guerra, The Nokdu
Flower é um libelo ao humanismo, à liberdade é a paz. Dividido em três
atos, The Nokdu Flower centra-se no
período mais dramático e possivelmente o mais sangrento da história da
Península Coreana. Na primeira parte, acompanhamos os eventos que levaram ao
levante popular contra o monarca da época. Às vésperas da entrada do século XX,
a Coréia ainda é um reino de estrutura medieval, o que é surpreendente e até
mesmo chocante, levando-se em conta que a Europa, por exemplo, avançava em
plena era industrial. Em 1894 explode a rebelião conhecida como Revolução
Campesina de Donghak. Um grupo heterogêneo composto de militares, intelectuais
e camponeses é reunido pelo líder carismático Jeon Bong-joon (Choi Moo-sung, Prision Playbook, Heartless City). O objetivo de Jeon Bong-joon não é derrubar o rei,
mas despertar o governo central para as mazelas do povo campesino, que habitava
as regiões mais afastadas da capital. A corrupção era o grande mal que afligia
o sistema de governo da época. Cobrança excessiva de impostos, desvios das
riquezas e brutalidade policial levaram a uma revolta crescente da população
mais pobre. Até mesmo a escravidão, abolida há tempos nos países mais
desenvolvidos, persistia na sociedade coreana, alimentando um sistema de castas
dos mais injustos... Enfim, o país transformou-se em um verdadeiro barril de
pólvora, que viria a explodir com a revolta popular na Província de Jeolla.
Quando
a revolução parecia finalmente estar colhendo seus frutos, com um acordo de paz
travado entre Jeon Bong-joon e o Rei Gojong, uma ameaça terrível surge de além
mar. Monitorando cuidadosamente a instabilidade social de Joseon, o Império
Japonês vê uma oportunidade única para invadir o território coreano, o que não
seria a primeira vez, mas certamente a mais longa e sangrenta na história da
região. Somando as invasões de China e Coréia, ao desencadear da II Guerra
Mundial, o estrago provocado pelos japoneses gerou feridas até hoje não
cicatrizadas entre os países envolvidos.
Com
a invasão japonesa concretizada e irreversível, chegamos ao último ato desta saga,
embora não ao final desta estória, que se prolongaria por muitos e muitos anos
mais. O modesto grupo de rebeldes campesinos foi promovido a exército da
liberdade do reinado de Joseon, e muitas gerações a seguir sacrificaram-se para
devolver a paz ao seu país.
Dois
irmãos representam a sociedade da época: Baek Yi-hyun (Yoon Si-yoon, Flower Boy Next Door, The Best Hit), nascido em berço de ouro,
e Baek Yi-kang (Cho Jung-seok, Oh My
Ghost, Incarnate of Jealousy), o
bastardo, filho de uma escrava. O pai de ambos, Baek Man-deuk (Park Hyuk-kwon)
é um comerciante bem sucedido, mas, na falta de um título de nobreza, ambiciona
promover o filho Yi-hyun a funcionário público, e casá-lo com uma moça nobre. A
prometida de Yi-hyun é Myung-sim (Park Gyu-young), a filha de seu mestre
intelectual, Hwang Seok-joo (Choi Won-young).
Yi-kang
nasce da relação não consentida entre Baek Man-deuk e Yoo-wol (Seo Young-hee), uma
serviçal da família, escravizada desde a infância. Baek Man-deuk tem uma relação ambígua com seu filho bastardo,
- embora tenha lhe dado seu sobrenome, o trata como uma espécie de capanga,
forçando o rapaz a fazer todo o tipo de trabalho sujo, como cobrar dívidas de
clientes, e Yi-kang ganha uma má fama na cidade, por sua violência desmedida.
Surpreendentemente, a relação entre os irmãos Baek é terna, apesar da enorme e
injusta desigualdade social na família... Quando Yi-hyun retorna de um período
de estudos no Japão e se prepara para a carreira pública, seu irmão mais velho,
Yi-kang, é acusado de assassinato e foge da cidade, para evitar a prisão, ou
destino ainda pior. Neste meio tempo o exército camponês se prepara para uma grande
rebelião, enquanto a marinha japonesa chega à costa de Joseon, com as piores
das intenções.