agosto 31, 2014

Very Ordinary Couple (filme, 2013)


País: Coréia do Sul
Gênero: romance, drama
Duração: 112 min.

Direção e Roteiro: Roh Deok

Elenco: Lee Min-ki, Kim Min-hee, Choi Moo-seong, Ra Mi-ran, Kim Kang-hyeon, Ha Yeon-soo, Park Byeong-eun.

Resumo

Young e Dong-hee rompem após três anos de namoro, mas têm de continuar a se encontrar diariamente no banco onde trabalham. E quando os dois partem para novos relacionamentos amorosos, o ciúme e a mágoa afloram de ambos os lados.

Comentário

Very Ordinary Couple (ou Degree of Love, ou The Temperature of Romance) é uma produção independente, com direção e roteiro da jovem Roh Deok (Save the Green Planet). O filme teve uma ótima receptividade entre o público de cinema coreano, apesar de não trazer nada de novo ao gênero. Talvez a simpatia despertada sobre Very Ordinary Couple se deva à escassez de filmes que abordem temas românticos de forma mais séria e realista – mas a presença do casal de atores Kim Min-hee e Lee Min-ki certamente contribuiu para o sucesso do filme.

Com ar semidocumental, o filme acompanha a estória de um casal, do momento em que já estão separados, após três anos de namoro, a um recomeço, com mais dúvidas do que esperanças sobre um futuro feliz.

Young (Kim Min-hee) e Dong-hee (Lee Min-ki) namoraram por três anos, romperam, e agora tentam seguir com suas vidas. Acontece que os dois trabalham no mesmo setor de um banco, e a convivência diária é inevitável. Eles fingem não se importar com a vida pessoal um do outro, mas logo surgem as crises de ciúme, de ambos os lados. Young e Dong-hee começam a questionar-se se a brusca separação foi um erro, e resolvem dar uma segunda chance ao amor.

Kim Min-hee (Hellcats, No Tears for the Dead) e Lee Min-ki (Dalja´s Spring, Chilling Romance) são bons atores, e interpretam o casal Young e Dong-hee com segurança e naturalidade. Young é o lado pensante do casal, é ela que está sempre questionando e cobrando mais da relação com o namorado. Dong-hee, por outro lado, parece mais conformado com a rotina, sem analisar demais os próprios sentimentos, e muito menos os da parceira. No entanto, contraditoriamente, é esta impulsividade e ingenuidade que torna Dong-hee um personagem simpático, mesmo para o público feminino (e não porque Lee Min-ki é absurdamente sexy).

O filme faz muitos questionamentos pertinentes sobre o amor, e todas as expectativas que carregamos dentro de nós, e acabamos despejando sobre nossos parceiros. Young e Dong-hee não encontram grandes motivos para a separação, mas será que há uma razão para estarem juntos? É um tanto perturbador, especialmente para quem é muito jovem, ou inexperiente, encarar o amor não como um conto de fadas, mas como um sentimento complexo, muitas vezes difícil de ser definido. Very Ordinary Couple não trata o amor com amargura ou ressentimento, mas simplesmente com realismo, e até mesmo com certo conformismo. E talvez seja este conformismo que subtraia um pouco da emoção que deveríamos ver crescer ao longo do filme.

Mesmo assim, Very Ordinary Couple é o tipo de filme que é interessante por provocar aquele efeito retardatário, de lembrar muitas vezes de certos diálogos, ou situações, e que nos fazem pensar como estes personagens refletem muito do que somos e experimentamos ao longo da vida...
 

agosto 26, 2014

Legal High (drama, 2012)


País: Japão
Gênero: Comédia, Drama Legal
Duração: 11 episódios
Produção: Fuji TV

Direção: Ishikawa Junichi, Joho Hidenori
Roteiro: Kosawa Ryota

Elenco:  Sakai Masato, Aragaki Yui, Namase Katsuhisa, Koike Eiko, Taguchi Junnosuke, Yano Masato, Satomi Kotaro, Sakaguchi Waku.

