País:
Coréia do Sul
Gênero:
Thriller, Policial, Drama
Duração:
16 episódios
Produção:
OCN TV
Direção:
Sin Yong-hwi, Nam Gi-hoon
Roteiro:
Lee Eun-mi-III
Elenco:
Choi Jin-hyeok, Yoon Hyeon-min, Lee Yoo-young, Kim Min-sang, Jo Hee-bong, Kim
Byeong-chul, Kang Ki-young, Lee Shi-a, Kim Dong-young, Moon Sook, Heo Sung-tae,
Cha Hak-yeon, Kim Jeong-hak, Yang Joo-ho.
Resumo
No
ano de 1986, o detetive de polícia Park Gwang-ho investiga uma série de
assassinatos de mulheres. Ao perseguir um suspeito dentro de um túnel, o
policial desaparece misteriosamente, para reaparecer no futuro, em 2017. Park
Gwang-ho voltará à sua antiga delegacia para tentar capturar o assassino
serial, e poder voltar para casa.
Comentário
Será
possível, mais um drama coreano sobre viagem no tempo? Pois é, muita gente se
fez esta pergunta quando Tunnel foi
anunciado pelo canal a cabo OCN, e, antes mesmo de sua estreia, começaram as
comparações com o drama Signal,
grande sucesso de público e crítica de 2016. Mas não há motivos para
preocupação, pois, com um roteiro criativo, mesmo a estória menos original pode
surpreender o espectador. É o que aconteceu com o roteiro original da
roteirista novata Lee Eun-mi-III (The
Unwelcome Guest, drama special),
uma estória que parece muito mais inspirada, em parte, no romantismo surreal de
um grande clássico da literatura, O Mágico de Oz, e, mais ainda, no thriller coreano
Memories of Murder (do qual o drama reproduz
uma cena inesquecível).
É
impressionante como as produções da OCN têm evoluído com o tempo, e a
combinação ousada de roteiristas desconhecidos e diretores pouco glamourosos –
em Tunnel, Nam Gi-hoon (Full House 2) e Sin Yong-hwi (Faith) – tem resultado em dramas
potentes como Voice, ou Bad Guys.
A
estória começa no ano de 1986, em uma cidade interiorana, quando somos
apresentados ao detetive de polícia Park Gwang-ho (Choi Jin-hyuk), que
investiga os brutais assassinatos de várias mulheres jovens da região. Um
policial, nos anos oitenta, não tinha acesso aos instrumentos científicos e
tecnológicos disponíveis nos dias de hoje. As armas da polícia eram, acima de
tudo, a paciência e a persistência para seguir pistas que levassem à resolução
dos crimes. Na época, por exemplo, nem se tinha o conceito de assassinato em série,
e muito menos o estudo do perfil psicológico de um criminoso. É Park Gwang-ho,
com uma inteligência acima da média, e com um afiado instinto de policial, que
percebe que há coincidências demais entre as mortes das mulheres, e o método do
assassino (ou assassinos). Só que o criminoso em questão é muito inteligente,
pois não deixa pista alguma na cena dos crimes. Frustrados, os policiais acabam
deixando o caso de lado por um tempo, e Park Gwang-ho tem mais tempo para
dedicar-se à sua jovem esposa, Shin Yeon-sook (Lee Shi-a, de Maids). Passados alguns meses, surge uma
pista importante, e Park Gwang-ho torna-se ainda mais obcecado com o caso. Ele
cria o hábito de visitar a pé as várias cenas dos crimes, todas em locais
ermos, como estradas vicinais e campos abertos. Certa noite, orientado apenas
pela luz de uma lanterna, ele cruza um antigo túnel, quando avista o suspeito e
começa a persegui-lo. Na escuridão, ele é atingido na cabeça por uma pedra e
desmaia. Quando acorda, meio zonzo, ele atravessa o túnel e se depara com uma
paisagem surpreendente, uma metrópole, com seus prédios altos e iluminados. Confuso,
ele caminha por uma rodovia e por pouco não é atropelado por dois carros
conduzidos em alta velocidade. Finalmente, ele chega até o prédio da delegacia
de polícia e, provavelmente ainda confuso pela pancada na cabeça, não percebe
que tudo está muito diferente, e, muito menos ainda, que viajou trinta anos no
tempo, em direção ao futuro. E por azar, seu primeiro contato com um “habitante”
do século XXI, não é dos mais amigáveis... O inspetor Kim Seon-jae (Yoon Hyeon-min) é o tipo de pessoa que acha uma perda de tempo confraternizar com os
colegas, e só tem olhos para o trabalho. Acontece que Kim Seon-jae não seguiu a
carreira policial por vocação, mas pelo desejo de vingar um crime que abalou
sua família quando ele era criança.
É
divertido ver o contraste enorme entre as personalidades destes novos
parceiros, Kim Seon-jae e Park Gwang-ho. Park Gwang-ho é um policial “de raiz”,
e, apesar da situação absurda em que se encontra, procura manter o otimismo e acreditar
que o presente é a chave de sua volta para casa. Kim Seon-jae, por outro lado,
pensa obsessivamente no passado, e vive o presente como um sonâmbulo. É muito
interessante esta reflexão, de que para redimir-se de um erro do passado, a
pessoa tem de viver honestamente o presente, ao invés de atormentar-se para
sempre com o que não pode ser desfeito. A missão dos detetives Kim Seon-jae e Park
Gwang-ho não é mudar o passado, mas sim dar chance a que eles mesmos e seus
entes queridos tenham um futuro feliz.