Resumo

O advogado Komikado Kensuke é famoso por nunca ter perdido um caso nos tribunais, embora muitas vezes use métodos pouco éticos para atingir seus objetivos. Por outro lado, Mayuzumi Machiko é uma jovem advogada com um forte senso de justiça, sempre disposta a ajudar os mais fracos. Quando Machiko vai trabalhar no escritório de Komikado, o choque de personalidades é inevitável... Mas na corte, eles formam uma dupla imbatível!

Comentário

Legal High é uma daquelas séries de humor insano e debochado (e para alguns até ofensivo) que só poderia ter saído da mente de um roteirista japonês. Dentro de suas diversas expressões culturais, o humor japonês possui características muito peculiares, que podem causar estranhamento ao público novato. Do tradicional manzai, ao mais atual owarai, passando pela linguagem moderna dos mangás e dos animes, a TV absorveu e incorporou muito bem este humor à sua dramaturgia. Os consumidores dos quadrinhos japoneses, acostumados com sua linguagem frenética e surrealista, se divertem com as adaptações para animação, cinema, ou séries de TV. Por outro lado, pode parecer estranho usar um tema pesado – como o do direito legal – para fazer comédia. Mas o interessante é que Legal High consegue equilibrar a sátira e o drama de forma muito natural.

Komikado Kensuke (Sakai Masato) é nosso anti-herói, um advogado brilhante, ambicioso, vaidoso e mulherengo. O fato de Komikado nunca ter perdido uma causa nos tribunais gera mais desconfiança do que admiração sobre o advogado. E sim, nossas suspeitas logo se confirmam quando presenciamos os métodos pouco ortodoxos (ou simplesmente ilegais) que ele usa para defender seus clientes. E estes clientes são escolhidos a dedo, ou seja, grandes corporações e empresários muito ricos. É claro que, para não perder seu recorde de cem por cento de sucesso, ele evita causas que considere perdidas. Sua vida vai muito bem, advogando em uma bela residência-escritório, servido pelo fiel mordomo Hattori (Satomi Kotaro), até a chegada da jovem Mayuzumi Machiko (Aragaki Yui), clamando por um emprego. Informado de que a garota havia sido demitida do escritório onde ele costumava trabalhar, Komikado aceita contratá-la como assistente. Acontece que Miki Choichiro (Namase Katsuhisa), ex-chefe de Komikado, tornou-se seu arqui-inimigo, e os dois vivem se digladiando, dentro e fora dos tribunais. Mas quem vai dar muita dor de cabeça para Komikado é sua nova assistente, pois Mayuzumi Machiko é o extremo oposto do chefe, honesta, idealista, apoiadora incansável das boas causas. A única coisa em comum entre os dois advogados é a teimosia... Machiko tenta convencer Kamikado a defender causas mais nobres, e até consegue, mas nem sempre com o resultado desejado.

Sakai Masato (Hanzawa Naoki) está simplesmente perfeito na pele do tresloucado Kamikado – o personagem parece ter saído diretamente de um anime, com seu cabelo fixo como um capacete em sua cabeça, seu longo dedo indicador sempre apontando acusadoramente, e todos os seus trejeitos engraçados. Enquanto isso, a atriz Aragaki Yui faz um contraponto bem vindo ao personagem histriônico de Sakai, com sua voz suave e gestos delicados. A advogada Machiko vai conquistando a nós (bem como ao frio Kamikado) pouco a pouco, com sua determinação e coração aberto. É surpreendente e ao mesmo tempo divertido ver como estes dois personagens se completam tão bem, quase como uma encenação contemporânea de A Bela e a Fera.

E para quem curtiu Legal High, há uma segunda temporada, com mais aventuras engraçadas dos advogados Kamikado e Machiko.

agosto 24, 2014

The Terror Live (filme, 2013)


País: Coréia do Sul
Gênero: Suspense, Drama
Duração: 97 min.

Direção e Roteiro: Kim Byeong-woo
Direção de Fotografia: Byun Bong-sun

Elenco: Ha Jeong-woo, Lee Kyeong-yeong, Jeon Hye-jin-II, Choi Jin-ho-I, Kim So-jin, Lee David.

Resumo

Yoon Young-hwa, apresentador de um programa de rádio, recebe a ligação de um ouvinte ameaçando explodir uma ponte. Poucos minutos depois, da janela do estúdio da rádio, Yoon Young-hwa vê uma grande explosão. Quando o suposto terrorista volta a ligar, o jornalista vê a oportunidade de ficar famoso com uma entrevista exclusiva.

Comentário

The Terror Live é a segunda incursão do jovem diretor e roteirista Kim Byeong-woo (1980) no cinema. Seu primeiro filme, The Written (2008), uma mescla de thriller e fantasia, foi selecionado para vários festivais internacionais de cinema, incluindo o Festival Internacional de Cinema de São Paulo. E para um diretor novato, ele demonstra uma maturidade e segurança impressionantes na condução do filme The Terror Live.

É admirável quando um cineasta consegue não apenas dirigir um filme, mas também produzir um roteiro original. Entretanto, o resultado nem sempre é o melhor, seja por inexperiência, egocentrismo, ou falta de talento mesmo... Felizmente não é o caso de Kim Byeong-woo, que já provou ter uma mente muito criativa, e um olhar muito apurado por detrás das câmeras. Não que o roteiro de The Terror Live não tenha suas falhas, mas o resultado final é dos mais satisfatórios.

Yoon Young-hwa (Ha Jeong-woo) era um jornalista conceituado, e conhecido nacionalmente como âncora de um noticiário no horário nobre da TV, até sua carreira sofrer um baque, com um escândalo financeiro. Como consequência, ele não foi demitido, mas sim transferido (rebaixado) para a rádio da empresa. Além disso, sua mulher, uma colega repórter, pediu o divórcio. Desprestigiado, Young-hwa não vê grandes perspectivas na profissão de radialista. Entretanto, certa manhã, em seu programa diário de rádio, ele atende a ligação de um ouvinte, que ameaça explodir uma das muitas pontes que cruzam o rio Han, na capital Seul. Sem levar a manifestação a sério, Young-hwa corta a ligação, mas quase em seguida o pior acontece... Da janela do estúdio da rádio Young-hwa observa, ao vivo, uma parte da ponte desaparecer, em meio a uma coluna de fumaça escura. O jornalista logo percebe a oportunidade única de restaurar sua carreira... Ele chama o ex-chefe e diretor do departamento de jornalismo, Cha Dae-Eun (Lee Kyoung-Young), e propõe fazer uma entrevista ao vivo na TV com o terrorista. Young-hwa acha que, com sua manha de jornalista, pode envolver o misterioso terrorista, e usá-lo em proveito próprio, mas os papéis acabam se invertendo... O responsável pelo atentado ameaça detonar mais bombas se não tiver duas demandas atendidas: uma grande quantia em dinheiro, e as desculpas públicas do presidente do país, por um antigo acidente de trabalho, na mesma ponte do atentado.


Talvez a maior qualidade de The Terror Live seja o fato de o espectador poder se divertir sem deixar o cérebro desligado. Pode-se apreciar o filme apenas como um bom thriller, embora seja impossível não surpreender-se com certos aspectos incomuns ao gênero. O principal é o cenário, que se restringe ao estúdio da rádio, da primeira à última cena rodada – tudo mais é visto e ouvido sob a perspectiva do personagem central, Yoon Young-hwa, preso neste ambiente fechado. Yoon Young-hwa (e nós) vê o atentado acontecer pela janela do estúdio, e pela transmissão ao vivo na tela da TV, e interage apenas pelo telefone com o terrorista. E por incrível que pareça, o filme não perde nada em agilidade, graças a uma edição brilhante, e ao verdadeiro tour de force que é a atuação de Ha Jeong-woo (The Yellow Sea, The Client, Take Off). Não é qualquer ator que consegue encarar o desafio de protagonizar (quase) cem por cento das cenas de um filme, sem perder-se no caminho (penso em um ou dois que encarariam bem o papel, como Song Kang-ho, ou Seol Kyeong-gu). Por isso, o diretor tem muito a agradecer a Ha Jeong-woo pelo sucesso do filme – e nós espectadores também!