O
ponto de união entre estes dois homens de personalidade forte é a professora Shin
Jae-yi (Lee Yoo-young), catedrática da disciplina de Psicologia Criminal. Como
especialista, ela irá ajudar a polícia a compor e analisar o perfil de um
assassino em série que voltou a atuar na capital, depois de muitos anos. Kim
Seon-jae não esconde seu encanto com a prof. Shin, mais por sua personalidade hermética
(tão parecida com a dele), do que por seu ar de ninfa. Já Park Gwang-ho não
suporta a atitude antissocial da moça, quando ele mesmo gosta de resolver tudo
com uma boa discussão. Mas o que ninguém sabe é que a prof. Shin tem motivos
para ser tão arisca, já que teve uma infância muito infeliz. Foi sua chefe, Hong
Hye-rin (Moon Sook, de Age of Youth),
Pró-Reitora da Universidade Hwa Yang que a trouxe da Inglaterra, quando seus
pais adotivos morreram em um trágico acidente.
O
detetive Kim Seon-jae há anos perseguia um assassino em série de mulheres,
chamado Jeong Ho-young (Heo Sung-tae, de The
Age of Shadows). Quando os crimes com o mesmo modus operanti voltam a ocorrer, a equipe liderada por Jeong Seong-sik
(Jo Hee-bong, de The Girl Who Sees Smells)
tenta capturar o suspeito, antes que ele faça mais vítimas. Park Gwang-ho acha
que Jeong Ho-young é o mesmo homem que ele tentou prender em 1986, antes de ser
enviado para o futuro. O modo como as vítimas são mortas, estranguladas, é
idêntico, exceto por uma “assinatura” especial que era deixada pelo criminoso, ausente
nos crimes atuais, fato que intriga o detetive Park.
Outro
colaborador da equipe é o médico legista Mok Jin-woo (Kim Min-sang, de Chief Kim), a quem o detetive Kim
Seon-jae confidencia suas suspeitas sobre a verdadeira identidade do colega Park
Gwang-ho. Sem saber que Park veio do passado, o det. Kim fica ainda mais
confuso quando encontra o corpo de um jovem policial que seria o verdadeiro Park
Gwang-ho (Cha Hak-yeon, Cheer Up!, membro
do grupo pop VIXX). É estranho, para não dizer pouco ético que o Dr. Mok aceite
o pedido de Kim Seon-jae para fazer uma necropsia informal, sem registrar
oficialmente a ocorrência, enquanto ele investiga o caso.
Tunnel é um drama
fantástico, especialmente pelos sentimentos de familiaridade com os personagens
que desperta no espectador. A trama evolui com agilidade, e vai revelando o
passado e as motivações de cada um, tanto dos heróis quanto dos vilões, e as
surpresas são grandes, até o desfecho da estória (por isso mesmo é melhor
evitar os spoilers, entrando em
detalhes sobre os personagens).
Deixando
claro que o suspense e a diversão estão garantidos, sem revelar os mistérios da
trama, vale a pena destacar o elenco incrível, grande responsável pelo sucesso
do drama. O protagonista absoluto de Tunnel
é, obviamente, Choi Jin-hyeok (Pride and Prejudice), e se alguém ainda estava em dúvida, não pode mais negar seu
talento como ator. Park Kwang-ho é um personagem tão encantador, que é
impossível não alegrar-se com ele nos bons momentos, ou derramar lágrimas por
ele, como se fosse seu irmão querido.
Yoon
Hyeon-min também vem construindo uma carreira lenta, mas sólida como ator, de
muitos papeis secundários simpáticos (Discovery of Romance) a crescentes desafios (Beautiful
Mind), até chegar ao protagonismo, com louvor, em Tunnel. O detetive Kim Seon-jae também é um personagem envolvente,
a princípio antipático (ainda mais se comparado ao caloroso Park Gwang-ho), mas
aos poucos, incrivelmente sensível.
Mas
o melhor achado do drama é, sem dúvida, Lee Yoo-young. Mais conhecida pelos
amantes do cinema independe coreano, Lee Yoo-young (The
Treacherous) debuta na telinha deixando a melhor das impressões, e
presenteando-nos com um estilo de atuação muito mais natural, e ao mesmo tempo
convincente, que o da maioria das atrizes formadas nos estúdios de TV.
O
lado cômico do drama fica a cargo de dois atores conhecidos dos fãs de dramas, os
queridíssimos Kim Byeong-chul (Goblin)
e Kang Ki-young (Oh My Ghostess), nos
papeis dos detetives Kwak Tae-hee e Song Min-ha, respectivamente.
Como
no thriller Signal, Tunnel se despede deixando no espectador
um grande desejo de rever seus protagonistas, e confirmar se estão todos bem e
felizes, seja em que dimensão estiverem...