The Terror Live faz uma crítica contundente à sociedade sul-coreana, aos políticos e especialmente à mídia, que muitas vezes explora as mazelas humanas sem qualquer filtro ético ou moral. Na verdade, a mesma estória poderia ser transportada para qualquer outra parte do mundo, e nada mudaria, pois, infelizmente, os males da sociedade contemporânea são os mesmos, para onde quer que se vá.

agosto 12, 2014

The Vineyard Man (drama, 2006)


País: Coréia do Sul
Gênero: Romance, Comédia Romântica
Duração: 16 episódios
Produção: KBS TV

Direção: Park Man-young
Roteiro: Jo Myung Joo

Elenco: Yoon Eun-hye, Oh Man-suk, Lee Soon-jae, Kim Chang-wan, Lee Mi-young, Ok Ji-young, Kim Ji –suk, Jeonng So-young.

Resumo

A jovem Lee Ji-hyun sonha em ser uma estilista de sucesso, mas não é fácil destacar-se na profissão, ainda mais em uma grande metrópole como Seul. Quando, após um incidente com a chefe, Ji-hyun é demitida, seu futuro parece ainda mais incerto. Isto até a chegada inesperada de seu tio-avô, com uma oferta tentadora... Para receber como herança um grande vinhedo, Ji-hyung terá de trabalhar no campo durante um ano inteiro. Pressionada pela família, ela aceita a proposta e muda-se para o interior. Mas o que ela não sabe é que dois grandes desafios a esperam: a vida rústica na fazenda, e o convívio com o caipira Jang Taek-gi.

Comentário

The Vineyard Man é uma adaptação do livro de mesmo nome, de autoria de Kim Rang. A roteirista a cargo da versão televisiva foi Jo Myung Joo, mais conhecida por escrever dramas épicos, como King Gwanggaeto the Great, ou Jeon Woo Chi. O diretor é Park Man-young (Please Marry Me).

O ano de 2006 foi muito especial para a até então cantora Yoon Eun-hye, pois foi o ano em que ela estreou como atriz, em nada menos que três projetos (dois dramas e um filme). Famosa desde 1999 como membro do grupo pop feminino Baby VOX, Yoon Eun-hye foi convidada a protagonizar o drama romântico Princess Hours (Goong), mesmo sem ter experiência alguma como atriz. O sucesso foi imediato, graças ao talento natural de Eun-hye, tanto para o drama como para a comédia. Poucos meses se passaram entre as estreias dos dramas Goong (MBC) e The Vineyard Man (KBS), mas no segundo Eun-hye já parecia muito mais segura e madura como atriz. No papel da sonhadora Lee Ji-hyun, ela prova sua versatilidade, encarando as situações mais vexatórias sem o mínimo pudor. Pode-se dizer que com este papel Yoon Eun-hye cimentou seu caminho para o sucesso, e que só vem crescendo com passar dos anos. Não custa lembrar que seu papel seguinte foi outro grande desafio, - o da jovem que se faz passar por rapaz, no drama Coffee Prince.

Um dos aspectos mais atraentes de The Vineyard Man é a sua ambientação rural. A maioria dos dramas coreanos parte de uma temática urbana e, por isso mesmo, é agradável ver os personagens interagirem em um cenário diferente. Aliás, este é o grande mote do drama, o choque da personagem de Yoon Eun-hye com uma realidade completamente diferente da sua, ou seja, a da vida rural. Lee Ji-hyun é uma jovem normal, acostumada com o conforto da vida urbana. Mesmo não sendo rica, ela é sustentada pelos pais, e não precisa se preocupar com a rotina das tarefas domésticas. Seu sonho é ser estilista de moda, mas sua ambição não é forte o bastante para encarar os muitos desafios da carreira. Para a jovem, casar-se com um homem rico é a alternativa, no caso de a carreira não vingar... Mas até mesmo este sonho parece distante para Ji-hyun, muito por conta de sua baixa autoestima. As coisas se complicam quando Ji-hyun é demitida injustamente pela chefe, que se aproveita de sua ingenuidade e rouba um de seus designs.

A reviravolta na estória vem com a chegada de um parente do interior. Lee Myung Goo (Lee Ji Oh),tio-avô de Ji-hyun, aparece com uma proposta a princípio maravilhosa. O velho agricultor oferece à neta como herança um vinhedo, com a condição de que ela more com ele por um ano, na fazenda. A família da garota, - a mãe, Choi Ok Sook , o pai, Lee Hyung Man, e o irmão, Jee Ho – são os mais entusiasmados, e tentam convencê-la a aceitar a proposta. Ji-hyun resiste como pode, mas acaba fazendo as malas e embarcando para uma viagem ao desconhecido... Chegando à fazenda, Ji-hyun descobre que, como diz o ditado, o dinheiro não cai do céu... A lida diária no campo é dura e cansativa, e a casa do avô é rústica demais para uma pessoa acostumada ao conforto da cidade grande.

Como se não bastassem todas estas adversidades, Ji-hyun tem de conviver com um avô exigente e teimoso, e com seu assistente, Jang Taek-gi, um caipira grosseiro. Com seu sotaque carregado e pele curtida pelo sol, Taek-gi é o oposto do homem dos sonhos de Ji-hyun. Taek-gi faz a jovem trabalhar nos vinhedos incansavelmente, da primeira hora da manhã, à noite, faça chuva ou faça sol. Exausta e revoltada com a situação, Ji-hyun ensaia varias tentativas de abandonar o lugar, desistindo assim da oportunidade de receber a herança. No entanto, com o tempo a jovem vai aprendendo sobre o valor do trabalho no campo, e acaba compartilhando a paixão incondicional de Taek-gi pelos vinhedos.

The Vineyard Man é uma bela estória de superação e autodescoberta. Ji-hyun é uma jovem que achava que sua vida era difícil e repleta de obstáculos, até descobrir que, com paixão e determinação, os grandes desafios sempre podem ser superados.

Yoon Eun-hye sempre teve uma ótima interação com seus pares românticos , e com Oh Man-suk não foi diferente. Oh Man-suk não é um homem de beleza clássica, mas suas feições mais rústicas (a pele bronzeada e os cabelos longos ajudaram a compor o personagem) serviram perfeitamente ao personagem. Se Oh Man-suk não foi o par romântico mais memorável para Eun-hye (para algumas foi Gong Yoo, para outras, Kang Ji-hwan), foi o que melhor soube despertar o lado cômico da atriz. É impressionante como Oh Man-suk vai conquistando a nós (e a Eun-hye) pouco a pouco com seu coração singelo.

E, para deixar uma polêmica no ar, tenho de admitir que gostei mais deste drama, no geral, do que do incensado Coffee Prince. A atuação de Eun-hye e a química explosiva com Gong Yoo em Coffe Prince não podem ser superadas, mas o enredo deste drama é problemático, em vários pontos. Já em The Vineyard Man, a evolução dos personagens e o desfecho da estória são muito mais orgânicos. É claro que esta é uma impressão muito pessoal, e o que importa é que os admiradores de Yoon Eun-hye não podem deixar de ver tanto The Vineyard Man, como Coffee Prince, dois belíssimos dramas românticos.

agosto 04, 2014

A Werewolf Boy (filme, 2012)


País: Coréia do Sul
Gênero: drama, romance, fantasia
Duração: 125 min.

Direção e Roteiro: Jo Seong-hee
Direção de Fotografia: Choi Sang-muk

Elenco: Park Bo-Young, Song Joong-Ki, Jang Yeong-nam, Kim Hyang-Gi, Yoo Yeon-seok, Lee Yeong-ran.

Resumo

Uma viúva e suas duas filhas se mudam para uma casa no interior. A filha mais velha, Soon-yi, estuda em casa, por ter uma saúde frágil. Certa noite, ela ouve um barulho estranho e ao sair na rua, se assusta ao ver uma criatura estranha. No dia seguinte, a família encontra um rapaz com aparência selvagem, que não fala e comporta-se como um pequeno animal acuado. Elas resolvem cuidar do rapaz, até que possam encontrar um lar para ele. Soon-yi, uma adolescente solitária, acaba apegando-se ao misterioso jovem.


Comentário

Jo Seong-hee é um jovem diretor que pavimentou sua recente carreira com participações em importantes festivais internacionais de cinema, como Cannes, Vancouver, ou Londres. Seu primeiro filme foi o média-metragem Don´t Step Out of the House (2009), selecionado para os festivais de Cannes e Vancouver. A seguir veio End of Animal (2010), um longa-metragem, que passou por meia dúzia de festivais, incluindo o Festival de Cinema Digital de Seul. A consagração do diretor Jo veio com a fantasia romântica A Werewolf Boy, que arrematou prêmios no PaekSang Arts Awards, e no KOFRA Film Awards (2013). Com este currículo, o diretor Jo pode vangloriar-se de ter a simpatia tanto do público como da crítica. E é verdade que Jo Seong-hee é um ótimo diretor, com um olhar cinematográfico invejável e, muito importante, grande sensibilidade para orientar seus atores. Entre um diretor cheio de floreios, preocupado com ângulos inovadores, e um que dê prioridade à atuação, fico sempre com o segundo. É claro que o ideal é uma direção bem estudada combinada a atuações convincentes, como é o caso de A Werewolf Boy. Entretanto, o filme peca no roteiro, que deixa transparecer a inexperiência de seu autor. É por isso que a maioria dos cineastas autorais têm parceiros roteiristas, que os apoiam na hora de desenvolver e lapidar suas estórias. Assistindo a A Werewolf Boy (ou seus filmes anteriores), fica clara a obsessão de Jo Seong-hee pelo cinema fantástico, e pelo cineasta norte-americano Tim Burton. Nas primeiras cenas de A Werewolf Boy já fica óbvio para o espectador familiarizado com a obra de Tim Burton, a semelhança com um de seus filmes mais famosos, Edward Scissorhands (1990). É claro que Tim Burton tão pouco foi original, tendo bebido de fontes literárias clássicas como Frankenstein, ou a Bela e a Fera. Na verdade, o ponto fraco de A Werewolf Boy é seu terceiro ato, com uma tentativa pouco convincente de explicar algo que ficaria muito melhor resguardado como um mistério – afinal, estamos falando de uma fantasia... E já que o diretor inspirou-se na obra-prima que é o filme Edward Scissorhands, poderia ter usado o mesmo recurso de Tim Burton e ter esclarecido a origem do menino lobo em uma única cena (como na belíssima abertura do filme de Burton).


Nem por isso o sucesso de A Werewolf Boy deve ser desmerecido... Filmes inteligentes e mais ‘artísticos’ voltados ao público adolescente são raros, em qualquer parte do mundo. E filmes com personagens femininos marcantes são mais raros ainda... A jovem Soon-yi é um personagem maravilhoso, que a atriz Park Bo-Young teve a sorte de interpretar, e de forma brilhante. Apesar de sua pouca experiência como atriz, Park Bo-Young (Hot Young Bloods) interpreta a sofrida Soon-yi com delicadeza e maturidade impressionantes. O elenco secundário também merece elogios, com destaque para a sempre divertida Jang Yeong-nam (Righteous Ties), e para Kim Hyang-Gi (Thread of Lies), uma atriz- mirim já reconhecida e premiada por seus trabalhos no cinema e na TV.

Finalmente, temos o menino lobo, ou melhor, jovem lobo, Song Joong-Ki (Nice Guy). A Werewolf Boy foi a marcante despedida do ator antes de afastar-se temporariamente para cumprir seus dois anos de serviço militar obrigatório. Song Joong-Ki não poderia ter escolhido melhor projeto para deixar como lembrança nos corações e mentes de suas fãs. Não é tarefa fácil, mesmo para um grande ator, expressar-se apenas através do olhar e de gestos, mas Song Joong-Ki dá conta do recado, e muito bem. É espantoso que, com suas feições delicadas, sua tez pálida e olhar melancólico, Song Joong-Ki consiga alternar momentos de fragilidade, com outros de pura fúria animal.

Destaque também para a fotografia do filme, que combina brilhantemente os tons de sépia do cenário, com as cores quentes do figurino dos personagens.
Aguardo ansiosamente pelo próximo projeto do diretor Jo, o filme Detective Hong Gil-dong, com outro ótimo ator, Lee Je-hoon (Architecture 101), e que deve estrear em 2015.

agosto 01, 2014

The Thieves (filme, 2012)


País: Coréia do Sul
Gênero: ação, drama
Duração: 139 min.

Direção: Choi Dong-hoon
Roteiro: Lee Gi-cheol, Choi Dong-hoon

Elenco: Kim Yoon-seok, Lee Jeong-jae, Kim Hye-soo, Jeon Ji-hyeon, Kim Hae-sook, Kim Soo-hyeon, Oh Dal-soo, Simon Yam, Angelica Lee, Derek Tsang, Joo Jin-mo, Sin Ha-gyoon, Ki Gook-seo.

Resumo

Um grupo de ladrões coreanos, especializados em grandes roubos, vai a Macau com a intenção de realizar um grande golpe em um cassino. No entanto, disputas internas irão por em risco a operação ousada dos ousados bandidos.

Comentário

Ao assistir um filme do diretor Choi Dong-hoon, o espectador já sabe o que esperar, ou seja, tramas envolvendo grandes golpes, ladrões espertos e uma pitada de humor. E apesar de repetir até certo ponto a mesma fórmula em todos os seus filmes, o cineasta Choi (The Big Swindle, Tazza) tem um público fiel, e suas produções costumam quebrar recordes de audiência, o que não foi diferente com The Thieves. Este filme foi o maior sucesso até agora, tanto para o diretor, como para as bilheterias dos cinemas coreanos, ultrapassando até mesmo os blockbusters americanos em cartaz na mesma época. Mas dizer que um filme foi um sucesso de público nem sempre significa falar em qualidade, ou inovação.

Não se pode afirmar que The Thieves seja um filme inovador no gênero, já que segue quase a risca o formato mais clássico do gênero, surgido a partir dos anos setenta, nos EUA. Mas também, manter-se fiel ao gênero não é necessariamente um defeito, desde que se proponha a contar uma boa estória, e este objetivo é plenamente alcançado em The Thieves.

Em The Thieves o diretor Choi investe em uma trama que envolve um golpe internacional, que parte de Seul, vai a Hong Kong, Macau, e de volta ao ponto de partida. Sendo assim, temos a oportunidade de ver os atores coreanos contracenando com astros do cinema chinês, como Simon Yam, Angelica Lee e Derek Tsang. O que faz deste um filme divertido é a mistura bem dosada de personagens engraçados, cenas de ação vertiginosas e, especialmente, um roteiro bem elaborado. Outro grande trunfo são as ótimas atuações, principalmente do elenco feminino, que arrasa tanto nas cenas de ação, como nos momentos mais dramáticos da estória. O trio principal de atrizes, Kim Hye-soo (The Face Reader), Jeon Ji-hyeon (The Berlin File) e Kim Hae-sook (Hotel King) é responsável por garantir a emoção à flor-da-pele em cada frame desta película. Não que os rapazes não contribuam com sua porção de charme masculino... Kim Yoon-seok (Sea Fog, The Yellow Sea) sempre surpreende com sua atuação camaleônica e certamente é o personagem mais importante do filme. Lee Jeong-jae (The New World), por outro lado, não tem medo de levar seu personagem a extremos, de bandido malicioso, a vilão detestável [Uma curiosidade, para quem não sabia, ou não lembra, Lee Jeong-jae e Jeon Ji-hyeon viveram um par romântico memorável, no filme Il Mare]. O jovem ator Kim Soo-hyeon esbanja charme, e suas cenas quentíssimas com Jeon Ji-hyeon resultaram na parceria posterior no drama My Love From the Star, um dos maiores sucessos de 2013.

Em resumo, a estória de The Thieves é a seguinte: Popie (Lee Jeong-Jae), Yenicall (Jeon Ji-hyeon), Chewingum (Kim Hae-Sook) e Zampano (Kim Soo-Hyeon) formam uma equipe de ladrões altamente especializados. Um ex-parceiro de crime, Macao Park (Kim Yoon-Seok) aparece com uma proposta de realizar um grande golpe em Macau. Ao grupo, junta-se Pepsee (Kim Hye-Soo) recém saída da prisão.

Anos atrás, Macao Park, Pepsee e Popie trabalharam juntos em vários golpes. E na época, Macao Park e Pepsee estavam apaixonados. Só que, durante o roubo de barras de ouro, o cabo de aço que sustentava Macao Park num elevador de carga rompeu-se, e ele desapareceu com o valor do assalto. Pepsee foi presa logo em seguida e nunca mais teve notícias do namorado. Agora, Popie, Yenicall, Chewinggum e Zampano vão a Hong Kong trabalhar com Macao Park, que não sabe que Pepsee se unirá ao grupo.

Em Hong Kong, um grupo local espera pelos colegas coreanos. Os quatro ladrões cantoneses são Chen (Simon Yam), Andrew (Oh Dal-Su), Julie (Angelica Lee) e Johnny (Kwok Cheung Tsang). No entanto, quando os dois grupos se encontram, a interação não é das melhores, e o clima fica tenso.

Macao Park tenta acalmar os ânimos, para então expor seu plano ousado que é o de roubar um diamante valiosíssimo, conhecido como "Lágrima do Sol". O diamante deve ser tirado das mãos de Wei Yong, um grande chefe da máfia local. Mais que isso, o tal diamante está guardado em um cofre, numa suíte de um cassino de Macau. Macao Park pretende repassar a joia pela bagatela de U$20 milhões. A partir deste plano, as duas equipes terão de trabalhar juntas para realizar o maior roubo de suas vidas... No entanto, cada um dos bandidos tem suas prioridades pessoais quanto ao resultado do golpe.

The Thieves é um filme divertidíssimo, e poucas ressalvas podem ser feitas sobre a película. Uma coisa que sempre me incomoda é a edição, e estou falando especificamente da duração dos filmes - no caso de filmes de ação, menos sempre é melhor. Eu meteria a tesoura em uns vinte minutos do filme, tranquilamente. Na verdade o filme nem é tão longo, mas a impressão é de que muita coisa acontece, talvez por causa das mudanças de cenário ao longo da trama. Outra coisa que pode irritar os mais sensíveis são os diálogos em várias línguas, que acabam ‘poluindo’ as legendas e dificultando um pouco a leitura das mesmas. Por outro lado, eu acho legítimo que os personagens falem a língua de seu país, fica muito mais natural (melhor que todos falando um inglês macarrônico). Enfim, confesso que The Thieves ficou muito acima das minhas expectativas, e acho que o filme acaba agradando muito a nós, garotas, graças ao destaque (pouco comum em filmes de ação) dado aos personagens femininos. Girl Power!
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